Presidente italiano não se recandidata
O presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, cujo mandato termina a 18 de Maio, não se recandidata ao cargo. A decisão pode atrasar a formação do novo governo.
Mais de uma semana depois das eleições, os italianos continuam à espera dos resultados Votos duvidosos diminuíram de 43 mil para pouco mais de cinco mil
O anúncio de Carlo Ciampi, feito anteontem, surge numa altura em que o país aguarda ainda o resultado oficial da recontagem dos votos, que segundo tudo indica deve confirmar a vitória eleitoral da coligação de centro-esquerda de Romano Prodi sobre a direita de Sílvio Berlusconi.
Segundo a Constituição italiana, cabe ao presidente pedir a formação do governo. Com a saída de Ciampi, haverá que eleger primeiro o novo Chefe de Estado, tarefa a cargo das duas Câmaras do Parlamento, que tomará posse a 28 de Abril, e de representantes regionais, num total mais de 1000 eleitores. De acordo com a lei, a eleição deverá ocorrer a 13 de Maio.
As previsíveis dificuldades num consenso em torno da figura para assumir a presidência, dadas as divisões no meio político italiano, fazem prever que o novo governo não venha a tomar posse antes da segunda quinzena de Maio.
Entretanto, o ainda primeiro-ministro Sílvio Berlusconi continuava no início da semana a não reconhecer a derrota, apesar de o Ministério do Interior ter anunciado que os «votos duvidosos» tinham diminuído de 43 mil para pouco mais de cinco mil, o que não é suficiente para reverter a situação.
Proposta de acordo
Ainda de acordo com o Ministério do Interior, e à espera de confirmação do Tribunal, a União alcançou 158 dos 315 lugares do Senado e 342 dos 630 lugares da Câmara de Deputados, enquanto a Casa das Liberdades (de Berlusconi) elegeu 156 senadores e 281 deputados.
Em carta ao jornal Corriere della Sera, Berlusconi propôs entretanto à União «um acordo parcial e limitado no tempo» para «alguns temas institucionais, económicos e internacionais», sem o que Prodi não terá condições de «governar o país de forma positiva e produtiva».
Caso a proposta não seja aceite, Berlusconi promete que o «Forza Itália e os seus aliados farão uma coerente e rigorosa batalha em defesa dos valores e interesses que lhe foram confiados por 50% dos italianos».
Coube a Piero Fassino, secretário do Democráticos de Esquerda, responder ao desafio. Em declarações ao La Repubblica, Fassino admitiu ser possível um debate sobre alguns temas e ver se «se podem determinar soluções programáticas compartilhadas», mas caso isso suceda, advertiu, será «sem nenhuma confusão sobre quem governa, o centro-esquerda, e quem está na oposição, o centro-direita». Além disso, Berlusconi deve reconhecer a vitória da União e que não houve «fraudes» nas eleições, sublinhou.
Para os partidos que integram a União o tempo é de satisfação pela derrota de Berlusconi, embora muitos comentadores considerem que a estreita margem de vitória da coligação de centro-esquerda suscita sérias dúvidas quanto ao futuro do novo governo.
Comunistas analisam resultados
O Partido da Refundação Comunista (PRC) considera que os seus resultados nas eleições de 8 e 9 de Abril traduzem «um êxito obtido nas cidades e praças públicas».
A Refundação elegeu 27 senadores, com 7,4% do total de votos, e 41 deputados, com 5,8%, o que representa uma expressiva subida em relação aos resultados de 2001, altura em que elegeu quatro senadores e 12 deputados.
Apesar de a alteração da lei eleitoral inviabilizar comparações lineares, constata-se que o PRC cresceu em todo o país, elegendo pela primeira vez senadores e deputados em várias circunscrições, como sucedeu na Sicília.
Para o secretário-geral do partido, Fausto Bertinotti, estas eleições «seguramente passarão à história».
Quanto ao Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), congratula-se com a sua subida de cerca de 300 mil votos para a Câmara de Deputados - passou de 600 mil para 885 mil votos -, o que lhe permitiu duplicar o número de eleitos de oito para 16. Um número «absolutamente extraordinário», segundo o secretário-geral, Oliviero Diliberto, que fez com que o resultado do partido crescesse um terço.
Em relação ao Senado, o PdCI sublinha o facto de ter concorrido em aliança com os Verdes e os Consumidores, uma decisão «acertada» e que «pela primeira vez quase resultou na soma dos votos de cada um e se traduziu na eleição de 11 senadores.
Diliberto considera o resultado global da União como «satisfatório», embora «não tenha atingido as expectativas» e a margem de vitória não seja «tão larga como se esperava».
O PCP enviou mensagens de felicitações a ambos os partidos, realçando a sua contribuição para a derrota da coligação de direita de Sílvio Berlusconi.
Segundo a Constituição italiana, cabe ao presidente pedir a formação do governo. Com a saída de Ciampi, haverá que eleger primeiro o novo Chefe de Estado, tarefa a cargo das duas Câmaras do Parlamento, que tomará posse a 28 de Abril, e de representantes regionais, num total mais de 1000 eleitores. De acordo com a lei, a eleição deverá ocorrer a 13 de Maio.
As previsíveis dificuldades num consenso em torno da figura para assumir a presidência, dadas as divisões no meio político italiano, fazem prever que o novo governo não venha a tomar posse antes da segunda quinzena de Maio.
Entretanto, o ainda primeiro-ministro Sílvio Berlusconi continuava no início da semana a não reconhecer a derrota, apesar de o Ministério do Interior ter anunciado que os «votos duvidosos» tinham diminuído de 43 mil para pouco mais de cinco mil, o que não é suficiente para reverter a situação.
Proposta de acordo
Ainda de acordo com o Ministério do Interior, e à espera de confirmação do Tribunal, a União alcançou 158 dos 315 lugares do Senado e 342 dos 630 lugares da Câmara de Deputados, enquanto a Casa das Liberdades (de Berlusconi) elegeu 156 senadores e 281 deputados.
Em carta ao jornal Corriere della Sera, Berlusconi propôs entretanto à União «um acordo parcial e limitado no tempo» para «alguns temas institucionais, económicos e internacionais», sem o que Prodi não terá condições de «governar o país de forma positiva e produtiva».
Caso a proposta não seja aceite, Berlusconi promete que o «Forza Itália e os seus aliados farão uma coerente e rigorosa batalha em defesa dos valores e interesses que lhe foram confiados por 50% dos italianos».
Coube a Piero Fassino, secretário do Democráticos de Esquerda, responder ao desafio. Em declarações ao La Repubblica, Fassino admitiu ser possível um debate sobre alguns temas e ver se «se podem determinar soluções programáticas compartilhadas», mas caso isso suceda, advertiu, será «sem nenhuma confusão sobre quem governa, o centro-esquerda, e quem está na oposição, o centro-direita». Além disso, Berlusconi deve reconhecer a vitória da União e que não houve «fraudes» nas eleições, sublinhou.
Para os partidos que integram a União o tempo é de satisfação pela derrota de Berlusconi, embora muitos comentadores considerem que a estreita margem de vitória da coligação de centro-esquerda suscita sérias dúvidas quanto ao futuro do novo governo.
Comunistas analisam resultados
O Partido da Refundação Comunista (PRC) considera que os seus resultados nas eleições de 8 e 9 de Abril traduzem «um êxito obtido nas cidades e praças públicas».
A Refundação elegeu 27 senadores, com 7,4% do total de votos, e 41 deputados, com 5,8%, o que representa uma expressiva subida em relação aos resultados de 2001, altura em que elegeu quatro senadores e 12 deputados.
Apesar de a alteração da lei eleitoral inviabilizar comparações lineares, constata-se que o PRC cresceu em todo o país, elegendo pela primeira vez senadores e deputados em várias circunscrições, como sucedeu na Sicília.
Para o secretário-geral do partido, Fausto Bertinotti, estas eleições «seguramente passarão à história».
Quanto ao Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), congratula-se com a sua subida de cerca de 300 mil votos para a Câmara de Deputados - passou de 600 mil para 885 mil votos -, o que lhe permitiu duplicar o número de eleitos de oito para 16. Um número «absolutamente extraordinário», segundo o secretário-geral, Oliviero Diliberto, que fez com que o resultado do partido crescesse um terço.
Em relação ao Senado, o PdCI sublinha o facto de ter concorrido em aliança com os Verdes e os Consumidores, uma decisão «acertada» e que «pela primeira vez quase resultou na soma dos votos de cada um e se traduziu na eleição de 11 senadores.
Diliberto considera o resultado global da União como «satisfatório», embora «não tenha atingido as expectativas» e a margem de vitória não seja «tão larga como se esperava».
O PCP enviou mensagens de felicitações a ambos os partidos, realçando a sua contribuição para a derrota da coligação de direita de Sílvio Berlusconi.