Exemplo esclarecedor
Nesta semana em que se assinalaram os 50 anos do lançamento das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, um cronista do Diário de Notícias, fez frente aos milhões de pessoas que em todo o mundo condenaram esse acto de barbárie. Defendendo a utilização das bombas atómicas, classificou os que o condenam como imbecis, escrevendo:
«Nunca ninguém se enganou a sobrestimar a imbecilidade humana».
Certamente para esclarecer imbecis, avançou argumentos: A bomba salvou muitas pessoas, «especialmente japoneses». O Japão ficou arrumado de vez, e nem foi preciso morrerem mais soldados americanos, como já tinha acontecido a 10 mil na tomada de Iwo Jima.
Lendo isto pareceu-me ouvir, vinda do além, a voz do presidente Trunan de há 50 anos atrás...
Reforçando a sua argumentação para imbecis, o cronista do passado domingo alinha números de mortos nos bombardeamentos de cidades alemãs, «arrasadas à noite com crescente eficácia pela Royal Ari Force», recorda. E contabiliza: 50 mil em Hamburgo, 40 mil em Dresden, 50 mil em Berlim, num total de mais de 300 mil. Junta-lhes depois o milhão de mortos nos bombardeamentos das cidades japonesas, enumerando: «Tóquio, Nagoya, Kobe, Osaka,Yokohana, Kawasaki e dezenas de outras» que, informa, a aviação do general americano LeMay «obliterou».
Porque sou pessoa de boa vontade, tentei compreender o raciocínio do cronista esclarecido: só um imbecil não entenderá, suponho que ele quis dizer, que é melhor fazer meio milhão de mortos por atacado em vez de o andar fazendo a retalho.
Talvez por distracção o cronista de domingo passado ainda concede:
«Bloqueado, sem gasolina, o Japão estava perdido».
É evidentemente uma distracção do cronista esclarecido. Só imbecis podem considerar o uso das armas atómicas pelos Estados Unidos em 1945, já depois da capitulação da Alemanha, não como um acto de guerra contra o Japão, mas sim como o primeiro acto do início da guerra fria.
... Realmente, «nunca ninguém se enganou a sobrestimar a imbecilidade humana».
Ah, valente!
«Nunca ninguém se enganou a sobrestimar a imbecilidade humana».
Certamente para esclarecer imbecis, avançou argumentos: A bomba salvou muitas pessoas, «especialmente japoneses». O Japão ficou arrumado de vez, e nem foi preciso morrerem mais soldados americanos, como já tinha acontecido a 10 mil na tomada de Iwo Jima.
Lendo isto pareceu-me ouvir, vinda do além, a voz do presidente Trunan de há 50 anos atrás...
Reforçando a sua argumentação para imbecis, o cronista do passado domingo alinha números de mortos nos bombardeamentos de cidades alemãs, «arrasadas à noite com crescente eficácia pela Royal Ari Force», recorda. E contabiliza: 50 mil em Hamburgo, 40 mil em Dresden, 50 mil em Berlim, num total de mais de 300 mil. Junta-lhes depois o milhão de mortos nos bombardeamentos das cidades japonesas, enumerando: «Tóquio, Nagoya, Kobe, Osaka,Yokohana, Kawasaki e dezenas de outras» que, informa, a aviação do general americano LeMay «obliterou».
Porque sou pessoa de boa vontade, tentei compreender o raciocínio do cronista esclarecido: só um imbecil não entenderá, suponho que ele quis dizer, que é melhor fazer meio milhão de mortos por atacado em vez de o andar fazendo a retalho.
Talvez por distracção o cronista de domingo passado ainda concede:
«Bloqueado, sem gasolina, o Japão estava perdido».
É evidentemente uma distracção do cronista esclarecido. Só imbecis podem considerar o uso das armas atómicas pelos Estados Unidos em 1945, já depois da capitulação da Alemanha, não como um acto de guerra contra o Japão, mas sim como o primeiro acto do início da guerra fria.
... Realmente, «nunca ninguém se enganou a sobrestimar a imbecilidade humana».
Ah, valente!