DGTT acusada de conivência com empresas

Transportes em roda livre

Com o aumento de preços anunciado para Janeiro, a subida das tarifas chega aos dez por cento, em apenas oito meses, e aos 14,5 por cento em dois anos, acusam a Festru e a USL.

Esta política é desastrosa para o País, mas não para as empresas

O Governo tem afirmado que, com a sua política de transportes, pretende fomentar o uso do transporte público e penalizar o transporte individual, «mas, na realidade, aplica uma política contrária e desastrosa».
A afirmação da Federação dos Sindicatos dos Transportes Rodoviários e Urbanos é feita numa nota à comunicação social, distribuída sexta-feira, e na qual se denuncia que «as empresas retiram e alteram horários das carreiras, sem respeitarem as concessões a que estão obrigadas, porque sabem que o Governo, através da Direcção-Geral dos Transportes Terrestres, é conivente com esta situação, pois não a fiscaliza».
Da soma dos aumentos de preços mais recentes (3,7 por cento em Maio e 3,98 por cento em Novembro) com os que estão anunciados pelo Governo (2,3 por cento), resulta que «os transportes públicos aumentam cerca de dez por cento, penalizando fortemente aqueles que normalmente os utilizam e que menos poder de compra têm, ao mesmo tempo que, com esta política, incentiva o uso do transporte individual».
Para a Festru/CGTP-IN, o Governo demonstra ainda «uma falta de sensibilidade para os problemas ambientais, de isolamento das populações e da sua segurança».
Sendo «desastrosa» para os utentes e para o País, a política seguida para este sector é claramente benéfica para as transportadoras. A federação alinha mais alguns factos que justificam esta afirmação (para além do desrespeito impune das concessões»:
- o interesse de grupos, como a Transdev, a Arriva ou o Barraqueiro, demonstra que o transporte privado de passageiros é lucrativo;
- o aumento das tarifas leva a que menos pessoas utilizem o transporte público, mas logo são alterados horários e são suprimidas carreiras, passando o prejuízo para as populações;
- desde 1992, houve uma redução de mais de 15 mil postos de trabalho e aumentou a precariedade laboral, enquanto a actualização salarial média, no ano de 2005, foi de apenas um por cento;
- as empresas receberam «milhares de euros do Estado», para renovação das frotas e como indemnizações compensatórias.

USL aponta duas medidas

«Os trabalhadores precisam de outra política, que promova a sua qualidade de vida através do aumento real dos salários e da melhoria quantitativa e qualitativa de um conjunto de serviços públicos essenciais para a sua mobilidade e bem-estar», defende a União dos Sindicatos de Lisboa, num comunicado em que protesta contra o aumento dos preços do transportes públicos». A USL/CGTP-IN exige duas alterações concretas:
- a implementação de uma política tarifária assente na intermodalidade, que garanta o acesso a títulos de transporte com preços verdadeiramente sociais;
- o investimento em veículos movidos por combustíveis mais baratos que o gasóleo e amigos do ambiente.
Os transportes, protesta a USL, estão a tornar-se «um serviço público cada vez menos social». Ora, os aumentos de preços não contrariam tal tendência, bem pelo contrário: «Esta é mais uma medida que vem agravar ainda mais o custo de vida e o orçamento das famílias com os transportes públicos, que neste momento já atinge cerca de 17 por cento do seu rendimento disponível».
A USL nota ainda que os aumentos ocorrem «apesar do preço do barril do petróleo estar a baixar». Por outro lado, «se associarmos este aumento aos que tiveram lugar nos dois últimos anos, constatamos que os preços dos transportes públicos encareceram 14,5 por cento, muito acima do valor da inflação verificada no mesmo período (4,5 por cento) e das actualizações salariais, que ficaram abaixo do valor da inflação».


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