<em>Pax</em> americana imposta à bala
No Iraque sucedem-se as operações das forças ocupantes, deixando atrás de si um rasto de morte e destruição. É a pax americana, cada vez mais contestada.
«Livrámo-nos de um problema e agora temos outro muito maior»
Primeiro foi a operação «Ataque da Península», depois a «Escorpião do Deserto». No espaço de uma semana, o Exército de ocupação norte-americano matou mais de uma centena de iraquianos, no que classifica de «combate às bolsas de resistência», acusadas de estarem a impedir «a transição para um Iraque pacífico e estável», como afirmou o capitão John Morgan. De acordo com aquele porta-voz do Exército norte-americano, as surtidas estão a ser feitas com base em «informações específicas dos serviços secretos para atingir determinados alvos», mas de acordo com o relato das agências noticiosas as acções visam de forma indiscriminada a população iraquiana.
No domingo, numa dessas operações, 1300 soldados encerraram estradas, revistaram casas e sequestraram pessoas na região de Falluja, 50 km a oeste de Bagdad. Segundo o testemunho de Jassim Ali Mohammed, de 60 anos, 20 soldados entraram-lhe em casa a meio da noite. Os dois filhos de Jassim foram algemados e brutalizados antes de voltarem a ser postos em liberdade. Durante a rusga à habitação, os soldados apreenderam documentos de identificação e até livros escolares. «Nem mesmo Saddam fez uma coisa dessas connosco. Livrámo-nos de um problema e agora temos outro muito maior», afirmou Jassim Ali Mohammed.
Após as humilhações a que submetem os iraquianos, os ocupantes oferecem medicamentos, livros e brinquedos, enquanto prometem mais «ajuda humanitária» aos que se submetam ao domínio americano.
A tarefa de «pacificação» parece no entanto cada vez mais difícil. Ainda no domingo, segundo a estação de televisão árabe Al-Jazira, atacantes não identificados lançaram um morteiro contra um quartel-general do Exército dos Estados Unidos em Ramadi, incendiando o prédio. Noutro ataque, vários soldados norte-americanos ficaram feridos numa emboscada a um comboio em Balad, no norte de Bagdad.
Protestos sobem de tom
Não é só a resistência armada que está a provocar dores de cabeça aos EUA. As manifestações de protesto, pacíficas, sucedem-se em todo o país. Foi o que sucedeu no domingo em Basra, no sul do país, onde mais de 10 000 pessoas se manifestaram, exigindo o fim da ocupação estrangeira.
Os dirigentes da comunidade xiita, maioritária no Iraque, encabeçaram a manifestação, que acabou junto à sede das forças de ocupação.
Basra, a segunda maior cidade iraquiana, está sob o controlo das forças britânicas desde 9 de Abril. No passado dia 24 de Maio, o comando britânico dissolveu o Conselho da cidade, instalado depois da ocupação, substituindo-o por um comité presidido por um oficial inglês.
Entretanto, os ocupantes manifestam-se incapazes de dar resposta aos problemas sociais, cada vez mais graves. No passado fim-de-semana, a Unicef alertou em Genebra para a situação das crianças iraquianas abandonadas, que poderá levar ao aparecimento de mafias dedicadas à exploração de menores. «No ambiente de caos que reina no Iraque, as redes comunitárias que protegiam as crianças já não funcionam», declarou Damien Personnaz, porta-voz do Unicef.
No domingo, numa dessas operações, 1300 soldados encerraram estradas, revistaram casas e sequestraram pessoas na região de Falluja, 50 km a oeste de Bagdad. Segundo o testemunho de Jassim Ali Mohammed, de 60 anos, 20 soldados entraram-lhe em casa a meio da noite. Os dois filhos de Jassim foram algemados e brutalizados antes de voltarem a ser postos em liberdade. Durante a rusga à habitação, os soldados apreenderam documentos de identificação e até livros escolares. «Nem mesmo Saddam fez uma coisa dessas connosco. Livrámo-nos de um problema e agora temos outro muito maior», afirmou Jassim Ali Mohammed.
Após as humilhações a que submetem os iraquianos, os ocupantes oferecem medicamentos, livros e brinquedos, enquanto prometem mais «ajuda humanitária» aos que se submetam ao domínio americano.
A tarefa de «pacificação» parece no entanto cada vez mais difícil. Ainda no domingo, segundo a estação de televisão árabe Al-Jazira, atacantes não identificados lançaram um morteiro contra um quartel-general do Exército dos Estados Unidos em Ramadi, incendiando o prédio. Noutro ataque, vários soldados norte-americanos ficaram feridos numa emboscada a um comboio em Balad, no norte de Bagdad.
Protestos sobem de tom
Não é só a resistência armada que está a provocar dores de cabeça aos EUA. As manifestações de protesto, pacíficas, sucedem-se em todo o país. Foi o que sucedeu no domingo em Basra, no sul do país, onde mais de 10 000 pessoas se manifestaram, exigindo o fim da ocupação estrangeira.
Os dirigentes da comunidade xiita, maioritária no Iraque, encabeçaram a manifestação, que acabou junto à sede das forças de ocupação.
Basra, a segunda maior cidade iraquiana, está sob o controlo das forças britânicas desde 9 de Abril. No passado dia 24 de Maio, o comando britânico dissolveu o Conselho da cidade, instalado depois da ocupação, substituindo-o por um comité presidido por um oficial inglês.
Entretanto, os ocupantes manifestam-se incapazes de dar resposta aos problemas sociais, cada vez mais graves. No passado fim-de-semana, a Unicef alertou em Genebra para a situação das crianças iraquianas abandonadas, que poderá levar ao aparecimento de mafias dedicadas à exploração de menores. «No ambiente de caos que reina no Iraque, as redes comunitárias que protegiam as crianças já não funcionam», declarou Damien Personnaz, porta-voz do Unicef.