OE sem estratégia

A incapacidade do Governo para definir uma estratégia de desenvolvimento social e económico para o País compromete negativamente a proposta de OE para 2005, apresentada na semana passada. Esta é a base da análise efectuada pela executiva da CGTP-IN, e revelada em conferência de imprensa, no dia 25.
A confederação diz estar pouco confiante na previsão de crescimento económico de 2,4 por cento, tanto devido à ausência de uma política de desenvolvimento, como ao aumento do preço do petróleo e ao facto de se prever uma redução de verbas para investimento público, no PIDDAC, de 15 para 21,4 por cento.
Para a CGTP, é fundamental que seja assegurada uma política salarial coerente, ao contrário da proposta em análise, onde esta não vem definida. A actualização prevista pelo Governo para a Administração Pública é de 1,5 por cento. O aumento cobre não apenas os salários, mas também todas a despesas com a progressão de carreiras e a Segurança Social. Quanto às pensões mínimas, o documento do Governo é omisso.
A central considera que estas premissas comprometem a reposição do poder de compra dos funcionários públicos.

Falta justiça fiscal

Sobre as baixas no IRS, a CGTP considera que reduzir 1,5 por cento no 5.º escalão vai acabar por beneficiar os rendimentos médios altos, face aos outros contribuintes.
A baixa do IRC, de 30 para 25 por cento, vai, do ponto de vista da central, desequilibrar ainda mais o peso da diminuição entre impostos pagos pelos trabalhadores e pelas empresas. Com esta quebra, o País deixará de receber mais de 500 milhões de euros.
O aumento da taxa de IRC à banca e os anúncios de medidas de combate à evasão fiscal exigem uma permanente fiscalização sobre a sua eficácia, considera a CGTP.
A central critica ainda o desinvestimento do Estado nas despesas sociais em cerca de três por cento, com reduções na educação. Além disso, a proposta não avalia o impacte orçamental da lei do arrendamento urbano.
O subfinanciamento da saúde é também alvo de crítica, bem como a continuação da política de empresarialização hospitalar e de parcerias público-privado.
Quanto à Segurança Social, o OE não cumpre com as necessidades do Fundo de Estabilização Financeira, contra o que exige a lei de financiamento. Ao subfinanciar a despesa, o Governo favorece esquemas privados de pensões.
Por outro lado, os gastos previstos com o desemprego sobem apenas quatro por cento, aquém das subidas em anos anteriores. O Governo admite ainda uma baixa de 5 por cento nos subsídios de doença, e um aumento de apenas 2 por cento no abono de família, face ao acréscimo de 5 por cento, registado este ano.


Mais artigos de: Trabalhadores

A saúde não pode ser negócio

Em defesa do Serviço Nacional de Saúde, cerca de trezentos trabalhadores, delegados e activistas sindicais manifestaram-se no dia 20, frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.

Greve na <em>CGD</em>

Amanhã, os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos vão expressar claramente o seu repúdio face às intenções de Bagão Félix, que quer travar o défice público em prejuízo dos direitos adquiridos por gerações de bancários.

Vigília na ex-Sorefame

Os trabalhadores reacenderam a luta, exigindo que seja cumprida a reintegração de pessoal na EMEF e a retoma do fabrico de material circulante ferroviário na Amadora.

Estado não negoceia com MBP Costa

«O silêncio do Estado, enquanto principal credor, não augura nada de positivo relativamente à viabilização» da MB Pereira da Costa, alertou o Sindicato da Construção do Sul, que convocou para anteontem um plenário dos cerca de 300 trabalhadores daquela empresa, na Venda Nova, Amadora. Na semana passada, os dirigentes e...

PCP contra destruição

«Não aceitamos a destruição do aparelho produtivo nacional», afirmou Carlos Carvalhas aos trabalhadores da Cometna, que dia 21 se concentraram frente ao Ministério da Economia, lutando em defesa dos seus postos de trabalho e da fundição que é uma das jóias da indústria pesada nacional e corre o risco de ser sacrificada à...

Desconvocada greve dos enfermeiros

O ministro da Saúde cedeu às duas principais exigências que levaram à marcação de uma greve de dois dias, anunciou anteontem à noite o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que por isso desconvocou a luta.Ao início da noite, o SEP informou ter o ministro assumido que «a definição e certificação de competências são da...