Há uma dívida de gratidão
Aprovado pela Assembleia da República, faz hoje oito dias, foi também um voto de pesar pela morte do General Vasco Gonçalves. Apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP, o texto, para além do partido subscritor, acolheu os votos favoráveis do PS, BE e Partido Ecologista «Os Verdes». Não acompanhando as referências elogiosas ao percurso desse «construtor da Revolução de Abril», como chamou a Vasco Gonçalves o deputado comunista Agostinho Lopes, PSD e CDS/PP votaram mesmo contra essa parte do texto.
«Não decretaram dia de luto nacional na tua morte, General Vasco Gonçalves. E por uma vez, pelos piores motivos, tiveram razão. O povo que te amava, queria que esse luto, essa dor, essas lágrimas lhe pertencessem. Que ninguém as decretasse em seu nome. Que nenhuma página do Diário da República decidisse do que cabia a si decidir», assim começou a sua intervenção o parlamentar do PCP, numa sentida homenagem ao que considerou ser o «general maior desta Pátria».
Não escondendo a mágoa pelo facto de o Governo não ter decretado o luto oficial por Vasco Gonçalves, luto «a que tinha direito e que inteiramente merecia», Agostinho Lopes, num registo emotivo, fez notar contudo que o militar que perdurará para sempre no coração do povo português não precisou desses «lutos oficiais», porquanto, observou, teve o seu luto «nas milhares de vozes e mãos e cravos vermelhos» que o saudaram e gritaram pelo seu nome e por Abril.
«Se é natural que alguns te esqueçam, como poderia o povo esquecer quem ergueu do chão os humilhados e ofendidos deste País, e com o seu nome assinou a Lei dos Baldios, a Lei do Arrendamento Rural, a Lei da Reforma Agrária, a Lei das Nacionalizações. Como queriam que os trabalhadores e o povo esquecessem quem os libertou do poder totalitário dos grupos monopolistas e do latifúndio! De quem concretizou grandes progressos nos seus direitos económicos e sociais! Como poderiam esquecer as mães e os pais deste País o fim da guerra colonial. Esquecer Abril e um obreiro principal de Abril, que puseram fim ao pesadelo e às angústias das ausências, aos temores da morte e das mutilações que aconteceram a milhares de jovens portugueses», sublinhou o deputado do PCP, convicto de que a «Pátria portuguesa tem uma enorme dívida de gratidão» para com Vasco Gonçalves, «homem bom e generoso» cujo exemplo de vida – essa foi a confiança deixada por Agostinho Lopes – não deixará de inspirar e ser seguido pelos jovens portugueses.
Pesar por Eugénio de Andrade
Homenageado na mesma sessão plenária foi ainda o poeta Eugénio de Andrade, com a aprovação de um voto de pesar pela sua morte. Do poeta e da sua obra, intervindo em nome da bancada do PCP, Honório Novo disse ser Eugénio de Andrade o «cantor do corpo, das exaltações do desejo e das suas sombras», «um poeta dos elementos, capaz de apreender como poucos a secreta música da terra».
Mas foi ainda da dimensão cívica e do apego à liberdade sempre evidenciados por Eugénio de Andrade que falou o deputado do PCP para lembrar como esses atributos estão presentes em poemas de homenagem a Catarina Eufémia ou a Vasco Gonçalves, em trabalhos como «Homenagens e Outros Epitáfios», dedicados a figuras como Che Guevara, José Dias Coelho, Pasolini e Chico Mendes.
Não escondendo a mágoa pelo facto de o Governo não ter decretado o luto oficial por Vasco Gonçalves, luto «a que tinha direito e que inteiramente merecia», Agostinho Lopes, num registo emotivo, fez notar contudo que o militar que perdurará para sempre no coração do povo português não precisou desses «lutos oficiais», porquanto, observou, teve o seu luto «nas milhares de vozes e mãos e cravos vermelhos» que o saudaram e gritaram pelo seu nome e por Abril.
«Se é natural que alguns te esqueçam, como poderia o povo esquecer quem ergueu do chão os humilhados e ofendidos deste País, e com o seu nome assinou a Lei dos Baldios, a Lei do Arrendamento Rural, a Lei da Reforma Agrária, a Lei das Nacionalizações. Como queriam que os trabalhadores e o povo esquecessem quem os libertou do poder totalitário dos grupos monopolistas e do latifúndio! De quem concretizou grandes progressos nos seus direitos económicos e sociais! Como poderiam esquecer as mães e os pais deste País o fim da guerra colonial. Esquecer Abril e um obreiro principal de Abril, que puseram fim ao pesadelo e às angústias das ausências, aos temores da morte e das mutilações que aconteceram a milhares de jovens portugueses», sublinhou o deputado do PCP, convicto de que a «Pátria portuguesa tem uma enorme dívida de gratidão» para com Vasco Gonçalves, «homem bom e generoso» cujo exemplo de vida – essa foi a confiança deixada por Agostinho Lopes – não deixará de inspirar e ser seguido pelos jovens portugueses.
Pesar por Eugénio de Andrade
Homenageado na mesma sessão plenária foi ainda o poeta Eugénio de Andrade, com a aprovação de um voto de pesar pela sua morte. Do poeta e da sua obra, intervindo em nome da bancada do PCP, Honório Novo disse ser Eugénio de Andrade o «cantor do corpo, das exaltações do desejo e das suas sombras», «um poeta dos elementos, capaz de apreender como poucos a secreta música da terra».
Mas foi ainda da dimensão cívica e do apego à liberdade sempre evidenciados por Eugénio de Andrade que falou o deputado do PCP para lembrar como esses atributos estão presentes em poemas de homenagem a Catarina Eufémia ou a Vasco Gonçalves, em trabalhos como «Homenagens e Outros Epitáfios», dedicados a figuras como Che Guevara, José Dias Coelho, Pasolini e Chico Mendes.