Sementeira
A popular máxima «prognósticos só depois do jogo» devia passar a constar dos manuais de comentadores, politólogos e outros críticos encartados da nossa praça. Evitava-se assim o desperdício de papel e de tempo de antena e, sobretudo, poupava-se o público ao sempre lamentável espectáculo da cretinice travestida de sapiência.
Muitos estarão lembrados de quanto se disse e escreveu a propósito do último Congresso do PCP e da escolha do respectivo secretário-geral. Questionou-se o método, criticou-se os protagonistas e teceu-se tanta consideração sobre o descalabro que - sem a mínima dúvida - iria atingir o PCP pelo seu alegado regresso à ortodoxia pura e dura, que qualquer observador mais incauto seria capaz de acreditar existir na comunidade política portuguesa um genuíno receio pela eventual extinção do Partido dos trabalhadores e da classe operária.
Comentadores, renovadores e outros «ores» de todos os quadrantes voltaram uma vez mais a prognosticar a morte dos comunistas, o seu desaparecimento eleitoral, a sua transformação em seita de vão de escada ou tertúlia de café. Dir-se-ia, ouvindo o alarido então feito, que para a cabeça de tão preclaras figuras é simplesmente inconcebível que um dirigente de origem operária e uma direcção partidária a condizer possam sequer aspirar a participar na vida política.
Nada mais enganador. Descontando os que se limitam a papaguear sem pensar no que dizem, verdadeiras correias de transmissão das centrais de desinformação, os que assim decretaram o fim do prazo de validade do PCP e os que já trocaram a luta pela transformação da sociedade por um lugar à mesa do orçamento sabem, e bem, que para abater quem incomoda, quem de facto lhes faz frente, quem ameaça o seu estatuto de classe dominante e exploradora é preciso pregar a «modernização», a «mudança», a «renovação», numa palavra, a descaracterização do Partido como uma organização de classe.
Daí tanto empenho em semear a dúvida e a descrença, daí o estimular do estigma dos eternos perdedores, daí a exclusão sistemática dos debates públicos e o silenciamento das posições defendidas, daí as leis feitas por medida para calar quem insiste em dar voz ao povo.
Sucede porém que as ideias e as convicções não morrem por decreto, e que a História não acaba por conveniência de uns quantos. Mesmo travando a guerra em terreno hostil, em desigualdade de circunstâncias e escassez de meios, quem escolheu ser plantador de causas nobres acaba sempre por colher algum resultado. Difícil sementeira esta, é certo, mas quão compensadora para o futuro!
É evidente que sabe bem ganhar, com isso retemperamos forças, mas o caminho que escolhemos não tem fim.
O que nos distingue é isso. É a certeza de que todas as vitórias, por pequenas ou grandes que sejam, são sempre mais um passo numa luta que não se esgota no curto tempo de uma vida, uma luta onde todos fazemos falta e ninguém é insubstituível, uma luta onde haverá sempre alguém para tomar o lugar dos que ficam pelo caminho, uma luta, enfim, onde cada dia será sempre um novo dia para semear novos rumos.
Muitos estarão lembrados de quanto se disse e escreveu a propósito do último Congresso do PCP e da escolha do respectivo secretário-geral. Questionou-se o método, criticou-se os protagonistas e teceu-se tanta consideração sobre o descalabro que - sem a mínima dúvida - iria atingir o PCP pelo seu alegado regresso à ortodoxia pura e dura, que qualquer observador mais incauto seria capaz de acreditar existir na comunidade política portuguesa um genuíno receio pela eventual extinção do Partido dos trabalhadores e da classe operária.
Comentadores, renovadores e outros «ores» de todos os quadrantes voltaram uma vez mais a prognosticar a morte dos comunistas, o seu desaparecimento eleitoral, a sua transformação em seita de vão de escada ou tertúlia de café. Dir-se-ia, ouvindo o alarido então feito, que para a cabeça de tão preclaras figuras é simplesmente inconcebível que um dirigente de origem operária e uma direcção partidária a condizer possam sequer aspirar a participar na vida política.
Nada mais enganador. Descontando os que se limitam a papaguear sem pensar no que dizem, verdadeiras correias de transmissão das centrais de desinformação, os que assim decretaram o fim do prazo de validade do PCP e os que já trocaram a luta pela transformação da sociedade por um lugar à mesa do orçamento sabem, e bem, que para abater quem incomoda, quem de facto lhes faz frente, quem ameaça o seu estatuto de classe dominante e exploradora é preciso pregar a «modernização», a «mudança», a «renovação», numa palavra, a descaracterização do Partido como uma organização de classe.
Daí tanto empenho em semear a dúvida e a descrença, daí o estimular do estigma dos eternos perdedores, daí a exclusão sistemática dos debates públicos e o silenciamento das posições defendidas, daí as leis feitas por medida para calar quem insiste em dar voz ao povo.
Sucede porém que as ideias e as convicções não morrem por decreto, e que a História não acaba por conveniência de uns quantos. Mesmo travando a guerra em terreno hostil, em desigualdade de circunstâncias e escassez de meios, quem escolheu ser plantador de causas nobres acaba sempre por colher algum resultado. Difícil sementeira esta, é certo, mas quão compensadora para o futuro!
É evidente que sabe bem ganhar, com isso retemperamos forças, mas o caminho que escolhemos não tem fim.
O que nos distingue é isso. É a certeza de que todas as vitórias, por pequenas ou grandes que sejam, são sempre mais um passo numa luta que não se esgota no curto tempo de uma vida, uma luta onde todos fazemos falta e ninguém é insubstituível, uma luta onde haverá sempre alguém para tomar o lugar dos que ficam pelo caminho, uma luta, enfim, onde cada dia será sempre um novo dia para semear novos rumos.