Preocupações
Quase sempre os comentários que aqui inserimos reportam-se a notícias que vemos, ouvimos e lemos (e não podemos ignorar, como escrevia o poeta). Mas desta vez não podermos passar sem citar, passo a passo, uma notícia distribuída pela agência EFE e da autoria de Alberto Masegosa, um texto que, ao que sabemos, foi ignorado pela grande maioria dos jornais de «referência», seja lá o que isso for.
Escreve aquele correspondente nos Estados Unidos que «o Pentágono prepara uma agressiva campanha de alistamento nas escolas públicas de Nova Iorque, face ao decréscimo no recrutamento de jovens que receiam ser enviados para o Iraque».
Por cá, face ao «voluntariado» que passou a ser a fonte exclusiva do recrutamento para as forças armadas, já tivemos assim como que umas ideias brilhantes para promover o gosto pelas armas, lembremo-nos das mirabolantes promoções de Paulo Portas. Mas por lá o caso é mais grave, quando o jornalista nos revela que «os militares recorriam a informação privilegiada para centrar o seu esforço de captação entre estudantes com notas baixas ou inadaptados para convertê-los na “próxima geração de heróis”», segundo leu no diário nova-iorquino AM New York.
O Departamento de Defesa dos EUA manipula assim «listas de alunos que as autoridades federais facilitaram e nas quais figuram o nome, endereço e número de telefone de adolescentes com problemas nos estudos».
Tais listas, elaboradas com o objectivo de proceder a um acompanhamento dos alunos com dificuldades, são usadas agora para fins militares, o que tem vindo a suscitar o protesto de grupos de defesa dos direitos civis, que denunciam o carácter abusivo e não desejado de um alistamento a que os jovens são sujeitos.
Não sei se estão a ver a coisa. Um jovem, geralmente oriundo de famílias economicamente debilitadas, que vá somando fracassos na escola e se veja no limite da sua formação sem perspectivas de vida, é aliciado para uma vida «melhor», tipo «vem connosco conhecer o mundo que a gente paga, com cama, mesa e roupa lavada».
Grupos de militares veteranos do Iraque vão assim contactar os alunos, contam uma anedotas e descrevem as maravilhas da «guerra contra o terror» como é chamada a campanha de Bush e dos seus cúmplices.
É que a companha não tem corrido muito bem. A notícia que vimos citando refere que actualmente se encontram destacados no Iraque cerca de 138 mil soldados (fora os mercenários que são um enxame), e que Bush já admitiu que não há calendário para a saída do país ocupado, Por seu turno, o chefe do Estado Maior do Exército, o general Shoomaker, disse numa recente entrevista que prepara um plano para o pior dos cenários – o envio de mais 100 mil soldados para o Iraque até 2009. Até há dias, foram mortos 1863 soldados dos EUA naquele país desde o início da invasão, e os feridos somam mais de 14 mil. Um sargento encarregado do recrutamento em Mahnattan, citado por Masegosa, refere que são os pais dos alunos quem expressa maior preocupação com o ingresso dos filhos na tropa. «Quem não se preocupa é porque está louco», terá afirmado.
Nós, por cá, muito longe do terreno, também nos preocupamos.
Escreve aquele correspondente nos Estados Unidos que «o Pentágono prepara uma agressiva campanha de alistamento nas escolas públicas de Nova Iorque, face ao decréscimo no recrutamento de jovens que receiam ser enviados para o Iraque».
Por cá, face ao «voluntariado» que passou a ser a fonte exclusiva do recrutamento para as forças armadas, já tivemos assim como que umas ideias brilhantes para promover o gosto pelas armas, lembremo-nos das mirabolantes promoções de Paulo Portas. Mas por lá o caso é mais grave, quando o jornalista nos revela que «os militares recorriam a informação privilegiada para centrar o seu esforço de captação entre estudantes com notas baixas ou inadaptados para convertê-los na “próxima geração de heróis”», segundo leu no diário nova-iorquino AM New York.
O Departamento de Defesa dos EUA manipula assim «listas de alunos que as autoridades federais facilitaram e nas quais figuram o nome, endereço e número de telefone de adolescentes com problemas nos estudos».
Tais listas, elaboradas com o objectivo de proceder a um acompanhamento dos alunos com dificuldades, são usadas agora para fins militares, o que tem vindo a suscitar o protesto de grupos de defesa dos direitos civis, que denunciam o carácter abusivo e não desejado de um alistamento a que os jovens são sujeitos.
Não sei se estão a ver a coisa. Um jovem, geralmente oriundo de famílias economicamente debilitadas, que vá somando fracassos na escola e se veja no limite da sua formação sem perspectivas de vida, é aliciado para uma vida «melhor», tipo «vem connosco conhecer o mundo que a gente paga, com cama, mesa e roupa lavada».
Grupos de militares veteranos do Iraque vão assim contactar os alunos, contam uma anedotas e descrevem as maravilhas da «guerra contra o terror» como é chamada a campanha de Bush e dos seus cúmplices.
É que a companha não tem corrido muito bem. A notícia que vimos citando refere que actualmente se encontram destacados no Iraque cerca de 138 mil soldados (fora os mercenários que são um enxame), e que Bush já admitiu que não há calendário para a saída do país ocupado, Por seu turno, o chefe do Estado Maior do Exército, o general Shoomaker, disse numa recente entrevista que prepara um plano para o pior dos cenários – o envio de mais 100 mil soldados para o Iraque até 2009. Até há dias, foram mortos 1863 soldados dos EUA naquele país desde o início da invasão, e os feridos somam mais de 14 mil. Um sargento encarregado do recrutamento em Mahnattan, citado por Masegosa, refere que são os pais dos alunos quem expressa maior preocupação com o ingresso dos filhos na tropa. «Quem não se preocupa é porque está louco», terá afirmado.
Nós, por cá, muito longe do terreno, também nos preocupamos.