Voto de pesar pela morte do Papa

A Assembleia da República aprovou, por unanimidade, faz hoje oito dias, em sessão evocativa, um voto de pesar pela morte de João Paulo II.
«Consciente de exprimir o sentimento do povo português, que representa na pluralidade da sua expressão política, a Assembleia da República exprime o seu profundo pesar pelo falecimento do Papa João Paulo II e endereça à Igreja Católica as suas sentidas condolências», sublinha o texto do voto de pesar.
A preceder a leitura e aprovação do voto de pesar, representantes de todos os grupos parlamentares recordaram a figura do Papa, numa cerimónia a que assistiu, das galerias, o Núncio Apostólico.
Sem deixar de se associar à sessão evocativa, o PCP fez questão de manifestar a sua discordância pelo conteúdo, nalguns aspectos, do voto de pesar e por algumas acções de João Paulo II.
Justificando o sentido favorável da votação dos deputados comunistas, Bernardino Soares explicou que o voto de pesar era entendido pela sua bancada «não como um momento de avaliação do pontificado de João Paulo II, que não está aqui em discussão e sobre o qual há certamente entendimentos bem diferentes entre as várias bancadas».
Bernardino Soares esclareceu, ainda, antes de endereçar aos católicos e à Igreja Católica as suas condolências, que o sentido de voto da bancada a que preside significa a sua associação à «manifestação pela Assembleia da República de pesar pela morte do Papa João Paulo II».
O líder da formação comunista, analisando o conteúdo do voto, manifestou a discordância da sua bancada quanto à «excessiva avaliação da importância histórica das visitas papais», sem que isso signifique que não lhes seja reconhecida «importância no País e na relação entre o Estado português e a Santa Sé».
Relembrado foi, por outro lado, o facto de o PCP ter estado, como continua a estar, contra a assinatura da nova Concordata, «tendo em conta os direitos que atribui à Igreja Católica».
«Entendemos a referência à edificação da ordem internacional e à consolidação duradoura da paz como uma valorização das posições do Papa João Paulo II em relação ao direito internacional e à condenação dos atropelos a que tem estado sujeito nos últimos tempos, designadamente na ex-Jugoslávia e no Iraque», sublinhou Bernardino Soares, antes de lembrar que são conhecidas as discordâncias do PCP em relação à intervenção do Papa João Paulo II em diversas matérias, «com destaque para os direitos das mulheres, as questões da sexualiadde, do planeamento familiar e do combate à SIDA».



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