Lisboa

Casino contestado na zona histórica

Perante as promessas de animação e de revitalização que Santana Lopes vem anexando à construção de um casino em Lisboa esperar-se-ia que as autarquias de base, as juntas de freguesia, aderissem à ideia de corpo e alma. Sobretudo as da zona das Docas. Mas não: ninguém apoia uma tal ideia. Santana, na campanha eleitoral não prometeu um casino. Prometeu um jardim, um polidesportivo e um parque para cada bairro…
O Jardim do Tabaco, para onde nesta fase parece estar apontada a «ameaça» de instalação do casino, pertence na íntegra à freguesia de Santo Estêvão. O Cais do Gás, ao lado, fica em Santa Engrácia. Ouvimos autarcas dessa freguesia e de toda a área adjacente. Não encontrámos ninguém entusiasmado nem sequer disponível para apoiar a ideia da CML.
«Não. Não estou de acordo. Aqui ou noutro local de Lisboa». A opinião firme é de Lurdes Pinheiro, a presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão, que adianta: «Fiquei surpreendida com a notícia. Mais uma vez, o Presidente da CML não respeitou os órgãos eleitos mais próximos das populações, as juntas de freguesia».
«Farei tudo para esclarecer e mobilizar a população contra mais esta aberração», afirma a autarca. «A freguesia já tem problemas sociais e de reabilitação urbana que cheguem e que precisa de muitas outras coisas e não de um casino: limpeza, segurança e estacionamento, por exemplo».
Lurdes Pinheiro acrescenta que «o único espaço em que todas as pessoas interessadas podem praticar desporto fica exactamente nesta área. Pergunto ao Dr. Santana Lopes: está a ser estudado um espaço alternativo para o desporto?».

O casino em nada vem ajudar

«Vai ter um grande impacto negativo em toda a zona de Santa Apolónia», é a opinião de José Sequeira, tesoureiro da junta da Madalena, sobre a instalação eventual de um casino no Jardim do Tabaco. Este responsável local acha que «o casino, na localização agora prevista para a zona de Santa Apolónia, vai trazer mais problemas e outro tipo de gente».
«As nossas populações não precisam desta "animação casinista" assim proposta, já lhe chegam os seus problemas, que vão desde o isolamento, não terem ninguém com quem conversar, no meio da poluição sonora actual, em habitações degradadas… E o casino em nada viria ajudar nestes problemas».

Alfama merece mais

A palavra também para Ana Gonçalves, a presidente da Junta de Freguesia de São Miguel: «Considero que não existem condições para instalar um casino num bairro histórico, onde os problemas são muitos outros e a precisar de solução: habitação condigna, um lar para apoio dos idosos sozinhos, uma creche/infantário para as nossas crianças».
Esta eleita entende que Santana Lopes não respeitou os eleitos das freguesias, não os tendo informado das suas intenções. «Ora os representantes das freguesias também foram eleitos democraticamente». E acrescenta: «Alfama merece mais do que um casino: Alfama precisa urgentemente do bairro recuperado. Esse, sim, devia ser o grande projecto deste presidente e desta câmara».

O pior sítio para um casino

As juntas de freguesia das proximidades também estão contra a instalação do casino lá em baixo ao pé do rio. São Vicente de Fora é contra. Vítor Agostinho, presidente da Junta de Freguesia, tem uma posição muito esclarecida: «Sou contra. O facto de se instalar ali um casino vai trazer novas complicações urbanísticas e sociais. É uma zona histórica, muito sensível, que, com esta porta aberta para o grande jogo, vai sofrer do ponto de vista social. É francamente o pior sítio para instalar um casino. E não é um equipamento necessário: ali, mais importante é que haja espaços de lazer virados para a água».
Em Santa Engrácia, o presidente da junta, José Maria Valente, tem também a sua opinião formada: «Dêem-lhe as voltas que quiserem, mas esta obsessão do presidente da CML pelo casino não responde às necessidades da freguesia. Do que precisamos é de creches, equipamentos de desporto e lazer e de centros de idosos».
Castelo e Santiago também não escondem a sua opinião contrária. Carlos Lima, presidente da JF do Castelo, afirma sem hesitações: «Preocupa-me que se atraiam pessoas para um vício em direcção ao centro de uma cidade. Quanto ao dinheiro, era mais bem empregue nas obras de recuperação do Castelo, que bem precisa». Luís Campos, presidente da junta de Santiago, não é menos categórico: «Acho que é muito mau, numa zona depauperada de tudo e em franca degradação parece que é fazer pouco da pobreza de cada um. Para o pessoal dali, ainda por cima, sem parqueamentos, vai-se roubar espaço para os moradores de Alfama, obrigando de certeza a maior pressão lá em cima na nossa zona».


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