O tempo e o modo
Sessenta minutos, é, segundo o Governo o tempo que levará, de ora em diante, graças à sua inexcedível eficácia, a criar uma empresa. Por lá não se cabe de contente. Para os indispostos e recalcitrantes incapazes de detectar sinais da excelência governativa aqui está, segundo Sócrates, a prova arrasadora que faltava. É o êxito do momento, um êxito para lá de todas as expectativas: o ambicionado desígnio nacional que dá pelo nome de «empresa na hora» virou, segundo a última cronometragem do Governo, em «empresa numa hora». É obra, só ao alcance dos predestinados.
Não fosse esta arreliadora constatação, que a verdade proverbial sempre transporta em dizeres como os que insistem em nos recordar que «cada medalha tem o seu reverso», verificada na parcela das falências, e dir-se-ia ter sido o país resgatado das suas dificuldades. A vida é assim, mesmo quando bela, aí está acompanhada do respectivo senão. O esforço de toda uma legislatura pode assim esboroar-se hipotecado ao singelo facto de falando em tempo, medido em horas, se ficar sem saber se o milagre económico do governo se deve avaliar pelo tempo agora propagandeado para a criação de uma empresa ou pelo ritmo em que uma empresa mais é condenada à falência ou decide encerrar. No balanço do «deve e haver», se a ele correspondesse rigor, as razões de júbilo governativo deveriam ficar a aguardar melhores momentos. Embora as contas tenham destes dissabores o Governo recusa a deixar-se abalar por estes pormenores. Porque inquestionável é o rumo da governação e o rasto de êxitos que vem semeando : o desemprego desce, subindo; as pensões e reformas, de aumento em aumento, vão baixando; os salários, de ganho em ganho, vão perdendo em poder de compra; os empregos, que se multiplicam em cada declaração ministeriável, vão-se reduzindo. Se a matemática não bate certa é porque, ao contrário do que se acreditava, ela não é, de ciência falando, tão exacta quanto se dizia.
Tudo é uma questão de tempo, na sua expressão absoluta e relativa: quer o que a propósito da viagem de Alfa para o Algarve Cavaco Silva se apressou a elogiar comparando-o com o que gastava quando se deslocava em estudante (misturando tempo e modo, como poderia comprovar optando por viajar num «Regional»); quer aquele que em contagem decrescente os trabalhadores e o povo vão contando para ver o Governo se ir embora.
Não fosse esta arreliadora constatação, que a verdade proverbial sempre transporta em dizeres como os que insistem em nos recordar que «cada medalha tem o seu reverso», verificada na parcela das falências, e dir-se-ia ter sido o país resgatado das suas dificuldades. A vida é assim, mesmo quando bela, aí está acompanhada do respectivo senão. O esforço de toda uma legislatura pode assim esboroar-se hipotecado ao singelo facto de falando em tempo, medido em horas, se ficar sem saber se o milagre económico do governo se deve avaliar pelo tempo agora propagandeado para a criação de uma empresa ou pelo ritmo em que uma empresa mais é condenada à falência ou decide encerrar. No balanço do «deve e haver», se a ele correspondesse rigor, as razões de júbilo governativo deveriam ficar a aguardar melhores momentos. Embora as contas tenham destes dissabores o Governo recusa a deixar-se abalar por estes pormenores. Porque inquestionável é o rumo da governação e o rasto de êxitos que vem semeando : o desemprego desce, subindo; as pensões e reformas, de aumento em aumento, vão baixando; os salários, de ganho em ganho, vão perdendo em poder de compra; os empregos, que se multiplicam em cada declaração ministeriável, vão-se reduzindo. Se a matemática não bate certa é porque, ao contrário do que se acreditava, ela não é, de ciência falando, tão exacta quanto se dizia.
Tudo é uma questão de tempo, na sua expressão absoluta e relativa: quer o que a propósito da viagem de Alfa para o Algarve Cavaco Silva se apressou a elogiar comparando-o com o que gastava quando se deslocava em estudante (misturando tempo e modo, como poderia comprovar optando por viajar num «Regional»); quer aquele que em contagem decrescente os trabalhadores e o povo vão contando para ver o Governo se ir embora.