Na segunda volta
Desde que deixou de ser primeiro-ministro, Cavaco Silva começou a aperceber-se que eram muitos e graves os problemas que afligiam os portugueses. O paraíso que era Portugal durante a década Cavaco transformara-se num autêntico inferno mal o genial governante – apercebendo-se de que ia ser derrotado nas eleições – fugiu a sete pés para Boliqueime, donde regressou, pouco depois, para ser derrotado nas presidenciais. Remeteu-se, então, a um recolhido silêncio. Silêncio breve: pouco a pouco, começou a pronunciar-se sobre as grandes questões do País, ensinando, explicando, receitando. O ridículo Conde de Abranhos que tão bem encarnara enquanto primeiro-ministro deu lugar a um Conselheiro Acácio, mais risível do que o original porque mais pomposo e menos culto.
Eis senão quando, o grande capital lusitano viu nele a pessoa indicada para a presidência da República – quiçá seguindo um raciocínio deste género: quem tão bem serviu os nossos interesses no Governo, melhor os servirá na presidência da República, e melhor ainda quando, como os supremos interesses da Nação exigem, corrigirmos as muitas distorções abrilistas da Constituição, e construirmos o regime presidencialista de que Portugal precisa. E eis Cavaco candidato. E logo projectado pela generalidade da comunicação social dominante – que, como se sabe, é propriedade do acima referido grande capital – apresentado como o génio providencial; o salvador da Pátria; o quase certo presidente que, segundo as sondagens, na segunda volta, pulverizará qualquer dos outros candidatos; enfim, o presidente certo que, sem dúvida, as sondagens aí estão a confirmá-lo, será eleito à primeira volta (consta que está para breve a divulgação de uma sondagem a informar os portugueses e portuguesas que mais de 70% deles e delas consideram que Cavaco é o mais culto de todos os candidatos). Através de um processo de repetição exaustiva, os média levaram esta sucessão de cenários a todos os cantos e recantos do País – adaptando a fala do outro (o que dizia que uma mentira muitas vezes repetida se transforma em verdade) à modernidade mediática actual que consiste em fabricar a opinião pública através da opinião publicada muitas vezes repetida.
Acontece que, como temos visto, nem sempre as coisas se passam como eles querem. E é bem possível que em 12 de Fevereiro, na segunda volta, Cavaco seja mais uma vez derrotado. Pelo nosso lado tudo faremos para que assim seja.
Eis senão quando, o grande capital lusitano viu nele a pessoa indicada para a presidência da República – quiçá seguindo um raciocínio deste género: quem tão bem serviu os nossos interesses no Governo, melhor os servirá na presidência da República, e melhor ainda quando, como os supremos interesses da Nação exigem, corrigirmos as muitas distorções abrilistas da Constituição, e construirmos o regime presidencialista de que Portugal precisa. E eis Cavaco candidato. E logo projectado pela generalidade da comunicação social dominante – que, como se sabe, é propriedade do acima referido grande capital – apresentado como o génio providencial; o salvador da Pátria; o quase certo presidente que, segundo as sondagens, na segunda volta, pulverizará qualquer dos outros candidatos; enfim, o presidente certo que, sem dúvida, as sondagens aí estão a confirmá-lo, será eleito à primeira volta (consta que está para breve a divulgação de uma sondagem a informar os portugueses e portuguesas que mais de 70% deles e delas consideram que Cavaco é o mais culto de todos os candidatos). Através de um processo de repetição exaustiva, os média levaram esta sucessão de cenários a todos os cantos e recantos do País – adaptando a fala do outro (o que dizia que uma mentira muitas vezes repetida se transforma em verdade) à modernidade mediática actual que consiste em fabricar a opinião pública através da opinião publicada muitas vezes repetida.
Acontece que, como temos visto, nem sempre as coisas se passam como eles querem. E é bem possível que em 12 de Fevereiro, na segunda volta, Cavaco seja mais uma vez derrotado. Pelo nosso lado tudo faremos para que assim seja.