Encerra em Cuba a XIV Cimeira dos Países Não-Alinhados

A união faz a força

Conclui-se em Havana, domingo, a XIV Cimeira dos Países Não-Alinhados. Após uma semana de reuniões e debates, os Estados membros comprometeram-se em reforçar a unidade de posições no plano internacional.

«Mar­caram pre­sença 56 chefes de Es­tado e de go­verno e 90 mi­nis­tros dos ne­gó­cios es­tran­geiros»

Na sessão de encerramento, o primeiro vice-presidente de Cuba, Raúl Castro, destacou o clima franco e de confiança mútua que envolveu o encontro dos NOAL (sigla que designa a organização de Países Não-Alinhados), e sublinhou a ratificação por unanimidade dos documentos finais, nos quais todos os países membros reiteraram a necessidade de recuperar o espírito que presidiu à criação da organização e assumem como prioridade a persecução de linhas de acção sólidas face ao unilateralismo arrogante das principais potências mundiais.
As questões mais candentes no seio das relações político-económicas internacionais foram precisamente as que maior debate suscitaram, mas foram também as que permitiram criar consensos mais alargados com o objectivo de dar combate a uma ordem económica e a uma política externa «injusta e insustentável imposta pelos poderosos», disse.
No centro das preocupações expressas pelos participantes estiveram, entre outros, temas como a violação do direito internacional, a degradação do ambiente, o desperdício dos recursos naturais e a imposição de medidas que mantêm povos inteiros sob o jugo do subdesenvolvimento, da pobreza, do analfabetismo e da marginalidade, flagelos considerados por todos como os maiores desafios da humanidade.
No dia anterior, em conferência de imprensa, já o responsável pela diplomacia cubana, Filipe Pérez Roque, havia assinalado que a Cimeira dos NOAL resultou numa «unidade e coesão sem precedentes».
Para Roque, as tomadas de posição conjuntas em favor da paz, da soberania e do direito dos povos à autodeterminação; em defesa da democracia e liberdade de escolha como valor universal e sem rótulos ou modelos impostos por qualquer país ou região; e a rejeição das guerras preventivas e dos centros de detenção e tortura geridos pelos EUA, são pontos de partida fundamentais que permitem a afirmação dos NOAL nos debates e decisões internacionais.

Cuba as­sumiu pre­si­dência

A conferência que agora terminou em Havana consubstanciou-se igualmente numa importante manifestação de apoio a Cuba, ao seu povo e, simultaneamente, resultou no repúdio do criminoso bloqueio imposto pelos norte-americanos contra a ilha há mais de quatro décadas.
Para além da condenação explícita dos EUA nesta matéria, importa salientar que marcaram presença 56 chefes de Estado e de governo e cerca de 90 ministros dos negócios estrangeiros, facto que revela que Cuba não se encontra de todo isolada no plano internacional.
Acresce que, pela segunda vez na história da organização e num contexto extremamente difícil de guerras e ameaças permanentes, Cuba assume durante os próximos três anos a presidência da organização, período após o que se realizará a XV Cimeira dos NOAL, agendada para 2009, no Egipto.

So­li­dá­rios entre si

Outro dado que sobressai do conclave «terceiromundista» é a manifestação de solidariedade dos NOAL para com países como a Venezuela, Bolívia, Líbano, Palestina e Irão.
Quanto aos primeiros, a declaração denuncia a ingerência do imperialismo nas questões internas de ambos os países e lança o repto à continuação das políticas sociais seguidas pelos governos de Hugo Chavéz e Evo Morales.
No que aos conflitos no Médio Oriente diz respeito, o texto final condena a recente agressão israelita no Líbano e na Palestina e exorta o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas a tomar posição sobre as graves violações cometidas.
Finalmente, os países presentes reafirmaram «o direito fundamental e inalienável de todos os Estados a desenvolverem a pesquisa, produção e utilização da energia nuclear com fins pacíficos, sem discriminação e de acordo com suas respectivas obrigações jurídicas», referência clara às ameaças feitas por Washington e Bruxelas ao Irão e em desacordo com a crescente instrumentalização da Agência Internacional de Energia Atómica a favor dos interesses dos dois blocos capitalistas.


Mais artigos de: Internacional

Comunistas saúdam PAIGC

Na passagem dos 50 anos da fundação do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o PCP enviou ao comité central do PAIGC uma saudação que a seguir publicamos na íntegra.

PCP nas festas do PCE e do “L’Humanité”

A Festa do Partido Comunista de Espanha realizou-se nos passados dias 15, 16 e 17 de Setembro, na Caso de Campo, em Madrid, tendo-se o PCP feito representar por Albano Nunes, membro do Secretariado e da Comissão Política, José Caetano, membro do CC, e um colectivo de camaradas da organização concelhia de Almada que...

Nova Orleães continua em ruínas

Um ano depois da passagem do Katrina pela cidade de Nova Orleães, centenas de milhares de norte-americanos continuam à espera da reconstrução das suas casas, primeiro passo, dizem, para recuperarem pedaços da vida que o furacão levou. O governo dos EUA esforça-se por vender promessas e oculta as ruínas, mas a realidade demonstra que além das grandes empresas de construção, contam-se pelos dedos os que receberam fundos da administração Bush. A assinalar o primeiro aniversário da catástrofe, as organizações de solidariedade com os sobreviventes do Katrina deslocaram-se à cidade, no passado dia 29 de Agosto, para lembrar os que não sobreviveram e exigirem medidas que respondam ao drama das famílias afectadas. Monica Moorehead, activista do movimento, descreveu ao Avante! o cenário que encontrou e explicou os motivos do protesto popular.

Jerónimo de Sousa na Índia

Uma delegação do PCP composta pelo secretário-geral do Partido, Jerónimo de Sousa, e por Ângelo Alves, da Comissão Política, encontra-se em visita à Índia desde anteontem, 19, até ao próximo dia 24.À chegada ao aeroporto de Goa, a comitiva comunista foi calorosamente recebida por cerca de 300 militantes e activistas do...