Resistência sem tréguas no Iraque
O exército norte-americano e as forças iraquianas anunciaram, anteontem, que nos próximos dias deverá ter início uma nova operação militar em Bagdad. Denominada de «unidade nacional», a nova investida visa neutralizar os focos de oposição armada na capital do Iraque – pelo menos até à realização das eleições agendadas para 15 de Dezembro – e surge na sequência de um conjunto de ataques que os ocupantes têm vindo a levar a cabo sobretudo no Norte e Oeste do país, com particular destaque para a já martirizada província de Al-Anbar.
As cidades de Ramadi, Tall Afar, Nassiriya e Fallujah, e as regiões de Hit e Baquba, têm sido fustigadas, desde a semana passada, com as operações «lança» e «martelo de ferro». O objectivo é fazer vergar os iraquianos à nova ordem imposta por Washington, mas os violentos combates com os grupos da resistência e os muitos atentados direccionados às colunas e instalações militares resultaram na morte de pelo menos 14 marines e 19 soldados iraquianos em apenas dois dias, número que o comando norte-americano foi obrigado a confirmar no sábado.
As trocas de tiros e os atentados estenderam-se ainda às zonas de Kirkuk e Tikrit, cidades onde uma patrulha foi atacada e um edifício do governo títere ficou completamente destruído, respectivamente.
O número de soldados norte-americanos mortos no Iraque desde o início da invasão, em 2003, ultrapassou já os 2100.
Allawi apedrejado
A força brutal que se abate sob o quotidiano de milhares de iraquianos leva a actos de legítima revolta, os quais são quase sempre deturpados pelo poder. No domingo, à chegada a Bagdad proveniente de Najaf, o antigo primeiro-ministro, Allawi, afirmou ter sido alvo de um atentado numa mesquita daquela cidade. A verdade é, contudo, bem diferente. Várias agências internacionais reportaram que Allawi e a sua comitiva não sofreram qualquer tipo de atentado, foram, isso sim, expulsos do templo sob uma chuva de sapatos e pedras lançados pelos populares que lá se encontravam.
Vítimas civis
Entretanto, uma investigação do jornal britânico Sunday Telegraph apurou que uma das empresas de segurança privada a operar no Iraque expôs no seu sítio da Internet vídeos de ataques contra civis. Acções semelhantes têm sido denunciadas consecutivamente por vários meios de comunicação social, organizações humanitárias e testemunhos de iraquianos, mas os vídeos agora conhecidos ilustram com crueza e contundência a tragédia.
A Aegis Defense Service apressou-se a retirar da rede as sequências de imagens e procurou alijar culpas. Em comunicado, a empresa desculpou-se dizendo que o sítio não é oficial, antes pertence aos «operacionais que no terreno formam o coração e a alma da companhia», portanto, tais acções são da sua exclusiva responsabilidade. Apesar de clamar inocência, o tenente coronel Tim Spicer, fundador da Aegis, não deixou de advertir os seus mercenários que se encontram «vinculados por obrigações contratuais», pelo que se devem «abster de divulgar qualquer coisa que seja prejudicial à companhia».
A Aegis estabeleceu com a administração Bush um contrato no valor de 220 milhões de libras.
As cidades de Ramadi, Tall Afar, Nassiriya e Fallujah, e as regiões de Hit e Baquba, têm sido fustigadas, desde a semana passada, com as operações «lança» e «martelo de ferro». O objectivo é fazer vergar os iraquianos à nova ordem imposta por Washington, mas os violentos combates com os grupos da resistência e os muitos atentados direccionados às colunas e instalações militares resultaram na morte de pelo menos 14 marines e 19 soldados iraquianos em apenas dois dias, número que o comando norte-americano foi obrigado a confirmar no sábado.
As trocas de tiros e os atentados estenderam-se ainda às zonas de Kirkuk e Tikrit, cidades onde uma patrulha foi atacada e um edifício do governo títere ficou completamente destruído, respectivamente.
O número de soldados norte-americanos mortos no Iraque desde o início da invasão, em 2003, ultrapassou já os 2100.
Allawi apedrejado
A força brutal que se abate sob o quotidiano de milhares de iraquianos leva a actos de legítima revolta, os quais são quase sempre deturpados pelo poder. No domingo, à chegada a Bagdad proveniente de Najaf, o antigo primeiro-ministro, Allawi, afirmou ter sido alvo de um atentado numa mesquita daquela cidade. A verdade é, contudo, bem diferente. Várias agências internacionais reportaram que Allawi e a sua comitiva não sofreram qualquer tipo de atentado, foram, isso sim, expulsos do templo sob uma chuva de sapatos e pedras lançados pelos populares que lá se encontravam.
Vítimas civis
Entretanto, uma investigação do jornal britânico Sunday Telegraph apurou que uma das empresas de segurança privada a operar no Iraque expôs no seu sítio da Internet vídeos de ataques contra civis. Acções semelhantes têm sido denunciadas consecutivamente por vários meios de comunicação social, organizações humanitárias e testemunhos de iraquianos, mas os vídeos agora conhecidos ilustram com crueza e contundência a tragédia.
A Aegis Defense Service apressou-se a retirar da rede as sequências de imagens e procurou alijar culpas. Em comunicado, a empresa desculpou-se dizendo que o sítio não é oficial, antes pertence aos «operacionais que no terreno formam o coração e a alma da companhia», portanto, tais acções são da sua exclusiva responsabilidade. Apesar de clamar inocência, o tenente coronel Tim Spicer, fundador da Aegis, não deixou de advertir os seus mercenários que se encontram «vinculados por obrigações contratuais», pelo que se devem «abster de divulgar qualquer coisa que seja prejudicial à companhia».
A Aegis estabeleceu com a administração Bush um contrato no valor de 220 milhões de libras.