Trabalhadores resistem à pressão da GM

Azambuja é viável

A General Motors veio esgrimir a comparação dos custos de produção do modelo Opel Combo, mas o que pretende é encerrar a fábrica na Azambuja e outras unidades na Europa ocidental, para deslocar a produção para o Leste – acusaram os representantes dos trabalhadores da GM Europe, reunidos em Lisboa.

A multinacional está a faltar aos seus compromissos

Anteontem, os trabalhadores da fábrica portuguesa participaram massivamente na greve, de duas horas por turno, que se vai estender às demais unidades na Europa. Hoje será a vez dos operários de Saragoça, em Espanha. Em plenário, na Azambuja, ia ser decidida ontem a realização, amanhã, de uma greve de 24 horas.
Na Alemanha, durante esta semana têm ocorrido reuniões entre representantes dos trabalhadores e da administração da multinacional. A instabilidade agravou-se com a divulgação, anteontem, de uma notícia de um jornal alemão, afirmando que hoje a GM anunciaria o encerramento, ainda este ano, da fábrica conhecida como Opel da Azambuja, onde está instalada há mais de quatro décadas (desde 1963). Mas a ameaça de encerramento surgiu no final de Maio, com a divulgação, pela empresa, de um estudo que concluíra haver uma desvantagem de 500 euros, na comparação dos custos de montagem do Combo em Portugal e em Espanha.
Reunidos em Lisboa, a 1 e 2 de Junho, representantes dos trabalhadores das fábricas da holding GM Europe rejeitaram aqueles cálculos, considerando os resultados «altamente improváveis, até pelo facto de a Azambuja ter vindo a produzir o Combo nos últimos 5 anos e a direcção da companhia ter esperado até agora para argumentar o alegado factor de desvantagem». Na resolução então aprovada, acusa-se a GM de «utilizar esta inacreditável versão dos factos com o único propósito de mostrar razões alegadamente económicas para o planeado encerramento», cujas «verdadeiras razões» se prendem com «a nova estratégia da GM, que tem por objectivo encerrar fábricas na Europa ocidental e deslocar a produção para o Leste da Europa, Coreia e China».
A fábrica portuguesa produziu no ano passado um recorde de 73 800 veículos, dos modelos Combo Van (comerciais) e Combo Tour (passageiros). Ocupa directamente cerca de 1600 trabalhadores da GM e de empresas prestadoras de serviços, mas um eventual encerramento «afectaria milhares de outros», como alertava, na semana passada, um comunicado das estruturas representativas (Sindicato dos Metalúrgicos e CT).
Nesse documento, recordava-se que, apenas há um ano, os trabalhadores da Opel da Azambuja «aceitaram um acordo com base nas condições apresentadas pela direcção da empresa, no pressuposto da garantia da continuidade deste modelo até 2009», pelo que, «com esta ameaça, é a empresa que não está a cumprir o seu compromisso».
Segundo os representantes dos trabalhadores da GM na Europa, esta investiu mais de 130 milhões de euros na fábrica da Azambuja, desde 2001, além de ter recebido 41 milhões de euros em incentivos do Governo português, os quais implicam obrigações até 2008. A fábrica tem custos do trabalho mais baixos do que outras unidades, pelo que os trabalhadores rejeitaram quaisquer cortes salariais. Mas manifestaram disponibilidade para negociar com a empresa a eliminação da diferença de produtividade entre a Azambuja (72 veículos Combo, por funcionário, num ano) e Eisenach (85 automóveis do modelo Corsa). A unidade portuguesa, refere o comunicado de 2 de Junho, está organizada em moldes semelhantes à fábrica na Alemanha, considerada modelar na GM, mas tem custos de mão-de-obra significativamente inferiores.


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