Exploração extrema
A Confederação dos Sindicatos Irlandeses organizou, na sexta-feira, dia 9, uma jornada de solidariedade com os cerca de 550 trabalhadores da Irish Ferries, em greve desde há três semanas.
Irlandeses contestam a exploração desenfreada de imigrantes de Leste
O conflito no maior armador irlandês explodiu quando se tornou conhecida a decisão a empresa de substituir todo o pessoal de bordo por equipagens contratadas na Letónia, através de uma agência sedeada em Chipre, segundo relata a edição de sábado, do diário francês Le Monde.
Com este objectivo, a companhia de navegação pretende matricular três dos seus quatro navios no Chipre, com bandeiras de conveniência, sendo que o quarto já navega há algum tempo com as cores das Bahamas.
O abandono do pavilhão irlandês permite ao armador realizar economias substanciais, em especial nos custos de mão-de-obra, uma vez que deixa de estar obrigado a respeitar sequer o salário mínimo do país.
A Irish Continental Group, sociedade detentora da Irish Ferries, não está propriamente numa situação económica difícil. No ano passado, registou elevados lucros na ordem dos 26,5 milhões de euros, 90 por cento dos quais provieram do transporte marítimo. Num momento em que se aprofundam os sentimentos xenófobos na sociedade irlandesa, em grande parte devido à imigração maciça registada após último alargamento da União Europeia, a greve dos marinheiros galvanizou a opinião pública, obrigando mesmo o primeiro-ministro a criticar o comportamento da empresa.
Inicialmente, o liberal Bertie Ahern ainda tentou ignorar o conflito, certamente concordando com o dirigente do Banco da Irlanda, Dan MacLaughin, que recordou a propósito que «o impulso da economia irlandesa tem na sua base as deslocalizações».
Contudo, à medida que o conflito se arrastava o governante acabou por quebrar o silêncio denunciando o «comportamento indigno» do armador.
Para a central sindical dos transportes (SIPTU), que acusa a companhia de «regressar às piores práticas do século XIX», a questão é no entanto mais profunda: «Pretende-se transformar a Irlanda numa espécie de colónia de escravos, destruindo-se 40 anos de progresso social», considerou Michael Wall, dirigente do SIPTU.
Ainda segundo dados divulgados na referida edição do Le Monde, desde o alargamento da UE, em Maio de 2004, a Irlanda, com uma população de quatro milhões, registou a entrada de 150 mil imigrantes, a maioria dos quais polacos e das antigas repúblicas soviéticas do Báltico.
De acordo com o organismo oficial «Equal Authority», os operários agrícolas oriundos o Leste auferem entre 1,25 e 2,5 euros por hora; os lavadores de janelas cinco euros e as empregadas domésticas seis euros. O salário mínimo oficial é de 7,65 euros por hora.
Com este objectivo, a companhia de navegação pretende matricular três dos seus quatro navios no Chipre, com bandeiras de conveniência, sendo que o quarto já navega há algum tempo com as cores das Bahamas.
O abandono do pavilhão irlandês permite ao armador realizar economias substanciais, em especial nos custos de mão-de-obra, uma vez que deixa de estar obrigado a respeitar sequer o salário mínimo do país.
A Irish Continental Group, sociedade detentora da Irish Ferries, não está propriamente numa situação económica difícil. No ano passado, registou elevados lucros na ordem dos 26,5 milhões de euros, 90 por cento dos quais provieram do transporte marítimo. Num momento em que se aprofundam os sentimentos xenófobos na sociedade irlandesa, em grande parte devido à imigração maciça registada após último alargamento da União Europeia, a greve dos marinheiros galvanizou a opinião pública, obrigando mesmo o primeiro-ministro a criticar o comportamento da empresa.
Inicialmente, o liberal Bertie Ahern ainda tentou ignorar o conflito, certamente concordando com o dirigente do Banco da Irlanda, Dan MacLaughin, que recordou a propósito que «o impulso da economia irlandesa tem na sua base as deslocalizações».
Contudo, à medida que o conflito se arrastava o governante acabou por quebrar o silêncio denunciando o «comportamento indigno» do armador.
Para a central sindical dos transportes (SIPTU), que acusa a companhia de «regressar às piores práticas do século XIX», a questão é no entanto mais profunda: «Pretende-se transformar a Irlanda numa espécie de colónia de escravos, destruindo-se 40 anos de progresso social», considerou Michael Wall, dirigente do SIPTU.
Ainda segundo dados divulgados na referida edição do Le Monde, desde o alargamento da UE, em Maio de 2004, a Irlanda, com uma população de quatro milhões, registou a entrada de 150 mil imigrantes, a maioria dos quais polacos e das antigas repúblicas soviéticas do Báltico.
De acordo com o organismo oficial «Equal Authority», os operários agrícolas oriundos o Leste auferem entre 1,25 e 2,5 euros por hora; os lavadores de janelas cinco euros e as empregadas domésticas seis euros. O salário mínimo oficial é de 7,65 euros por hora.