O descobridor
Em entrevista ao JN, Pedro Magalhães (PM) – politólogo e coordenador do projecto «Comportamento Eleitoral dos Portugueses» - produz uma série de considerações que, podendo ter sido produzidas antes mesmo de o «projecto» ter nascido, podem ser, também e desde já, as conclusões do dito «projecto» agora iniciado.
Segundo os estudos a que PM e a sua equipa procederam, os órgãos de comunicação social não teriam «grande influência nas escolhas eleitorais» dos portugueses. Isto porque, descobriu o politólogo, «o nosso panorama nacional de Comunicação Social é do ponto de vista político e ideológico relativamente neutral». Descoberta sensacional, esta, e que nos empurra para uma interrogação imediata: será que do grupo de investigadores coordenados por PM, não há um único que leia jornais, oiça rádios, veja televisões?
Há, claro que há: o próprio PM, é capaz de ser um deles, caso contrário como é que saberia que «há muita opinião transmitida pelos meios de Comunicação Social»?; e que essa opinião é «muitas vezes negativa em relação aos lideres políticos»? Ora, para saber tanta coisa, é necessário ler, ver e ouvir os média. A dúvida que me assalta é se o politólogo sabe ler, ver e ouvir – dúvida legítima dada a descoberta que faz e que nos oferece e segundo a qual «essa negatividade é distribuída pelos diferentes partidos» o que «anula qualquer efeito a favor de um partido ou outro».
Descoberta, assim, a imparcialidade da comunicação social, o politólogo descobre, ainda, que «as opiniões sobre as políticas» e «as avaliações da economia», constituem «informação absolutamente essencial para determinar que opinião é que as pessoas formam». Mas logo alerta para o facto de, segundo diz, essas «opiniões» e «avaliações» não virem da comunicação social mas sim (diz, falando por si) «das pessoas da minha família», «das pessoas que eu conheço e em quem confio» - as quais, está-se mesmo a ver, não consomem comunicação social e, por isso, não são por ela influenciadas...
Uma coisa é certa: as conclusões do «projecto» de PM hão-de provocar aplausos dos partidos que, mascarados de alternativos, há cerca de trinta anos se revezam nos governos na aplicação da mesma política de direita ao serviço dos interesses do grande capital – o tal que é proprietário dos tais órgãos de comunicação social que são política e ideologicamente neutrais, como descobriu Pedro Magalhães, o descobridor.
Segundo os estudos a que PM e a sua equipa procederam, os órgãos de comunicação social não teriam «grande influência nas escolhas eleitorais» dos portugueses. Isto porque, descobriu o politólogo, «o nosso panorama nacional de Comunicação Social é do ponto de vista político e ideológico relativamente neutral». Descoberta sensacional, esta, e que nos empurra para uma interrogação imediata: será que do grupo de investigadores coordenados por PM, não há um único que leia jornais, oiça rádios, veja televisões?
Há, claro que há: o próprio PM, é capaz de ser um deles, caso contrário como é que saberia que «há muita opinião transmitida pelos meios de Comunicação Social»?; e que essa opinião é «muitas vezes negativa em relação aos lideres políticos»? Ora, para saber tanta coisa, é necessário ler, ver e ouvir os média. A dúvida que me assalta é se o politólogo sabe ler, ver e ouvir – dúvida legítima dada a descoberta que faz e que nos oferece e segundo a qual «essa negatividade é distribuída pelos diferentes partidos» o que «anula qualquer efeito a favor de um partido ou outro».
Descoberta, assim, a imparcialidade da comunicação social, o politólogo descobre, ainda, que «as opiniões sobre as políticas» e «as avaliações da economia», constituem «informação absolutamente essencial para determinar que opinião é que as pessoas formam». Mas logo alerta para o facto de, segundo diz, essas «opiniões» e «avaliações» não virem da comunicação social mas sim (diz, falando por si) «das pessoas da minha família», «das pessoas que eu conheço e em quem confio» - as quais, está-se mesmo a ver, não consomem comunicação social e, por isso, não são por ela influenciadas...
Uma coisa é certa: as conclusões do «projecto» de PM hão-de provocar aplausos dos partidos que, mascarados de alternativos, há cerca de trinta anos se revezam nos governos na aplicação da mesma política de direita ao serviço dos interesses do grande capital – o tal que é proprietário dos tais órgãos de comunicação social que são política e ideologicamente neutrais, como descobriu Pedro Magalhães, o descobridor.