Operação “G-8”
O Live 8 constituiu a mais espectacular e ruidosa operação de promoção do «G8»
Nunca deve ter havido uma Cimeira do «G-8» tão mediatizada como aquela que acaba de ter lugar em Gleneagles, na Escócia, tendo o Tony Blair como anfitrião. Tal facto não pode deixar de ser motivo de reflexão, nomeadamente tendo em conta uma conjuntura internacional em que avultam as crescentes dificuldades das forças de ocupação no Iraque e Afeganistão, a crise na União Europeia, a estagnação e incerteza que dominam a economia capitalista, as contradições interimperialistas e significativos processos de arrumação de forças, a forte resistência e luta dos povos.
Para tal mediatização concorreram naturalmente os atentados bombistas de Londres, confirmando a quem sempre serve o terrorismo sejam quais forem as suas motivações e responsáveis materiais. Tony Blair, Bush e outros expoentes da «nova ordem» surgiram de imediato como grandes campeões do «modo de vida» e da «segurança» do mundo ocidental, prontos a reforçar o militarismo, a bombardear qualquer país que apontem como «santuário de terroristas», a impor novas amputações a direitos e liberdades fundamentais e a dar novos passos na configuração um sistema de poder autoritário de contornos cada vez mais inquietantes.
Mas concorreu sobretudo a campanha orquestrada ao longo de semanas em torno da chamada «ajuda a África», que teve como ponto alto de hipocrisia e manipulação ideológica, o espectáculo musical Live 8 contando com colossais apoios políticos e financeiros e realizado simultaneamente em grandes cidades dos diferentes países do «G8». Numa transmissão mundial que visou atingir 5500 milhões de pessoas, o Live 8 constituiu a mais espectacular e ruidosa operação de promoção do «G8» jamais realizada, com o ambicioso objectivo de legitimar perante os povos um grupo informal de países poderosos, constituído à margem das instituições e da legalidade internacionais, auto erigido em Directório do mundo. Além de propagandear como dádivas generosas vagas promessas e medidas demagógicas, que são aliás expressão da política de recolonização imperialista do continente africano e de todo o planeta.
Porém o sucesso de tais propósitos está à partida limitado pela própria ambição e descaramento dos seus mentores na publicitação de rostos, políticas e ideias que vão de Bill Gates e do próprio Tony Blair (que ainda assim evitou uma presença em palco que podia deitar tudo a perder) à «revolução» de Madona. O tempo das grandes ilusões na bondade do capital está a terminar. As duras lições da experiência prática vão fazendo o seu caminho. A África e os africanos estão fartos de promessas e sofrimento. Estendendo a mão à caridade o continente não avança, recua. Não se liberta, torna-se cada dia mais dependente, mais sangrado nas suas riquezas, mais invadido pelas multinacionais e bases militares agressivas. E mesmo com o aval de homens de mão do imperialismo como Obanjo, da Nigéria, não há operação mediática que consiga ocultar o colossal embuste das decisões do «G8», mantendo intocadas as suas refinadas políticas de espoliação, já que mesmo as mais insignificantes medidas estão acompanhadas de ruinosas e humilhantes condições. Mais cedo do que tarde – e é esse «perigo» que o «G8» imperialista tem em vista quando anuncia o seu apoio a uma «força de paz» africana de 75 000 homens - os povos do continente negro retomarão os caminhos de libertação que algumas décadas atrás tantas esperanças despertaram.
Entretanto o embuste da «ajuda» não visa apenas enganar e desmobilizar os africanos e justificar a crescente ingerência imperialista em África. Visa também servir de cortina de fumo para decisões e compromissos de grande alcance como sejam o prosseguimento da ofensiva agressiva no Médio Oriente, as ameaças à RDP da Coreia ou a cedência aos EUA em relação ao Protocolo de Kyoto. É necessário ter isto em conta na nossa acção. Quando Charles Clarke, um ministro da actual presidência da UE, se aventura a dar rosto às incríveis propostas securitárias divulgadas domingo passado pela imprensa britânica, toda a vigilância é pouca.
Para tal mediatização concorreram naturalmente os atentados bombistas de Londres, confirmando a quem sempre serve o terrorismo sejam quais forem as suas motivações e responsáveis materiais. Tony Blair, Bush e outros expoentes da «nova ordem» surgiram de imediato como grandes campeões do «modo de vida» e da «segurança» do mundo ocidental, prontos a reforçar o militarismo, a bombardear qualquer país que apontem como «santuário de terroristas», a impor novas amputações a direitos e liberdades fundamentais e a dar novos passos na configuração um sistema de poder autoritário de contornos cada vez mais inquietantes.
Mas concorreu sobretudo a campanha orquestrada ao longo de semanas em torno da chamada «ajuda a África», que teve como ponto alto de hipocrisia e manipulação ideológica, o espectáculo musical Live 8 contando com colossais apoios políticos e financeiros e realizado simultaneamente em grandes cidades dos diferentes países do «G8». Numa transmissão mundial que visou atingir 5500 milhões de pessoas, o Live 8 constituiu a mais espectacular e ruidosa operação de promoção do «G8» jamais realizada, com o ambicioso objectivo de legitimar perante os povos um grupo informal de países poderosos, constituído à margem das instituições e da legalidade internacionais, auto erigido em Directório do mundo. Além de propagandear como dádivas generosas vagas promessas e medidas demagógicas, que são aliás expressão da política de recolonização imperialista do continente africano e de todo o planeta.
Porém o sucesso de tais propósitos está à partida limitado pela própria ambição e descaramento dos seus mentores na publicitação de rostos, políticas e ideias que vão de Bill Gates e do próprio Tony Blair (que ainda assim evitou uma presença em palco que podia deitar tudo a perder) à «revolução» de Madona. O tempo das grandes ilusões na bondade do capital está a terminar. As duras lições da experiência prática vão fazendo o seu caminho. A África e os africanos estão fartos de promessas e sofrimento. Estendendo a mão à caridade o continente não avança, recua. Não se liberta, torna-se cada dia mais dependente, mais sangrado nas suas riquezas, mais invadido pelas multinacionais e bases militares agressivas. E mesmo com o aval de homens de mão do imperialismo como Obanjo, da Nigéria, não há operação mediática que consiga ocultar o colossal embuste das decisões do «G8», mantendo intocadas as suas refinadas políticas de espoliação, já que mesmo as mais insignificantes medidas estão acompanhadas de ruinosas e humilhantes condições. Mais cedo do que tarde – e é esse «perigo» que o «G8» imperialista tem em vista quando anuncia o seu apoio a uma «força de paz» africana de 75 000 homens - os povos do continente negro retomarão os caminhos de libertação que algumas décadas atrás tantas esperanças despertaram.
Entretanto o embuste da «ajuda» não visa apenas enganar e desmobilizar os africanos e justificar a crescente ingerência imperialista em África. Visa também servir de cortina de fumo para decisões e compromissos de grande alcance como sejam o prosseguimento da ofensiva agressiva no Médio Oriente, as ameaças à RDP da Coreia ou a cedência aos EUA em relação ao Protocolo de Kyoto. É necessário ter isto em conta na nossa acção. Quando Charles Clarke, um ministro da actual presidência da UE, se aventura a dar rosto às incríveis propostas securitárias divulgadas domingo passado pela imprensa britânica, toda a vigilância é pouca.