A «rentrée» do PS e a mistificação.
Há uns poucos anos que, no início de Setembro, se vive este momento de confronto entre conceitos e modos de estar e intervir na política bem distintos, que repercutem diferenças de classe essenciais na sociedade portuguesa.
Dum lado os que se colocam no terreno da «rentrée», da mistificação e da «marcação da agenda política», conforme os axiomas do «marketing» e dos «spin doctors» (doutores em manipulação), do outro os que fazem a Festa do Avante como espaço/tempo de alegria, de cultura, de intervenção e iniciativa política, num percurso de luta pela transformação social.
Dum lado os que se colocam no terreno da «rentrée», da mistificação e da «marcação da agenda política», conforme os axiomas do «marketing» e dos «spin doctors» (doutores em manipulação), do outro os que fazem a Festa do Avante como espaço/tempo de alegria, de cultura, de intervenção e iniciativa política, num percurso de luta pela transformação social.
Aí estão de novo – PS, PSD e BE – em «rentrée», precisamente no fim-de-semana da nossa Festa do Avante!
Para a história da «rentrée»
A «rentrée» fez-se moda no PSD ainda nos anos 70. Depois - importa agora lembrá-lo -, os comícios do Pontal tornaram-se elemento chave das inúmeras ofensivas reaccionárias do «cavaquismo», das suas mistificações, remodelações, «pacotes» e manobras, em conflito com os reais interesses deste povo.
Em meados dos anos 90, com as televisões privadas e o PS de Guterres, a «rentrée» tornou-se ainda mais postiça, espécie de «grande noite» do «prémio» da melhor produção/realização do espectáculo (televisivo) da «bipolarização».
Aos poucos, com a ajuda «preciosa» do CDS de P.Portas, cresceu a artificialidade e a dimensão da treta dos «factos políticos» e foi-se degradando o «share» da «tele-rentrée».
E sobrou a mistificação e o ilusionismo: para enganar os portugueses, para fugir ao cumprimento das promessas eleitorais, para dar mais um passo nas políticas de direita, na nomeação de «boys» e no serviço dos grandes interesses, ou forjar um qualquer «pacto» de «bloco central» de delapidação do regime democrático.
O desvalor das iniciativas de «rentrée» atingiu o ponto crítico em 2004. Os «comentadores» do costume somaram argumentos sobre o «modelo esgotado» e «sem sentido», F.Louçã, campeão do «tele-evangelismo», perorou sobre a «fórmula muito artificial, à medida do espectáculo televisivo». E a verdade é que não houve «rentrée». Embora as «más línguas» recordem que o PS estava sem Direcção e o PSD em crise de identidade com P.S.Lopes.
Mas hoje, apenas um ano depois, aí estão de novo – PS, PSD e BE– em «rentrée», precisamente no fim de semana da nossa Festa do Avante. Afinal a conjuntura mudou e vai haver eleições. Há que «marcar a agenda» com novas mistificações, como se já não bastasse a perversão do regime democrático, que resultou de todos estes anos de «rentrée», incumprimento de promessas e políticas de direita.
A «rentrée» do PS/Sócrates
Sócrates vai estar no comício PS de sexta-feira, mas a «rentrée» prolonga-se por três fins de semana. Assim se procura, nas palavras de J.Coelho e P.S.Pereira, «reverter um mau momento» e «recuperar a confiança» do partido do Governo, desgastado nas promessas incumpridas, no escândalo dos «boys», na inépcia nos fogos florestais, no agravamento da crise económica e na resistência dos trabalhadores.
Procura-se a mobilização de apoios e «adesivos» para as próximas batalhas, desde logo as autárquicas, em que Sócrates vai avisando que não vai intervir muito, por «razões de Estado», mas, de facto, para fugir da «leitura nacional» dos resultados, que, em 2001, levou Guterres à demissão e o PS à derrota. E que o PSD de M.Mendes espera quietinho, que se some a uma putativa vitória presidencial de Cavaco, para voltar ao governo.
E, não custa adivinhar, que a «rentrée» do PS, espectacular e mediática, vai escamotear o essencial – o agravamento das políticas de direita, no imediato e no Orçamento de 2006, as «novas» medidas restritivas contra salários, pensões, reformas e direitos dos trabalhadores e o ataque às funções sociais do Estado. E vão soltar-se todas as «tretas» para «marcar a agenda» com manobras de diversão e mistificação – a sempre (im)prestável «reforma do sistema político», como se antes alguma tivesse feito mais que piorar a situação; o recorrente «referendo da IVG», transformado, em aliança com o BE, no instrumento eficaz para impedir a resolução deste problema; e as presidenciais, que Sócrates tenta usar para esconder as suas políticas de direita e não para travar o assalto das forças e projectos autoritários da direita à Presidência.
Assim vai ser a «rentrée» do PS. E no final muitos portugueses estarão mais descrentes e o regime democrático mais empobrecido.
E, também por isso, a nossa Festa assume um valor acrescido. Espaço de verdade e de luta pela transformação social, ao serviço dos trabalhadores, do povo e da pátria, a Festa do Avante! é um instrumento de fazer história e de confiança no futuro da humanidade.
A «rentrée» fez-se moda no PSD ainda nos anos 70. Depois - importa agora lembrá-lo -, os comícios do Pontal tornaram-se elemento chave das inúmeras ofensivas reaccionárias do «cavaquismo», das suas mistificações, remodelações, «pacotes» e manobras, em conflito com os reais interesses deste povo.
Em meados dos anos 90, com as televisões privadas e o PS de Guterres, a «rentrée» tornou-se ainda mais postiça, espécie de «grande noite» do «prémio» da melhor produção/realização do espectáculo (televisivo) da «bipolarização».
Aos poucos, com a ajuda «preciosa» do CDS de P.Portas, cresceu a artificialidade e a dimensão da treta dos «factos políticos» e foi-se degradando o «share» da «tele-rentrée».
E sobrou a mistificação e o ilusionismo: para enganar os portugueses, para fugir ao cumprimento das promessas eleitorais, para dar mais um passo nas políticas de direita, na nomeação de «boys» e no serviço dos grandes interesses, ou forjar um qualquer «pacto» de «bloco central» de delapidação do regime democrático.
O desvalor das iniciativas de «rentrée» atingiu o ponto crítico em 2004. Os «comentadores» do costume somaram argumentos sobre o «modelo esgotado» e «sem sentido», F.Louçã, campeão do «tele-evangelismo», perorou sobre a «fórmula muito artificial, à medida do espectáculo televisivo». E a verdade é que não houve «rentrée». Embora as «más línguas» recordem que o PS estava sem Direcção e o PSD em crise de identidade com P.S.Lopes.
Mas hoje, apenas um ano depois, aí estão de novo – PS, PSD e BE– em «rentrée», precisamente no fim de semana da nossa Festa do Avante. Afinal a conjuntura mudou e vai haver eleições. Há que «marcar a agenda» com novas mistificações, como se já não bastasse a perversão do regime democrático, que resultou de todos estes anos de «rentrée», incumprimento de promessas e políticas de direita.
A «rentrée» do PS/Sócrates
Sócrates vai estar no comício PS de sexta-feira, mas a «rentrée» prolonga-se por três fins de semana. Assim se procura, nas palavras de J.Coelho e P.S.Pereira, «reverter um mau momento» e «recuperar a confiança» do partido do Governo, desgastado nas promessas incumpridas, no escândalo dos «boys», na inépcia nos fogos florestais, no agravamento da crise económica e na resistência dos trabalhadores.
Procura-se a mobilização de apoios e «adesivos» para as próximas batalhas, desde logo as autárquicas, em que Sócrates vai avisando que não vai intervir muito, por «razões de Estado», mas, de facto, para fugir da «leitura nacional» dos resultados, que, em 2001, levou Guterres à demissão e o PS à derrota. E que o PSD de M.Mendes espera quietinho, que se some a uma putativa vitória presidencial de Cavaco, para voltar ao governo.
E, não custa adivinhar, que a «rentrée» do PS, espectacular e mediática, vai escamotear o essencial – o agravamento das políticas de direita, no imediato e no Orçamento de 2006, as «novas» medidas restritivas contra salários, pensões, reformas e direitos dos trabalhadores e o ataque às funções sociais do Estado. E vão soltar-se todas as «tretas» para «marcar a agenda» com manobras de diversão e mistificação – a sempre (im)prestável «reforma do sistema político», como se antes alguma tivesse feito mais que piorar a situação; o recorrente «referendo da IVG», transformado, em aliança com o BE, no instrumento eficaz para impedir a resolução deste problema; e as presidenciais, que Sócrates tenta usar para esconder as suas políticas de direita e não para travar o assalto das forças e projectos autoritários da direita à Presidência.
Assim vai ser a «rentrée» do PS. E no final muitos portugueses estarão mais descrentes e o regime democrático mais empobrecido.
E, também por isso, a nossa Festa assume um valor acrescido. Espaço de verdade e de luta pela transformação social, ao serviço dos trabalhadores, do povo e da pátria, a Festa do Avante! é um instrumento de fazer história e de confiança no futuro da humanidade.