Gordon Brown não é alternativa de esquerda
Steve Johnson esteve na Festa do «Avante!», como representante do Partido Comunista Britânico, de cujo comité executivo é membro. Ao nosso jornal acedeu a comentar alguns aspectos da situação política no seu país.
Que balanço fazem dos governos trabalhistas? Há diferenças essenciais entre as políticas prosseguidas pelos trabalhistas e o projecto dos conservadores?
Em primeiro lugar, devo dizer que nós saudámos a vitória dos trabalhistas frente aos conservadores em 1997. Contudo, logo constatámos que Tony Blair e o seu New Labour se colocaram em posições claramente à direita, muito mais à direita do que anteriores posições sociais-democratas.
Esta nossa análise acabou por ser confirmada pela actuação dos governos trabalhistas que mantiveram a agenda de privatizações e a política pró-imperialista, apoiando e participando, designadamente na guerra contra o Iraque, em total alinhamento com a política externa dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, vemos que existe uma forte oposição interna no Partido Trabalhista, que contesta as orientações neoliberais seguidas nos últimos anos.
O ministro das Finanças, Gordon Brown, tem condições para liderar essa oposição interna?
Não pensamos que Gordon Brown seja uma alternativa da ala esquerda trabalhista a Tony Blair. Contrariamente às expectativas criadas nesse sentido, pensamos que Brown persegue exactamente os mesmos objectivos que o actual primeiro-ministro.
Quanto à pergunta inicial, sobre as diferenças entre Tony Blair e David Cameron [o líder dos conservadores], a resposta é não. De facto, não existem quaisquer diferenças entre os dois. No entanto, existe uma oposição no Partido Trabalhista que se demarca claramente dessa linha.
Por outro lado, David Cameron tem procurado afastar-se da herança de Margaret Thatcher. Assim se explica, por exemplo, que tenha vindo agora reconhecer publicamente que foi um erro terem considerado Nelson Mandela como terrorista. Trata-se, é claro, de uma tentativa de Cameron de criar uma imagem de si mais à esquerda, o que não reflecte de modo alguma a realidade do partido Conservador, que representa os círculos mais reaccionários do país. Mas este é também um indicador do quanto à direita foi a guinada efectuada pela direcção dos trabalhistas.
O Reino Unido é visto geralmente com um país eurocéptico. Qual é a posição do PCB em relação à União Europeia?
Opomo-nos à União Europeia enquanto instituição capitalista e às suas orientações neoliberais, por exemplo à directiva Bolkestein, o que nos distingue das posições dos partidos de direita. Discordámos igualmente da criação do Partido de Esquerda Europeu, o que não impede que continuemos a ter relações com partidos que têm posições diferentes nesta matéria.
Qual é a influência actual do Partido Comunista Britânico?
Somos um partido pequeno em comparação com outros partidos comunistas europeus, mas temos uma implantação nacional com organização em Inglaterra, na Escócia em no País de Gales.
Apesar da nossa reduzida dimensão, contamos com cerca de mil militantes, temos influência nos movimentos de trabalhadores, nas organizações sindicais e estamos muito empenhados no movimento anti-guerra.
Participamos na produção do diário Morning Star, que tem uma circulação de cerca de cinco mil exemplares. Não sendo o jornal do partido, o Morning Star reflecte as suas posições, acolhendo também pontos de vista de outras organizações de esquerda que participam neste projecto, bem como de membros da ala esquerda do trabalhismo.
O partido está activo na maioria das principais organizações sindicais, em particular no sector da administração e dos serviços públicos, nos transportes e nos caminhos-de-ferro. Para além disso, a presidente do nosso Partido é ao mesmo tempo presidente do Sindicato dos Jornalistas e membro do Congresso dos Sindicatos (Trade Union Congress General Concil
Em primeiro lugar, devo dizer que nós saudámos a vitória dos trabalhistas frente aos conservadores em 1997. Contudo, logo constatámos que Tony Blair e o seu New Labour se colocaram em posições claramente à direita, muito mais à direita do que anteriores posições sociais-democratas.
Esta nossa análise acabou por ser confirmada pela actuação dos governos trabalhistas que mantiveram a agenda de privatizações e a política pró-imperialista, apoiando e participando, designadamente na guerra contra o Iraque, em total alinhamento com a política externa dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, vemos que existe uma forte oposição interna no Partido Trabalhista, que contesta as orientações neoliberais seguidas nos últimos anos.
O ministro das Finanças, Gordon Brown, tem condições para liderar essa oposição interna?
Não pensamos que Gordon Brown seja uma alternativa da ala esquerda trabalhista a Tony Blair. Contrariamente às expectativas criadas nesse sentido, pensamos que Brown persegue exactamente os mesmos objectivos que o actual primeiro-ministro.
Quanto à pergunta inicial, sobre as diferenças entre Tony Blair e David Cameron [o líder dos conservadores], a resposta é não. De facto, não existem quaisquer diferenças entre os dois. No entanto, existe uma oposição no Partido Trabalhista que se demarca claramente dessa linha.
Por outro lado, David Cameron tem procurado afastar-se da herança de Margaret Thatcher. Assim se explica, por exemplo, que tenha vindo agora reconhecer publicamente que foi um erro terem considerado Nelson Mandela como terrorista. Trata-se, é claro, de uma tentativa de Cameron de criar uma imagem de si mais à esquerda, o que não reflecte de modo alguma a realidade do partido Conservador, que representa os círculos mais reaccionários do país. Mas este é também um indicador do quanto à direita foi a guinada efectuada pela direcção dos trabalhistas.
O Reino Unido é visto geralmente com um país eurocéptico. Qual é a posição do PCB em relação à União Europeia?
Opomo-nos à União Europeia enquanto instituição capitalista e às suas orientações neoliberais, por exemplo à directiva Bolkestein, o que nos distingue das posições dos partidos de direita. Discordámos igualmente da criação do Partido de Esquerda Europeu, o que não impede que continuemos a ter relações com partidos que têm posições diferentes nesta matéria.
Qual é a influência actual do Partido Comunista Britânico?
Somos um partido pequeno em comparação com outros partidos comunistas europeus, mas temos uma implantação nacional com organização em Inglaterra, na Escócia em no País de Gales.
Apesar da nossa reduzida dimensão, contamos com cerca de mil militantes, temos influência nos movimentos de trabalhadores, nas organizações sindicais e estamos muito empenhados no movimento anti-guerra.
Participamos na produção do diário Morning Star, que tem uma circulação de cerca de cinco mil exemplares. Não sendo o jornal do partido, o Morning Star reflecte as suas posições, acolhendo também pontos de vista de outras organizações de esquerda que participam neste projecto, bem como de membros da ala esquerda do trabalhismo.
O partido está activo na maioria das principais organizações sindicais, em particular no sector da administração e dos serviços públicos, nos transportes e nos caminhos-de-ferro. Para além disso, a presidente do nosso Partido é ao mesmo tempo presidente do Sindicato dos Jornalistas e membro do Congresso dos Sindicatos (Trade Union Congress General Concil
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