«Corações e mentes» pela paz
Em 27 de Junho último, manifestações de milhares de pessoas ocorridas em mais de 30 cidades por todo o país expressaram o apoio e gratidão ao oficial norte-americano que se recusou a tomar parte da ocupação do Iraque. A recusa do primeiro tenente Ehren Watada em incorporar o contingente destacado para o Iraque inspirou uma onda de solidariedade quer da parte das organizações antiguerra, quer no seio dos militares dissidentes.
As manifestações fomentaram o contacto entre as organizações civis antiguerra e os militares, fazendo crescer o número de colectivos que prestam apoio aos soldados resistentes. Estudos de opinião demonstram que mais de 70 por cento dos militares dos EUA em serviço no Iraque querem vir embora o quanto antes. A questão passa por apurar se esta mudança de atitude se pode transformar numa acção de massas.
No dia sete de Junho, Watada havia anunciado que não obedeceria à cadeia de comando se fosse mobilizado para o Iraque porque a guerra viola o direito internacional e a legislação norte-americana. Actualmente encontra-se confinado às casernas da base de Fort Lewis, em Washington.
«Eu sinto que fomos todos enganados e traídos por esta administração», disse Watada em entrevista telefónica a partir de Fort Lewis. «É não só o dever, mas a obrigação de qualquer soldado, e muito mais dos oficiais, avaliar a legalidade e a verdade por trás de qualquer ordem, incluindo a de seguir para a guerra», esclareceu.
As denúncias diárias que dão conta do envolvimento de soldados dos EUA em crimes de guerra como a violação, o assassinato e o massacre de civis iraquianos ajudam a perceber a posição do tenente. Até agora o Pentágono só investigou com alarde acções criminosas de soldados e marines. Nunca foram levadas à justiça acusações oficiais contra altas patentes e políticos que mentem sistematicamente para justificar a invasão e ocupação ilegal do Iraque.
Algumas das manifestações realizadas no final de Junho também se solidarizaram com outro soldado de Fort Lewis, Suzanne Swift. Swift, que já passou um ano no Iraque, preferiu o protesto a voltar a integrar uma segunda campanha, no dia 12 de Junho. Segundo testemunhou, durante a primeira estadia no Iraque, foi vítima de assédio sexual por parte de diversos sargentos da sua unidade, um dos quais a obrigou a manter um relacionamento sob ameaça de a enviar para a frente de batalha. Outro resistente militar, o sargento Kevin Benderman, encontra-se detido na prisão de Forte Lewis onde cumpre uma pena de 15 meses por se ter igualmente recusado, no ano passado, a ir para o Iraque.
Às portas de Forte Lewis
O Avante! falou com alguns dos participantes nas mais de 30 demonstrações. «Marchas e vigílias ocorreram em Seattle, Tacoma, Olympia e Washington, as quais culminaram, no dia 27 de Junho, numa acção de protesto à porta da base militar de Forte Lewis», revelou um dos activistas, Jim McMahon. «As pessoas que passavam nos automóveis não paravam de buzinar em apoio à marcha quando esta passou perto de uma auto-estrada, tendo os participantes seguido para os portões da base», disse ainda. Já em Forte Lewis, discursaram a mãe de Ehren Watada, Carolyn Ho, o pai, Robert Watada, e a madrasta, Rosa Watada.
Em Tacoma, a Igreja Metodista Unida proclamou o seu espaço como um santuário para soldados que não querem ir para a guerra. A igreja providenciará conselhamento e assume-se como uma espécie «casa de café» da era do Vietname, locais onde se juntavam dissidentes do exército e activistas pela paz em cidades vizinhas de bases militares.
Em Charlotte, na Carolina do Norte, decorreu outra demonstração de apoio ao tenente Watada com a exibição do filme «Sir! No Sir!» numa biblioteca pública. A película conta a história de um soldado opositor à guerra do Vietname. Ahmad Daniels, um ex-soldado afro-americano da era do Vietname, que também é mencionado no filme, introduziu a sessão e participou no debate posterior. Daniels passou dois anos e meio na prisão por se recusar a acompanhar a sua companhia de marines em transito para o sudeste asiático.
«Na praça Justin Herman Plaza, em São Francisco, realizou-se outra manifestação», disse Joan Marquart ao Avante!. «Estiveram presentes cerca de 200 pessoas com uma faixa que dizia “Obrigado tenente Watada – Recusa a guerra ilegal”. Muitos dos oradores eram veteranos da guerra do Vietname», acrescentou a fonte.
Em Nova Iorque, alunos do secundário deslocaram-se ao centro de recrutamento, na baixa da cidade, para falarem com os soldados. No que diz respeito à guerra do Iraque, a luta por «corações e mentes» de que falam os estrategas norte-americanos também se desenrola no interior das forças armadas.
No dia sete de Junho, Watada havia anunciado que não obedeceria à cadeia de comando se fosse mobilizado para o Iraque porque a guerra viola o direito internacional e a legislação norte-americana. Actualmente encontra-se confinado às casernas da base de Fort Lewis, em Washington.
«Eu sinto que fomos todos enganados e traídos por esta administração», disse Watada em entrevista telefónica a partir de Fort Lewis. «É não só o dever, mas a obrigação de qualquer soldado, e muito mais dos oficiais, avaliar a legalidade e a verdade por trás de qualquer ordem, incluindo a de seguir para a guerra», esclareceu.
As denúncias diárias que dão conta do envolvimento de soldados dos EUA em crimes de guerra como a violação, o assassinato e o massacre de civis iraquianos ajudam a perceber a posição do tenente. Até agora o Pentágono só investigou com alarde acções criminosas de soldados e marines. Nunca foram levadas à justiça acusações oficiais contra altas patentes e políticos que mentem sistematicamente para justificar a invasão e ocupação ilegal do Iraque.
Algumas das manifestações realizadas no final de Junho também se solidarizaram com outro soldado de Fort Lewis, Suzanne Swift. Swift, que já passou um ano no Iraque, preferiu o protesto a voltar a integrar uma segunda campanha, no dia 12 de Junho. Segundo testemunhou, durante a primeira estadia no Iraque, foi vítima de assédio sexual por parte de diversos sargentos da sua unidade, um dos quais a obrigou a manter um relacionamento sob ameaça de a enviar para a frente de batalha. Outro resistente militar, o sargento Kevin Benderman, encontra-se detido na prisão de Forte Lewis onde cumpre uma pena de 15 meses por se ter igualmente recusado, no ano passado, a ir para o Iraque.
Às portas de Forte Lewis
O Avante! falou com alguns dos participantes nas mais de 30 demonstrações. «Marchas e vigílias ocorreram em Seattle, Tacoma, Olympia e Washington, as quais culminaram, no dia 27 de Junho, numa acção de protesto à porta da base militar de Forte Lewis», revelou um dos activistas, Jim McMahon. «As pessoas que passavam nos automóveis não paravam de buzinar em apoio à marcha quando esta passou perto de uma auto-estrada, tendo os participantes seguido para os portões da base», disse ainda. Já em Forte Lewis, discursaram a mãe de Ehren Watada, Carolyn Ho, o pai, Robert Watada, e a madrasta, Rosa Watada.
Em Tacoma, a Igreja Metodista Unida proclamou o seu espaço como um santuário para soldados que não querem ir para a guerra. A igreja providenciará conselhamento e assume-se como uma espécie «casa de café» da era do Vietname, locais onde se juntavam dissidentes do exército e activistas pela paz em cidades vizinhas de bases militares.
Em Charlotte, na Carolina do Norte, decorreu outra demonstração de apoio ao tenente Watada com a exibição do filme «Sir! No Sir!» numa biblioteca pública. A película conta a história de um soldado opositor à guerra do Vietname. Ahmad Daniels, um ex-soldado afro-americano da era do Vietname, que também é mencionado no filme, introduziu a sessão e participou no debate posterior. Daniels passou dois anos e meio na prisão por se recusar a acompanhar a sua companhia de marines em transito para o sudeste asiático.
«Na praça Justin Herman Plaza, em São Francisco, realizou-se outra manifestação», disse Joan Marquart ao Avante!. «Estiveram presentes cerca de 200 pessoas com uma faixa que dizia “Obrigado tenente Watada – Recusa a guerra ilegal”. Muitos dos oradores eram veteranos da guerra do Vietname», acrescentou a fonte.
Em Nova Iorque, alunos do secundário deslocaram-se ao centro de recrutamento, na baixa da cidade, para falarem com os soldados. No que diz respeito à guerra do Iraque, a luta por «corações e mentes» de que falam os estrategas norte-americanos também se desenrola no interior das forças armadas.