Sequestrados

José Casanova
Sequestro, dizem os dicionários, significa «retenção ilegal de pessoas privando-as da liberdade, com objectivos políticos», «acto pelo qual, ilicitamente, se priva uma pessoa da sua liberdade, mantendo-a em local de onde não possa sair livremente» - e outras definições semelhantes que assentam todas que nem uma luva na situação em que se encontram os cinco patriotas cubanos antiterroristas presos – sequestrados, diga-se para dizer, com rigor, a verdade - nos Estados Unidos da América.
Vítimas de um julgamento-farsa que se vingava neles do exemplo de resistência e de firmeza revolucionária que Cuba representa; com sentenças brutais previamente decididas (ao bom estilo fascista), os cinco jovens cubanos enfrentaram com extrema dignidade, coragem e patriotismo a injustiça de que foram alvo, ao mesmo tempo, que, por todo o mundo (inclusive nos EUA), tem vindo a desenvolver-se um poderoso movimento de solidariedade e de exigência de anulação da mascarada que fora o julgamento de Miami. Amplamente confirmados que foram os atropelos legais cometidos, o julgamento foi anulado há cerca de um mês. Só que, em vez de fazer o que era lógico, humano e justo fazer – libertar de imediato os cinco prisioneiros pedindo-lhes desculpas pela injustiça de que haviam sido vítimas e, por que não?, louvá-los pela sua acção antiterrorista – a justiça do Império não só mantém os cinco jovens na prisão, como os mantém sujeitos às condições prisionais determinadas na sequência do julgamento-farsa: todos em prisões de alta segurança, separados uns dos outros, com limitações ou proibições de visitas de familiares e amigos. Ou seja: demonstrada a falsidade das acusações que levaram às condenações dos cinco patriotas; confirmada a bambochata que foi o julgamento e anulado este por incompatível com a justiça democrática – os presos, inocentes, continuam na prisão e tratados como se fossem perigosos malfeitores. E a verdade é que, neste momento, os cinco patriotas cubanos estão presos sem que contra eles exista qualquer acusação credível.
É contra isto que urge protestar, exigindo que seja posto fim imediato ao sequestro e que os cinco jovens antiterroristas sejam restituídos à liberdade e regressem para junto das suas famílias e dos seus amigos. E é prosseguindo, ampliando e intensificando as acções de solidariedade que essa exigência pode ter êxito.


Mais artigos de: Opinião

Malabaristas

Nas hostes sionistas mais radicais alguém se lembrou de associar à recente retirada dos colonos de Gaza o Holocausto nazi. Embora condenada à partida, a encenação foi posta em marcha e vale como marca do nosso tempo. Não vemos, por exemplo, o presidente norte-americano impudentemente comparar a resistência iraquiana aos...

A «rentrée» do PS e a mistificação.

Há uns poucos anos que, no início de Setembro, se vive este momento de confronto entre conceitos e modos de estar e intervir na política bem distintos, que repercutem diferenças de classe essenciais na sociedade portuguesa.
Dum lado os que se colocam no terreno da «rentrée», da mistificação e da «marcação da agenda política», conforme os axiomas do «marketing» e dos «spin doctors» (doutores em manipulação), do outro os que fazem a Festa do Avante como espaço/tempo de alegria, de cultura, de intervenção e iniciativa política, num percurso de luta pela transformação social.

Justiça

Uma das frases-feitas que por aí cresceram nos últimos anos e que deixam muito boa gente perplexa, é aquela que diz assim: «Eu tenho confiança na Justiça».A confiança é feita de muitas convicções mas, seguramente, tem de ser ancorada em provas dadas, passada pelo crivo de uma experiência que põe de lado questões menores,...

O regresso do «homem do leme»

Disse, dias atrás, o ex-ministro cavaquista Silva Peneda que as eleições presidenciais vão ser decididas «muito mais em função do passado dos candidatos do que em relação às promessas». Outras razões não houvesse, e bastaria a afirmação para ajuizar da justeza da decisão do PCP em avançar com candidato próprio....

Fronteiras da corrupção

Suscitou muita controvérsia, na comunicação social e nos meios da política dominante, a última entrevista do vereador do Urbanismo e vice-presidente da Câmara Municipal do Porto. À revista Visão disse na semana passada mais do que já tinha dito noutras ocasiões. Anteontem, no Departamento Central de Investigação e Acção...