Hotelaria ameaça com greve

Pelo direito à negociação

Dirigentes e delegados do Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul exigiram no dia 1, em Lisboa, a revisão do contrato colectivo para o sector.

Mantendo-se o bloqueio, a luta vai intensificar-se

A concentração de protesto à porta do hotel Altis faz parte de um conjunto de acções desenvolvidas pelo sindicato, no propósito de «pressionar a Associação de Hotéis de Portugal a negociar o contrato colectivo de trabalho», afirmou à Lusa o dirigente sindical, Rodolfo Caseiro.
Os representantes dos trabalhadores distribuíram panfletos para sensibilizar os clientes e transeuntes para a situação de bloqueio à contratação. Acusam a associação patronal de estar a arrastar as negociações, no intuito de levar o contrato colectivo à caducidade, num sector onde a actualização salarial para este ano ainda não foi sequer motivo de negociação.
Segundo o mesmo sindicalista, a situação é motivada pelo Código do Trabalho que prevê um prazo para a caducidade das convenções colectivas, prazo esse que tem sido recusado pelos trabalhadores desde o início da aplicação do pacote laboral do Governo PSD/PP.
O sindicato não põe de parte a adopção de novas formas de luta que poderão passar por «uma invasão das recepções dos hotéis» ou uma greve geral, admitiu o mesmo dirigente sindical.
Para ontem estava prevista acção semelhante no hotel Tivoli, e para dia 14 está marcada uma concentração de protesto à porta do hotel Britânia.

Dificuldades sociais

Os doze sindicatos filiados na Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal, FESAHT/CGTP-IN, tinham alertado, num comunicado de dia 24 – dois dias após o plenário de sindicatos realizado para avaliar a situação no sector – para a situação social e profissional dos trabalhadores do sector, caracterizada por baixos salários, más condições de trabalho e pela existência de grande precariedade, trabalho ilegal e até clandestino.
As jornadas de trabalho nestes sectores são muito longas e em alguns casos, incompatíveis com a normal vida familiar.
A federação denunciou ainda a ausência de medidas de formação profissional no sector, bem como de qualificação e valorização das carreiras. Tudo isto, enquanto se assiste ao bloqueio patronal à contratação colectiva, devido às normas mais gravosas do Código do Trabalho.

Abril e Maio de luta

Caso a contratação não seja desbloqueada, a FESAHT pretende intensificar a luta através do esclarecimento e da mobilização dos trabalhadores, de forma a que garantam a manutenção dos seus direitos e do direito à negociação colectiva, com vista à melhoria geral das suas condições de trabalho e de vida.
Nesse sentido, a federação vai desenvolver e concretizar acções imediatas de luta nos sectores de hospitalização privada, cantinas e refeitórios, hotéis, sumos e refrigerantes.
Igualmente confirmada foi mais uma participação nas comemorações do 1.º de Maio da CGTP-IN.
A federação exige que o Governo tome medidas para acabar com a precariedade no sector e questiona o executivo do PS sobre a forma como pretende criar postos de trabalho.


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