Jantar reúne gente da ciência e das artes

Uma questão de liberdade e soberania

Num jantar, realizado no passado dia 30, na Casa do Alentejo, em Lisboa, mais de 200 intelectuais manifestaram o seu apoio à candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa.

A de­mo­cracia cul­tural é uma ver­tente fun­da­mental da de­mo­cracia avan­çada

Na iniciativa, que contou com a participação do candidato presidencial, Jerónimo de Sousa, participaram conhecidas figuras da vida científica, cultural e artística nacional, bem como muitos empenhados cientistas, investigadores, professores, e trabalhadores intelectuais de muitos outros ramos, unidos pelo mesmo objectivo, o apoio ao candidato comunista.
Ao tomar da palavra, o mandatário distrital de Lisboa, Filipe Diniz, referiu-se à democracia cultural como uma das vertentes da democracia pela qual a candidatura de Jerónimo de Sousa pugna. Para o mandatário, ao falar-se de democracia cultural fala-se também de «um dos principais factores de desenvolvimento». E, citando Bento de Jesus Caraça, destacou que se fala também da «aquisição de cultura como um factor de conquista da liberdade.
Lembrando que «não há indicador, seja no plano da formação seja nos planos da criação e do desenvolvimento artístico e científico em que o nosso País não apareça na cauda da tabela», Filipe Diniz realçou que não se trata apenas de ficar atrás de países ditos desenvolvidos, mas também de outros, menos industrializados.
Por esta situação, e reconhecendo os atrasos estruturais do País, Filipe Diniz não se coíbe de responsabilizar as políticas de direita e os seus executantes. E acusa-os de terem agido em duas direcções complementares: na ausência de investimento e no prosseguimento da elitização do ensino e da criação e fruição culturais. Estas, «certamente diferentes das políticas anticulturais obscurantistas do fascismo», têm, para o mandatário, um cunho igualmente antidemocrático.
Quanto aos avanços, Filipe Diniz destaca o papel de relevo desempenhado pelas autarquias, na construção de equipamentos e no apoio aos criadores. «Não nos motiva desvalorizar o que se avançou», destacou o mandatário. Mas, assinalou, «poderia ter-se avançado muito mais se não tem sido brutalmente cerceado o impulso revolucionário de Abril». Em sua opinião, os recursos existentes – materiais e humanos – «permitem e exigem uma outra política».

Factor de so­be­rania

«Colocamos a questão do desenvolvimento artístico e científico no plano da consolidação do regime democrático» e da afirmação da soberania nacional, afirmou Filipe Diniz. Retomando a ideia expressa pelo candidato Jerónimo de Sousa na apresentação do seu compromisso com o povo, no qual se coloca a questão da subalternização nacional e as suas consequências negativas no plano da criação artística e científica), o mandatário respondeu ao artigo de uma jornalista do jornal Pú­blico que manifestou estranheza por esta concepção: «Podemos lembrar-lhe (à referida jornalista) o preocupante ritmo a que vêm emigrando cientistas e artistas, em particular os mais jovens, impossibilitados de exercer em Portugal uma actividade que corresponda às suas aspirações e competências. Podemos lembrar-lhe que cerca de 90 por cento das longas-metragens exibidas em Portugal tem origem nos Estados Unidos.»
Lembrando o aumento do volume de livros editados, Filipe Diniz ressalvou: «A percentagem de traduções já ultrapassa a dos originais portugueses, mesmo excluindo os livros de estudo e de temática científica.» O mandatário alerta para o que considera ser uma «formatação dos hábitos e dos gostos do público».
Retornando ao «Compromisso com o Povo», apresentado pelo candidato, Filipe Diniz chama a atenção para o «mercado cultural hegemonizado pelos Estados Unidos». E exemplificou, para que a jornalista finalmente compreenda o que está em causa: em 2002, o valor dos bens (quadros, pinturas e desenhos) saídos do País para a União Europeia foi de 40 mil euros. Em sentido oposto, cerca de 2 milhões de euros. Para os EUA, saíram bens no valor de 155 mil euros. Os que entraram ascendiam aos 2 milhões de euros.
In­te­lec­tuais com Je­ró­nimo de Sousa

Num manifesto subscrito por mais de duas centenas de trabalhadores intelectuais, os subscritores confiam que Jerónimo de Sousa saberá «representar fiel e determinantemente» as suas preocupações com o presente e o futuro do País.
Para os subscritores, a candidatura assumida pelo secretário-geral do PCP comporta um projecto de uma democracia simultaneamente política, económica, social e cultural. «A candidatura de Jerónimo de Sousa tem repetidamente afirmado o papel fundamental da ciência e da técnica no desenvolvimento», destaca-se no manifesto. Os apoiantes entendem que ela tem destacado a necessidade de integração dos jovens criadores, dos quadros licenciados, dos jovens investigadores e bolseiros de investigação», os mesmos que a política de direita tem mantido no desemprego ou no trabalho precário, embora sejam imprescindíveis para a inovação.


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