Propagandista da guerra

Vasco Cardoso
Sobe o tom da ameaça norte-americana sobre o Irão. Diariamente são divulgadas, com amplo eco na comunicação social, notícias que, não só dão como garantida a ameaça que representa no plano internacional, como vão construindo a ideia da necessidade de uma intervenção militar neste país do médio oriente. A pretexto do programa nuclear iraniano (e negligenciando todas as garantias dadas pelos seus responsáveis quanto aos fins pacíficos da sua utilização) procura-se construir a ideia de um novo inimigo, um novo perigo, uma nova ameaça.
Não passa um único dia sem que rádios, jornais e televisões debitem informações baseadas em fontes «fidedignas» sobre as armas nucleares que estão a construir, os «bombistas suicidas» prestes a atacar a «nossa civilização», os milhares de «terroristas» que albergam no seu território, as gratuitas comparações entre o Presidente iraniano - Mahmoud Ahmadinejad e Hitler. Definitivamente o Irão faz hoje parte da agenda internacional dos grandes meios de comunicação social. A campanha que está montada, em tudo semelhante à que desembocou na invasão e ocupação do Iraque (campanha que levou anos a concretizar), tem como objectivo maior criar junto da opinião pública o ambiente favorável a uma nova agressão.
Apesar do evidente descrédito, em que caíram muitos dos defensores da invasão do Iraque, não apenas pelo flagrante logro que constituiu o pretexto das «armas de destruição maciça», mas pela dramática e repugnante situação em que hoje se encontra o povo iraquiano, os mesmos têm hoje o descaramento de clamar por uma nova escalada intervencionista, exigindo a guerra.
No nosso país, um dos mais arrojados e empenhados defensores do imperialismo e propagandista da guerra, dá pelo nome de José Manuel Fernandes (JMF), director do Público - jornal do Eng.º Belmiro. Seguramente motivado pelo espírito de concórdia que a época recomendava, no Santo dia da Páscoa JMF editorializava: «..na negociação com Teerão, não se pode oferecer apenas cenouras, é necessário ter o chicote à mão(...)É dever das potências nucleares europeias e dos Estados Unidos estudarem a hipótese de um ataque..».
Com tanta convicção e com as dificuldades que as Forças Armadas Americanas estão a encontrar no recrutamento, é um desperdício este senhor estar em Portugal. JMF devia era estar lá, no Iraque, no Irão, frente-a-frente com o sofrimento, a resistência e a luta dos povos, que ele bem conhece mas tenta esconder.


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