Palco Novos Valores

Dar a conhecer a nova música portuguesa

O Palco Novos Valores da Cidade da Juventude transformou-se numa mostra da melhor música que se cria pelos jovens portugueses. Por isso conquistou um público fiel. Muitas pessoas vão ali para ouvir as novas sonoridades. Como explica Gonçalo Ventura, membro do grupo de trabalho do Palco Novos Valores, «sendo o maior concurso nacional de bandas, é normal que haja bandas que em breve estarão a tocar em grandes palcos» e dá o exemplo de grupos como Linda Martini e Yellow W Van.
«Os jovens vêem a Festa como sua, revendo-se nos ideais e no ambiente. O Palco Novos Valores será o ponto de encontro dos jovens, que ali se sentem especialmente bem. Encontram amigos e revêem-se nos projectos que estão em palco. Há pessoas que estão ali todos os concertos. Outros fazem questão de assistir às bandas da sua terra», afirma Gonçalo Ventura.
As bandas que actuam na Festa do Avante! passaram por várias fases de selecção, com eliminatórias concelhias e regionais, seguidas por uma «Finalíssima Norte» e uma «Finalíssima Sul». No total, concorreram 300 bandas de todo o País. Os critérios de escolha passam pela qualidade da música, a mensagem das letras, a língua em que são cantadas as canções, a sonoridade ao vivo, a presença de palco e a maneira de lidar com o público.

E a política?

Onde entra a política num concurso de bandas? «Todas as actividades que desenvolvemos têm como objectivo alargar o nosso ideal a mais jovens, consciencializá-los, formar acções de luta», argumenta Gonçalo.
«Nos concursos de bandas, a política entra em vários aspectos. Em primeiro lugar, apoiamos as bandas portuguesas e damos-lhes a oportunidade de tocar em palco. Acaba por ser uma crítica à regra das editoras discográficas, que consideram que só com dinheiro é possível ter acesso à cultura. Fazer política é também aproveitar os concertos para deixar a opinião da JCP, para afirmar que defendemos a cultura para todos», sustenta.
Na prática, trata-se de aplicar as propostas e fazer política no dia-a-dia. Como afirma Gonçalo, «somos acusados de ter uma cassete e apenas dizermos coisas e, nestas iniciativas, provamos que também fazemos. Esta é a política prática, é a forma de mostrar que é possível aceder gratuitamente à cultura, é aplicar as nossas orientações.»
Como os concursos de bandas, a JCP procura também contactar directamente com mais jovens portugueses, alertá-los para os problemas e mobilizá-los para as lutas, para além de fortalecer a organização e criar hábitos de trabalho. «Os objectivos traçados foram amplamente conquistados», garante Gonçalo.

Mensagens

A política surge ainda de outra forma nos concursos. «A mensagem das canções é importante, mas nem sempre é fácil garantir que isso aconteça com todas as bandas», confessa. «Mas nota-se que os músicos sofrem as consequências das políticas praticadas, têm uma série de problemas que se reflectem nas suas letras: o ensino, o emprego e o desemprego, a dificuldade de criar bandas e a falta de apoios. Há mensagens que não são propriamente revolucionárias. É normal que assim seja, com o sistema em que vivemos. As letras são fruto da realidade vivida por estes jovens, do processo de formação da sua consciência, da formação da própria banda. Passam uma certa revolta que sentem no dia-a-dia.»
Estas bandas dão uma imagem do movimento associativo português. «Muitos jovens não se apercebe que faz parte do movimento associativo, mesmo que não formal. Há muita gente que sente necessidade de participar em associações e colectividades, mas os governos cada vez dão menos apoio e dificultam mais a criação de associações, com burocracia e custos elevados. Daí haver um movimento associativo não formal, sem sede, sem nome, mas com as pessoas a juntarem-se para fazer uma actividade de forma organizada e regular, como é o caso das bandas», salienta Gonçalo.


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