Lukachenko resiste aos EUA
Alexander Lukachenko venceu as presidenciais de 19 de Março na Bielorrússia, apesar da coacção dos EUA e União Europeia, que não reconhecem os resultados.
União Europeia deu luz verde à imposição de sanções à Bielorrússia
A Comissão Central Eleitoral da Bielorrúsia (CCE) declarou esta segunda-feira Alexander Lukachenko vencedor das eleições presidenciais, com 82,6% dos votos. Lukachenko, no cargo desde 1994, vai cumprir o terceiro mandato consecutivo, tornado possível pelo referendo realizado em 2004, que permitiu a sua reeleição.
Segundo os dados oficiais, acorreram às urnas 6 614 998 eleitores, o que representa uma participação de 92,6 por cento. O principal candidato da oposição, Alexander Milinkevich, apoiado pelos EUA e pela União Europeia, recolheu cerca de seis por cento dos votos, enquanto Serguei Gaydukevich se ficou pelos 3,5 por cento e Alexander Kozulin não foi além dos 2,3 por cento.
Os resultados foram saudados por Moscovo, que se congratulou com a demonstração de «confiança dos eleitores» na política de Lukashenko, «voltada para o crescimento do bem-estar do povo bielorrusso».
A mensagem de Putin ao seu homólogo, divulgada pelo Kremlin, sublinha ainda que os dois países estão unidos por «fortes laços de amizade» e empenhados em levar a cabo o processo de integração. «Estou convencido de que o nosso esforço conjunto nos permitirá avançar de verdade pelo caminho da construção de uma união de estados e garantir o desenvolvimento democrático de nossos países», afirma Putin.
Já os EUA, como se esperava, rejeitaram os resultados, acusando o governo bielorruso de ter realizado o escrutínio sob o signo do «medo», e exigem novas eleições.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, os EUA «não aceitam os resultados destas eleições», alegando que «a campanha eleitoral transcorreu num clima de medo e incluiu detenções, agressões e fraudes».
Pressão sem precedentes
No mesmo sentido se pronunciou a União Europeia, que anteontem deu luz verde à imposição de sanções à Bielorrússia. As sanções serão formalizadas no próximo mês, depois de analisado o veredicto final dos «observadores internacionais» acreditados por Bruxelas. Não se esperam surpresas, já que o presidente da Assembleia parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Alcee Hastings, declarou anteontem em Minsk, durante uma conferência de imprensa, que as eleições não respeitaram as regras necessárias de liberdade e justiça.
«As eleições presidenciais de 19 de Março não foram conforme as normas internacionais necessárias para a realização de eleições livres e justas», afirmou Hastings, acusando o presidente bielorrusso, Alexandr Lukachenko, de ter autorizado a utilização das autoridades do Estado «de uma forma que não permite eleições livres e justas na Bielorrússia».
A pesar das acusações, é de sublinhar que a Comissão Central Eleitoral não recebeu qualquer queixa quanto ao escrutínio dos votos, como assegurou a respectiva presidente, Lidia Ermoshina, explicitando que este aspecto inclui também os «observadores internacionais».
Não menos sintomático é o facto de os observadores da Comunidade de Estados Independentes (CEI) que acompanharam as eleições as terem considerado «livres, abertas e transparentes», conformes com a legislação em vigor e altamente participadas.
Vladímir Rushaylo, chefe da missão da CEI, falando numa conferência de imprensa em Minsk, lembrou que o escrutínio decorreu sob uma pressão externa sem precedentes, sublinhando que as ameaças de sanções económicas e de isolamento político feitas pelos EUA e alguns governos da União Europeia só podem ser classificadas como uma ingerência no processo eleitoral bielorrusso, com o objectivo de influenciar os resultados.
Na lista negra
O cerco à Bielorrússia vem sendo preparado há longo tempo, lembrava há uma semana o diário britânico Financial Times, recordando que Washington declarou Minsk uma ameaça para os EUA e para o mundo.
Sublinhando que a Bielorrússia faz parte da lista negra dos estados classificados como despóticos pela Casa Branca, o jornal londrino assinalava que os EUA se arrogam o direito de «responder adequadamente face às violações de direitos humanos na Bielorrússia» e de retaliar caso os resultados eleitorais não lhe agradassem.
Foi o que sucedeu, pelo que é de esperar que a contestação «expontânea» às eleições se faça sentir nos próximos dias.
É possível no entanto que nem tudo corra conforme os desejos de Bush, já que a situação interna da Bielorrússia está longe de fornecer o caldo de cultura propício. Segundo dados do insuspeito Banco Mundial, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1996 a 2004 chegou aos 77,4 por cento, equivalente a uma média de 6,6 por cento.
Em 2005, o PIB aumentou 9,2 por cento, um dos indicadores mais elevados à escala mundial, segundo a ONU. Já o Banco Europeu confirma que a população bielorrussa que vive na pobreza representa menos de dois por cento da população total do país, enquanto na Letónia chega aos 11,5 por cento, na Lituânia é de 6,9 e na Ucrânia ascende a 31,4 por cento.
Segundo os dados oficiais, acorreram às urnas 6 614 998 eleitores, o que representa uma participação de 92,6 por cento. O principal candidato da oposição, Alexander Milinkevich, apoiado pelos EUA e pela União Europeia, recolheu cerca de seis por cento dos votos, enquanto Serguei Gaydukevich se ficou pelos 3,5 por cento e Alexander Kozulin não foi além dos 2,3 por cento.
Os resultados foram saudados por Moscovo, que se congratulou com a demonstração de «confiança dos eleitores» na política de Lukashenko, «voltada para o crescimento do bem-estar do povo bielorrusso».
A mensagem de Putin ao seu homólogo, divulgada pelo Kremlin, sublinha ainda que os dois países estão unidos por «fortes laços de amizade» e empenhados em levar a cabo o processo de integração. «Estou convencido de que o nosso esforço conjunto nos permitirá avançar de verdade pelo caminho da construção de uma união de estados e garantir o desenvolvimento democrático de nossos países», afirma Putin.
Já os EUA, como se esperava, rejeitaram os resultados, acusando o governo bielorruso de ter realizado o escrutínio sob o signo do «medo», e exigem novas eleições.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, os EUA «não aceitam os resultados destas eleições», alegando que «a campanha eleitoral transcorreu num clima de medo e incluiu detenções, agressões e fraudes».
Pressão sem precedentes
No mesmo sentido se pronunciou a União Europeia, que anteontem deu luz verde à imposição de sanções à Bielorrússia. As sanções serão formalizadas no próximo mês, depois de analisado o veredicto final dos «observadores internacionais» acreditados por Bruxelas. Não se esperam surpresas, já que o presidente da Assembleia parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Alcee Hastings, declarou anteontem em Minsk, durante uma conferência de imprensa, que as eleições não respeitaram as regras necessárias de liberdade e justiça.
«As eleições presidenciais de 19 de Março não foram conforme as normas internacionais necessárias para a realização de eleições livres e justas», afirmou Hastings, acusando o presidente bielorrusso, Alexandr Lukachenko, de ter autorizado a utilização das autoridades do Estado «de uma forma que não permite eleições livres e justas na Bielorrússia».
A pesar das acusações, é de sublinhar que a Comissão Central Eleitoral não recebeu qualquer queixa quanto ao escrutínio dos votos, como assegurou a respectiva presidente, Lidia Ermoshina, explicitando que este aspecto inclui também os «observadores internacionais».
Não menos sintomático é o facto de os observadores da Comunidade de Estados Independentes (CEI) que acompanharam as eleições as terem considerado «livres, abertas e transparentes», conformes com a legislação em vigor e altamente participadas.
Vladímir Rushaylo, chefe da missão da CEI, falando numa conferência de imprensa em Minsk, lembrou que o escrutínio decorreu sob uma pressão externa sem precedentes, sublinhando que as ameaças de sanções económicas e de isolamento político feitas pelos EUA e alguns governos da União Europeia só podem ser classificadas como uma ingerência no processo eleitoral bielorrusso, com o objectivo de influenciar os resultados.
Na lista negra
O cerco à Bielorrússia vem sendo preparado há longo tempo, lembrava há uma semana o diário britânico Financial Times, recordando que Washington declarou Minsk uma ameaça para os EUA e para o mundo.
Sublinhando que a Bielorrússia faz parte da lista negra dos estados classificados como despóticos pela Casa Branca, o jornal londrino assinalava que os EUA se arrogam o direito de «responder adequadamente face às violações de direitos humanos na Bielorrússia» e de retaliar caso os resultados eleitorais não lhe agradassem.
Foi o que sucedeu, pelo que é de esperar que a contestação «expontânea» às eleições se faça sentir nos próximos dias.
É possível no entanto que nem tudo corra conforme os desejos de Bush, já que a situação interna da Bielorrússia está longe de fornecer o caldo de cultura propício. Segundo dados do insuspeito Banco Mundial, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1996 a 2004 chegou aos 77,4 por cento, equivalente a uma média de 6,6 por cento.
Em 2005, o PIB aumentou 9,2 por cento, um dos indicadores mais elevados à escala mundial, segundo a ONU. Já o Banco Europeu confirma que a população bielorrussa que vive na pobreza representa menos de dois por cento da população total do país, enquanto na Letónia chega aos 11,5 por cento, na Lituânia é de 6,9 e na Ucrânia ascende a 31,4 por cento.