Cordão humano na Baia do Seixal

10 mil exigem hospital público

Mais de 10 mil pessoas deram as mãos e participaram, sábado, num cordão humano exigindo a construção de um hospital público no concelho do Seixal.

Todos juntos vamos con­se­guir um novo hos­pital para o con­celho do Seixal

O cordão humano formou-se a partir de três locais distintos (Seixal, Arrentela e Amora), em redor da Baia do Seixal, e uniu-se na Ponte da Fraternidade. A assinalar, o simbolismo da união, foram disparados cinco tiros de morteiro e os presidentes das câmaras de Almada, Sesimbra e Seixal deram as mãos.
Além dos autarcas dos três concelhos, estiveram ainda, entre outros, representantes de partidos políticos, membros das comissões de utentes de saúde da região, idosos e bombeiros. Francisco Lopes (PCP) foi o único deputado da Assembleia da República que compareceu nesta iniciativa.
O cordão humano realizou-se dois dias antes de terminar a consulta pública de um estudo recente encomendado pelo Ministério da Saúde, que aponta para a ampliação do Hospital Garcia de Orta, em Almada, em detrimento de uma nova unidade hospitalar no concelho do Seixal, o que vai contra vários estudos efectuados anteriormente.
Dimensionado por um rácio populacional de 150 mil habitantes, o saturado hospital de Almada serve, hoje, mais do dobro da população estimada. Num documento elaborado pela Administração Regional da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, em Junho de 2002, reconhece-se a necessidade da «construção de um novo hospital na área de Amora/Seixal, para colmatar as insuficiências da capacidade de resposta do Hospital Garcia de Orta»

Novas exi­gên­cias

No final da iniciativa, junto à Ponte da Fraternidade, Maria Emília de Sousa, Augusto Pólvora e Alfredo Monteiro, presidentes das câmaras de Almada, Sesimbra e Seixal, exigiram a construção de uma nova unidade hospitalar na região e a continuação das obras de melhoramento no Hospital Garcia de Orta, interrompidas, recentemente, pelo Executivo PS.
«Foi com lágrimas nos olhos que assisti a este dar de mãos aqui na Baia do Seixal», disse, emocionada, a autarca de Almada, lembrando que há 30 anos, «nós, os autarcas de Almada, Sesimbra e Seixal também exigimos um hospital distrital que substituísse o que existia. Lutámos em conjunto, e connosco as populações, e conseguimos que o Hospital Garcia de Orta fosse uma realidade».
«Mas o tempo passou, já lá vão muitos anos, e a vida colocou novas exigências», continuou Maria Emília de Sousa, sublinhando que «é preciso redimensionar a rede hospitalar. Não podemos permitir que agora, um estudo venha dizer o contrário que o Plano Regional da Área Metropolitana de Lisboa apontou, com a participação dos autarcas, para este nosso território».
Na sua intervenção, amplamente ovacionada pela população, a presidente da Câmara de Almada manifestou-se ainda contra a suspensão das obras do Hospital Garcia de Orta. «É fundamental, é indispensável, que as obras prossigam, até porque é o único hospital que nós temos para esta população de mais de 500 mil habitantes», disse.
Por seu lado, saudando os autarcas e a população ali presente, Augusto Pólvora, presidente da Câmara de Sesimbra, informou que os concelhos de Sesimbra e Seixal tiveram o maior crescimento demográfico da região. Falou ainda das dificuldades de acesso ao Garcia de Orta e das restrições impostas pelos sucessivos governos.
«Somos um concelho martirizado em relação às questões de instalações de saúde», afirmou, informando que «fomos novamente penalizados ao terem nos retirado, do PIDDAC, a construção do centro de saúde da Quinta do Conde». Há quatro anos atrás, continuou, «desapareceu a intenção de construção de um novo centro de saúde para a vila de Sesimbra».
Por isso, terminou: «não podemos aceitar, mais uma vez, que a população seja penalizada. Temos que continuar a lutar porque não podemos esperar mais anos por este hospital».

Unir a po­pu­lação

O último a discursar foi Alfredo Monteiro. «Não aceitaremos, nunca, a proposta de expansão do Hospital Garcia de Orta, que o iria transformar num mega-hospital, sem acessibilidades rodoviárias e transportes públicos», afirmou o presidente da Câmara do Seixal, fincando quer, «neste Portugal que amamos, com gerações de homens e mulheres, que resistiram ao fascismo, dando as suas vidas pela liberdade e pela democracia, também na Margem Sul, que 30 anos depois de Abril, ponham em causa o nosso futuro, a dignidade e a qualidade de vida, o futuro dos nossos filhos e netos».
No final da sua intervenção, por vezes interrompida pela voz do povo que aclamava «Queremos um hospital no concelho do Seixal», Alfredo Monteiro prometeu, em nome da autarquia comunista, continuar a luta dos utentes, até às últimas instâncias: «Este cordão humano tem a força de unir a população e, se for necessário, ligamos os três concelhos (Seixal, Sesimbra e Almada) a Lisboa, passamos a ponte sobre o Tejo e vencemos a causa», avisou.
Depois do cordão humano, os presidentes das três autarquias assinaram uma carta em que pedem ao Ministro da Saúde, Correia de Campos, uma reunião para discutir a questão do novo hospital.


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