Luta na construção e pedreiras do Norte

Reforma aos 55 anos

A penosidade do trabalho e as proporções das doenças profissionais levaram a estrutura sindical da CGTP-IN no sector a anunciar uma «greve inédita» para 27 de Outubro.

É justo e real reduzir a idade de reforma

Em conferência de imprensa, dada no Porto na semana passada, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Madeiras, Mármores, Pedreiras, Cerâmica e Materiais de Construção do Norte e Viseu explicou os contornos da luta em preparação. «Os trabalhadores dos sectores da construção e pedreiras vão deslocar-se a Lisboa, onde se concentrarão, em frente à Assembleia da República, para exigir a idade de reforma aos 55 anos de idade ou aos 40 anos de descontos para a Segurança Social», acção que se realiza «pela primeira vez, na história de luta deste sindicato».
Aos grupos parlamentares será entregue «um documento fundamentado, em termos médicos», reclamando «que tomem medidas legislativas que materializem as nossas propostas».
A proposta de redução da idade de reforma «é perfeitamente suportável, quer no plano económico, quer no plano financeiro», mas «o mais importante é o reconhecimento social e laboral dos trabalhadores» daqueles sectores. Realça o sindicato que eles «não possuem a qualidade de vida como trabalhadores dos outros sectores, devido ao desgaste inerente à actividade e à constante exposição»
Na nota divulgada dia 3 aos jornalistas, o sindicato chama a atenção para o facto de que «milhares de trabalhadores dos sectores da construção e das pedreiras continuam a morrer antes da idade da reforma», destacando que se trata de ramos de actividade «de elevado desgaste físico e também psicológico, em virtude das condições adversas de laboração a que os trabalhadores são expostos diariamente».
Das doenças profissionais que afectam os operários da construção e das pedreiras, o sindicato refere duas, como exemplo das consequências da laboração em tais condições: a pneumoconiose, devida à fixação de poeiras nos pulmões, e a doença vibratória, provocada pela utilização prolongada de martelos pneumáticos. A pneumoconiose, tal como a surdez, são irreversíveis, o que leva o sindicato a insistir na necessidade de cumprimento nas normas de higiene, saúde e segurança no trabalho.
Refere a nota que, no quadro de uma campanha em curso, com apoio do Instituto para a Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho, o sindicato verificou que «60 por cento das pedreiras não respeitam as mais elementares normas». E relata mesmo o caso de uma empresa, onde os trabalhadores, a laborar há mais de 27 anos, ainda não tinham feito qualquer exame de Medicina do Trabalho. O primeiro foi realizado depois de uma acção de sensibilização do sindicato.

Alarme social

O sindicato manifestou ainda, na referida conferência de imprensa, preocupação especial pela «situação bastante difícil» que se vive em «centenas de empresas» da construção civil, que se debatem com a escassez de trabalho. «Muitas têm trabalho em carteira apenas até ao fim do ano», alerta o sindicato, que afirma estarem hoje «muitos trabalhadores com salários em atraso». Como exemplo, são referidas as empresas Construções S. Jorge, ACCIOP, Joaquim Oliveira Azevedo, Ferseque, Geada & Babo, Civibral, Oficialpinta e Fercávado.
Prevendo o agravamento da situação, o sindicato solicitou, a 4 de Julho, uma audiência urgente com o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações. Passados nove dias, o gabinete de Mário Lino informou não ser possível a marcação da audiência a curto prazo. «Nunca este sindicato e os trabalhadores do sector obtiveram tal resposta dos inúmeros e sucessivos governos, aos quais foram solicitadas audiências», protestou a direcção sindical.


Mais artigos de: Trabalhadores

Prioridade à produção

O agravamento do défice da balança comercial, que subiu 15 por cento nos primeiros cinco meses deste ano, preocupa a CGTP-IN, que coloca a destruição do sector produtivo como primeira causa daquele aumento.

<em>Eurozinc</em> atrasa a retoma

A multinacional canadiana está a atrasar o reinício da laboração nas Pirites Alentejanas, previsto para Junho, acusou o STIM/CGTP-IN, após uma reunião com o Governo.

Alarme na pesca

«O país está a arder e os pescadores também», clama o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, que na sexta-feira realizou uma conferência de imprensa, em Matosinhos, após uma reunião com a Propeixe – Organização de Produtores de Sardinha. «A não serem tomadas medidas urgentes de apoio às pescas, este é um sector...

Festru exige medidas após acidente mortal

Reagindo ao acidente na auto-estrada do Norte, que vitimou, dia 1, um motorista da empresa Luís Simões, a Federação dos Sindicatos de Transportes Rodoviários e Urbanos reclamou a intervenção urgente dos ministros da Administração Interna, do Trabalho e dos Transportes. O acidente, refere a Festru/CGTP-IN, em...

Refinaria do Porto tem futuro

A Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal veio reafirmar o empenho na defesa da Refinaria do Porto, num comunicado em que protesta contra as várias «abordagens sobre a segurança» naquela unidade.No Terminal de Leixões, ocorreu a 31 de Julho do ano passado um acidente, com incêndio. No entanto, «um ano e alguns dias...

Obtido acordo na <em>Soflusa</em>

Entre os representantes dos trabalhadores e a administração da Soflusa foi concluído, na passada quinta-feira, dia 4, um acordo de princípio sobre a revisão do acordo de empresa.«É um acordo razoável que, não dando resposta a tudo o que os trabalhadores exigem, responde para já a algumas questões, deixando as outras em...