JCP 8º Congresso

A intervenção no Parlamento

Intervenção de Miguel Tiago Rosado

A forma como hoje aqui nos reunimos reflecte aquilo que são as nossas características essenciais, as características de empenhamento, militância, mas também alegria e motivação para enfrentar a luta difícil mas motivante dos revolucionários, dos comunistas. Essa forma de estar, de trabalhar, organizar e intervir é a marca da nossa acção.
Segundo a perspectiva leninista do trabalho revolucionário dos comunistas, a intervenção deve ser levada a cabo em cada espaço, em cada abertura, na luta de massas como na luta institucional, na legalidade e na clandestinidad quando necessário, e é também essa linha que nos guia com firmeza nas tarefas que temos pela frente.
Reconhecer algumas frentes de trabalho como espaços de intervenção difícil e adversa à conquista juvenil e popular, mas ainda assim assumir o compromisso revolucionário com os direitos e aspirações da juventude e dos trabalhadores portugueses e organizar a intervenção também nesses espaços é uma tarefa que, a par de todas as outras, devemos preparar e desenvolver.
A intervenção do PCP e dos eleitos comunistas na Assembleia da República enquadra-se numa frente de trabalho no seio de um instituição cuja correlação de forças actual pende para os interesses da burguesia, o que não nos demite do compromisso de classe que assumimos. Pelo contrário, o facto de trabalharmos afincadamente pelos direitos e pela libertação dos trabalhadores e da juventude, dá-nos agora a responsabilidade de dignificar o nosso trabalho institucional, por um lado, e ter a capacidade de evidenciar as incapacidades dos partidos da burguesia perante os principais problemas das populações, dos estudantes, das mulheres, dos trabalhadores, mostrando que, contra o ataque ao Parlamento, erguemos a bandeira do combate à sua composição de direita.

Próximos da população

É por isso que o Partido e a JCP desenvolvem um trabalho de proximidade com os reais problemas e anseios da juventude, no quadro da sua acção parlamentar. É pela capacidade de denúncia, mas principalmente pela de proposta e construção, que a intervenção do Grupo Parlamentar expõe as principais contradições do sistema capitalista na sua expressão em Portugal.
Ao utilizar a participação parlamentar como um instrumento ao serviço do crescimento e da melhoria da intervenção do partido e da JCP, garantimos que os jovens portugueses dispõem de mais um aliado nas suas lutas também ali, no plano institucional.
Ao ligar o trabalho parlamentar às realidades concretas, ao ser capaz de percorrer o terreno e intervir sobre os mais variados problemas, o Partido e a JCP criam mais um espaço de dinamização da luta de massas, mais um meio para a luta da juventude.
A apresentação de requerimentos, por exemplo, fiscalizando a acção do Governo em casos muito concretos, desde um conselho executivo prepotente a atrasos no pagamento de bolsas – como em Leiria e Coimbra – e ilegalidades em empresas e atropelos aos direitos dos jovens trabalhadores é uma das formas de intervenção que está directamente ligada ao trabalho das organizaçoes regionais e dos colectivos de base da JCP, bem como à presença física dos eleitos do PCP perto dos problemas e ao desenvolvimento da luta em cada área.
A apresentação de projectos de lei que vão ao encontro dos principais anseios da juventude, desde a alteração à Lei de Bases da Educação até à despenalização da IVG sem recurso a referendo, passando pela alteração à Lei do Incentivo ao Arrendamento por Jovens e pelo projecto de lei que estabelece o subsídio de inserção na vida activa para jovens é a prova de que uma ligação real entre a acção institucional e a acção de massas e de organização é capaz de gerar um exemplo diferente de exercício do poder democrático.
A intervenção comunista e revolucionária é diferente porque não se ajusta a uma gestão do sistema, porque não se conforma com o aprofundamento do fosso entre explorados e exploradores, nem tampouco, se conformaria com a sua simples manutenção. Seguiremos firmes após este congresso, ainda mais fortes, através da nossa intervenção, a denunciar que existe uma verdadeira alternativa ao que parece incontornável e a dignificar a concepção comunista da política e a forma de estar frontal e empenhada. Faremos frente à ofensiva no parlamento, como fazemos nas ruas.


Mais artigos de: Temas

Mais alguns dados, números e reflexões <font color=0093dd> (*)</font>

Segundo a multinacional REPSOL, a empresa obteve no primeiro trimestre de 2006 um lucro líquido de 862 milhões de euros. Este valor representou um aumento de 8,2 por cento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.(1) Cabe recordar que durante o ano de 2005 o lucro líquido da multinacional já ascendeu a 3120 milhões de euros, o que representou um aumento de 29,4 por cento em relação a 2004. (2) Em dados divulgados por fontes da empresa ao diário madrileno El Mundo, os lucros alcançados na Bolívia no ano de 2005 representaram 2,5 por cento do total obtido. (3) Uma simples regra de três revela que se tratou aproximadamente de 78 milhões de euros.

Revolução & petróleo

Decorreu recentemente em Caracas a 141.ª Cimeira da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), evento que a oposição antibolivariana, alinhada e a soldo de Washington, aproveitou para acusar a administração de Hugo Chávez de dilapidar o orçamento público com gastos inúteis. A OPEP é, sem dúvida alguma, um dos...

O PCP reclama<br>Programa de Emergência para a Cultura

1. Em entrevista recente a Ministra da Cultura afirmou que «o peso [político] da cultura é maior do que o seu orçamento». Com este Governo, isso não é assim. O peso político da cultura para o Governo é o mesmo do seu insignificante orçamento.Quando há cerca de um ano o PCP fez uma apreciação dos 100 dias do Ministério da...

8.º Congresso da JCP

Toxicodependência, intervenção na Assembleia da República, formação ideológica e os colectivos de base são os temas das quatro intervenções feitas no 8.º Congresso da JCP que hoje publicamos.

A importância dos colectivos de base

Intervenção de Paulo MarquesPodemos ter uma organização muito estruturada, onde as tarefas estão bem distribuídas entre os vários camaradas do colectivo, onde no papel tudo parece bem organizado, mas se esse colectivo não intervém na realidade onde está inserido, se não desenvolve actividade, qual a sua razão de existir?...

A formação ideológica é essencial

Intervenção de Ana Sofia CorreiaA luta de classes continua e continuará a mover o mundo. Já desde o tempo da sociedade esclavagista, em que os escravos lutavam pela liberdade, do tempo do feudalismo, em que os camponeses exigiam aos seus senhores feudais um pedaço de terra, e agora na sociedade capitalista, em que os...

Desigualdades sociais provocam toxicodependência

Intervenção de Marta MatosA questão da toxicodependência, do consumo e tráfico de drogas é crescente na população juvenil o que provoca um crescendo deste flagelo, a que a JCP está atenta e para as quais possui propostas consequentes.Em Portugal conta-se com mais de 120 mil toxicodependentes e é a cannabis a droga que é...