XX Marcha à Base da Rota

NATO não! Bases fora!

Pelo vigésimo ano consecutivo, milhares de pessoas deslocaram-se à Base da NAT0 em Rota, na Andaluzia, contra presença militar estrangeira e as armas nucleares na Península Ibérica.

O fim da NATO é uma das reivindicações dos manifestantes

Uma Península Ibérica livre de bases estrangeiras e de armas nucleares foi, uma vez mais, a principal exigência trazida pelas cerca de cinco mil pessoas que, no passado dia 8, se deslocaram à localidade de Rota, junto a Cádiz, em Espanha, em mais uma - a vigésima - marcha à Base da NATO existente naquela localidade andaluza. O já tradicional protesto estende a exigência igualmente às bases existentes em Morón, mais a norte, e às Lajes, nos Açores. Esta edição da marcha sucede precisamente no momento em que, ao contrário do que exigem os manifestantes, se prepara o alargamento da base da Rota, no quadro da distribuição das diversas bases militares norte-americanas no mundo.
Os promotores da Marcha – partidos, sindicatos e organizações de paz e ecologistas –, no apelo feito à participação na iniciativa, realçam que «nada nem ninguém está a salvo de sofrer as consequências das guerras que o imperialismo norte-americano, e seus cúmplices, está disposto a estender por todo o mundo».
As várias organizações não poupam o governo espanhol, do PSOE, que acusam de ter defraudado as expectativas criadas em alguns com a retirada das tropas do Iraque. O governo, pressionado pelas pessoas nas ruas, reforçou a presença no Afeganistão e Haiti.
«NATO não, bases fora!», «Yankees go home» (americanos vão para casa) e «Paz sim, guerra não» foram algumas das palavras de ordem mais entoadas pelos participantes. A marcha iniciou-se junto à rede da base – a perder de vista – e seguiu bem para dentro da localidade, onde os protestos se fizeram ouvir mais alto. A manifestação foi seguida de perto pela polícia espanhola, que apresentou um forte aparato: muitas dezenas de homens fortemente armados, várias viaturas e um helicóptero, que sobrevoava os manifestantes.

Portugal presente!

Integrados na manifestação seguiam cerca de duzentos portugueses – dos distritos de Lisboa, Setúbal, Évora, Beja e Faro –, integrando as delegações do Conselho Português para a Paz e Cooperação, e de alguns núcleos locais, bem como de sindicatos. O PCP e a JCP voltaram a marcar forte presença.
No final da marcha, numa praça junto ao portão da Base, Vítor Silva, dirigente do CPPC, subiu ao palco para afirmar a solidariedade e identificação dos portugueses pela marcha e seus objectivos. «Estamos e estaremos nesta marcha pela paz, que queremos que seja uma base contra a existência de bases estrangeiras, contra a existência de armas nucleares, por uma Península Ibérica de Paz, cooperação e amizade com os povos», declarou o dirigente do CPPC.
Para Vítor Silva, «Morón, Rota, Lajes só têm servido os interesses imperialistas norte-americanos» e a existência destas bases reflectem uma política de agressão. Basta lembrar, acentuou, o papel que as bases ibéricas desempenharam nas agressões a povos da Europa, de África ou do Médio Oriente. «A Marcha não pára aqui. Queremos afirmar que estamos fortemente empenhados em que esta marcha da Rota não seja nem um acto isolado, nem uma simples efeméride, mas o troço de um caminho que queremos percorrer rumo a um mundo melhor.»


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