Jerónimo de Sousa nos distritos do Porto, Braga e Vila Real

Propostas que afirmam a mudança

Em visita ao Norte do País, o secretário-geral do PCP reafirmou o combate à política de direita e apresentou propostas que rompem com as orientações neoliberais do Governo.

«É preciso romper com esta política de classe e estar ao lado dos trabalhadores»

A Biblioteca Municipal de St.º Tirso encheu-se de gente para a sessão pública sobre o desemprego e o sector têxtil promovida pelo PCP. Corações que, na tarde de sábado, vibraram com a vitória no futebol, certamente, mas que não descuram, como aliás frisou Jerónimo de Sousa, que a alegria sentida com um feito desportivo exaltante não faz esquecer as políticas que nos obrigam a viver mais dias de inquietação que de contagiante entusiasmo colectivo.
Mais de uma centena de pessoas tornou a sala pequena e aplaudiu «A Bandeira Comunista», poema de Ary dos Santos que é um hino que empurra para a luta. E ali apoiaram as propostas do Partido e rejeitaram a política de direita, ou não estivéssemos num concelho que «é bem o espelho da ineficiência da prometida acção do Governo», referiu Jerónimo de Sousa.
O desemprego no distrito do Porto afecta mais de 115 mil pessoas. Os encerramentos, as falências e as deslocalizações de empresas do sector têxtil e do vestuário no Vale do Ave contribuem para estes números negros. Atentos e interventivos quando a realidade toca a doer aos trabalhadores, os comunistas «há muito tempo acompanham com preocupação a evolução do sector e esta é a iniciativa de um Partido que não se conforma perante a perspectiva de Portugal continuar o caminho da destruição e da regressão económica e social», acrescentou o secretário-geral do PCP.
Pelo caminho da política de direita ficou o «ciclo “Governo Presente”», propagandeado por Sócrates como pontapé de saída na resolução dos problemas da região, lembrou o dirigente comunista, sobejando, ao invés, e à escala de um país inteiro, «a grave destruição do aparelho produtivo, os enormes défices da balança comercial, o desemprego que atinge mais de meio milhão de portugueses, a degradação dos vínculos e das condições laborais com a precariedade a abranger cada vez mais trabalhadores», continuou.
«São estes os problemas estruturais que põem em causa o desenvolvimento económico sustentado do País e conduzem à degradação da qualidade de vida dos trabalhadores e do povo, como particularmente o sente o povo trabalhador de St.º Tirso», disse.

O PCP propõe

Face à grave situação resultante de anos de política de direita o Partido lançou «um conjunto de iniciativas legislativas e de propostas sob a consigna “Portugal Precisa e o PCP propõe: produção, emprego e trabalho com direitos”», campanha de acção e esclarecimento cujas orientações «consubstanciam uma questão estratégica e seis orientações decisivas para remar contra a maré», explicou ainda Jerónimo de Sousa.
Neste quadro, destacou, o «Estado deve assumir um papel activo na economia, combatendo-se as teses neoliberais do Estado mínimo», e exigindo-se do Governo medidas que promovam o investimento público e desenvolvam as políticas sociais; suspendam os processos de privatização; alarguem o mercado interno a começar pela valorização dos salários e das pensões; equilibrem as contas públicas e melhorem a situação financeira das autarquias; apoiem as micro, pequenas e médias empresas; incentivem os sectores produtivos no que respeita às políticas energéticas.
«É preciso apostar no que já existe, modernizando, estimulando a inovação em vez de falar no que devia existir, mas não existe», até porque, «Portugal não pode abdicar de uma forte capacidade de produção», rematou o secretário-geral do PCP.

Comícios-Festa em Soutelo e em Vila Pouca
Esperança no futuro e na luta


Depois de St.º Tirso, domingo, a comitiva comunista rumou alguns quilómetros mais a Norte, já no distrito de Braga, para encontrar duas centenas de camaradas e amigos que se juntaram num convívio ao ar livre em Soutelo.
Aos petiscos trazidos de casa por mãos avisadas ou confeccionados no local com generosidade militante, juntava-se a fraternidade que se revela na alegria de ver chegar mais um camarada, pois todos nunca somos demais e a crise que atravessa o distrito obriga a cerrar fileiras de boa vontade.
E foi de vontade, política, no caso, de falta dela, mais especificamente, que Jerónimo de Sousa falou quando se referiu às falsas promessas de Sócrates. «Que grande coragem estar sempre a castigar os mesmos. Isto não é coragem, é falta dela porque mantém intocados os privilégios dos que mais têm e mais podem», esclareceu.
«Era o tempo do não aumento dos impostos, da criação de 150 mil postos de trabalho, do crescimento económico, da revogação das normas mais gravosas do Código do Trabalho, da reposição da justiça nos planos social e fiscal. Hoje onde estão essas promessas? Que política foi realizada? Diga o Governo PS uma medida positiva a favor dos trabalhadores, dos reformados, dos pequenos e médios empresários, dos trabalhadores da administração pública; a favor da maternidade, do direito à saúde, à segurança social, à educação, como diz a nossa Constituição», desafiou o líder comunista. «Hoje, quantos se interrogam se valeu a pena ter confiado neste Partido Socialista, o tal que deu um golpe na esperança dos portugueses?», questionou.
Tal como no distrito do Porto, também em Braga, nos vales do Ave e do Cávado, a crise nos têxteis «ameaça ressuscitar as bandeiras negras da fome», por isso, Jerónimo incitou os presentes a perceberem «a força que têm para transformar», a «estarem connosco, porque já não basta dizer “lutem lá por nós”».

Encontro de mulheres

A terminar o périplo comunista, paragem obrigatória no convívio das Mulheres CDU do Porto, que decorreu em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.
O tempo carrancudo que as águas da Barragem do Alvão reflectiam não correspondia à festa organizada por militantes e amigos comunistas nas suas margens. Abraços, palavras de incentivo e apreço, ofertas saborosas ou os simples olhares orgulhosos de pertencerem ao colectivo partidário acompanharam Jerónimo de Sousa numa volta pelo recinto que demorou a chegada ao palco.
Diante dos convivas que empunhavam bandeiras vermelhas, Jerónimo de Sousa constatou que «hoje a vida está mais difícil para os portugueses», por isso considerou que «com esta política o PS está a concretizar o que a direita não tinha condições sociais para fazer recebendo os aplausos da maioria privilegiada dos banqueiros, dos grandes grupos económicos». Neste sentido, «é preciso romper com esta política de classe e estar ao lado dos trabalhadores, modernizar em vez de destruir», disse.
Dirigindo-se particularmente às «mulheres de trabalho, que não viraram a cara à luta», o secretário-geral do PCP alertou para os ataques contra a administração pública e as funções sociais do Estado, aproveitando para pedir que «a energia empregue durante as campanhas eleitorais tenha seguimento, sabendo que podem sempre contar com os comunistas nas fábricas, nas ruas e na Assembleia da República».
No regresso, as propriedades que se penteiam de vinha, serra acima, Douro abaixo, fizeram recordar palavras repetidas, horas antes pelo secretário-geral, para que quem trabalha reflicta: «Quantos pobres são precisos para fazer um rico?».

Escola agrícola de St.º Tirso ameaçada de fecho
Betão no lugar da lavoura


Antes da sessão pública na Biblioteca Municipal da cidade, Jerónimo de Sousa visitou a Escola Profissional Agrícola, estabelecimento que ensina as «artes e ciências» da lavoura e se encontra em risco de fechar as portas deixando sem destino 175 alunos e cerca de 30 docentes.
Para além da vertente de ensino, os alunos empenham-se no auxílio a actividades do estabelecimento que garantem fundos próprios. Jerónimo de Sousa pôde ver a adega - onde se produz vinho verde que é posteriormente comercializado - os laboratórios de enologia, cozinha tradicional e de produtos lácteos, tais como queijo, manteiga e iogurte.
O problema é que os terrenos são da Santa Casa da Misericórdia, entidade que estabeleceu um protocolo com o ministério da Educação multiplicando o valor da renda do imóvel. Acresce, explicaram os responsáveis, que o acordo permite ao ministro das Finanças renunciar o contrato «se considerar excessivo o esforço financeiro».
Recentemente a DR de Educação mandou encerrar a residência que alberga os estudantes, facto que, juntamente com o loteamento de alguns dos terrenos para edificação urbana, fazem suspeitar que o fecho daquela unidade lectiva já está decidido. Se tal acontecer, na margem esquerda do Rio Ave as torres de habitação vão substituir uma escola que apresenta obra e potencialidades no desenvolvimento das qualificações em actividades ligadas à lavoura, sector fundamental em St.º Tirso.


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