México desafia EUA

Apelo à solidariedade contra muro racista

O Congresso mexicano apela aos parlamentos ibero-americanos para que rejeitem a construção, nos EUA, de um muro «racista» na fronteira com o México.

«O fe­nó­meno mi­gra­tório exige uma aná­lise de ca­rácter bi­la­teral»

A Câmara de Representantes dos EUA aprovou, em meados de Dezembro, uma emenda que prevê a construção de muros em vários pontos da fronteira com o México (mais de 1100 quilómetros) para impedir entrada de imigrantes clandestinos. O texto, que terá ainda de ser aprovado pelo Senado, agrava igualmente as medidas contra quem contratar trabalhadores ilegais e impõe sanções aos familiares que os ajudem a permanecer nos EUA.
Reagindo ao que considera medidas «racistas, xenófobas e violadoras dos direitos humanos», o presidente da Câmara dos Deputados mexicana, Heliodoro Díaz, enviou esta segunda-feira, 26, uma carta aos parlamentos dos países latino-americanos, de Espanha e de Portugal apelando à «unidade entre os parlamentos ibero-americanos» e pedindo que se juntem ao México na «preocupação e condenação» destes planos de Washington.
«Permita-me solicitar-lhe que (...), num acto de unidade entre Parlamentos ibero-americanos (...) seja expressa a mais ampla solidariedade com o Congresso Mexicano, a fim de que se impeça a construção de um muro na fronteira dos Estados Unidos da América com o México e a aprovação da lei que o impulsiona», refere a carta.

Efeitos ne­ga­tivos

O texto, que reuniu o consenso das duas câmaras do Congresso mexicano, sublinha o respeito pela função legislativa do Congresso dos EUA, mas considera que o fenómeno migratório, pelas suas consequências económicas e sociais, exige uma análise integrada de carácter bilateral para que possa haver uma migração legal e ordenada.
«A lei em questão, caso seja aprovada, terá efeitos muito negativos para os nossos países, tais como a criminalização da migração, o prejuízo dos direitos humanos dos que emigram para essa nação, a exacerbação do racismo contra as minorias e a transgressão de diversos acordos obtidos através dos tratados de livre comércio vigentes», destaca o documento, que foi enviado igualmente aos órgãos legislativos de Cuba e da Venezuela.
A carta de Heliodoro Díaz foi enviada no mesmo dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano, Luis Ernesto Derbez, se deslocou a Washington para manifestar de viva voz na Casa Branca o repúdio do seu país por este «muro da vergonha».
Também o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do México, José Luis Soberanes, se manifestou contra a construção do muro.
Em mensagem divulgada a semana passada, Soberanes exigiu que não haja complacência com as autoridades norte-americanas nesta matéria e reclamou respeito pelos direitos dos migrantes indocumentados.
«Não se pode actuar com tibieza face a um governo (o dos EUA) que toma decisões de extrema dureza contra a migração indocumentada”, sublinhou aquele o dirigente da CNDH.


Mais artigos de: Internacional

Resistência sobe de tom

Os primeiros resultados das eleições do passado dia 15 no Iraque avolumaram a onda de contestação popular. Governo e ocupantes são acusados de fraude.

China combate fraude

A Secretaria Nacional de Auditoria da China descobriu fraudes em fundos governamentais equivalentes a 35 800 milhões de dólares nos primeiros 11 meses de 2005, anunciou esta semana em Pequim aquele organismo.Segundo a mesma fonte, no período em causa foram investigados 22 mil funcionários públicos, do que resultou a...

Israel quer «terra de ninguém»

O exército israelita iniciou anteontem uma nova ofensiva contra os territórios autónomos palestinianos visando o estabelecimento de uma zona de acesso proibido – a chamada «terra de ninguém» - junto da fronteira com a Faixa de Gaza.As cidades de Gaza e de Beit Lagye foram alvo de bombardeamentos da aviação de Tel Aviv,...

Saddam queixa-se de tortura

Um dos advogados de defesa do ex-presidente iraquiano afirmou, sexta-feira da semana passada, que Saddam Hussein foi torturado pelos norte-americanos depois de ter sido detido, em Dezembro de 2003.Al-Dulami esclareceu que já apresentou uma queixa formal junto da justiça iraquiana, dando, desta forma, seguimento às...

Greve em Nova Iorque

Pela primeira vez desde há 25 anos, os trabalhadores do metro e dos autocarros de Nova Iorque paralisaram os serviços de transportes públicos, durante 60 horas contadas a partir das três da madrugada de 20 de Dezembro. Nos dias de semana, o sistema público de transportes serve sete milhões de pessoas. Nesses três dias não transportou ninguém.