Braço-de-ferro na Volkswagen

As negociações entre o construtor automóvel e o IG Mettal, sindicato que representa 97 por cento dos 103 mil trabalhadores na Alemanha ocidental, iniciaram-se na passada semana com exigências inconciliáveis entre as partes.
O sindicato exige aumentos salariais de quatro por cento para o próximo ano e a garantia da manutenção dos postos de trabalho durante a próxima década, através de um plano de investimentos de curto e médio prazo nas unidades industriais.
Por seu lado, a administração do grupo exige o congelamento dos salários nos próximos dois anos e o alargamento da semana de trabalho, sem compensação remuneratória, bem como a prestação de trabalho suplementar não pago.
Com estas medidas, a Volkswagen pretende reduzir os custos de pessoal em 30 por cento até 2011, ou seja um corte de dois mil milhões de euros, alegando que neste momento os salários são 10 por cento mais elevados que alguns concorrentes na Alemanha e 30 por cento superiores em relação a outros países industrializados, designadamente Estados Unidos.
O director financeiro do grupo, Hans Dieter Portsch, ameaçou com a extinção de 30 mil postos de trabalho, não só na parte ocidental do país, mas também na parte oriental, onde o grupo emprega mais 73.500 trabalhadores.
Entretanto, o grupo já anunciou a intenção de transferir a produção de alguns modelos para a Polónia, onde os custos salariais são sete vezes inferiores.
O IG Metall afirma-se por enquanto disposto a lutar, admitindo o recurso à greve e outras acções de protesto e denuncia a mudança da cultura da empresa, que durante muito tempo se apresentava com um modelo de concertação social.
O novo rumo traçado segue o exemplo doloroso da DaimlerChrysler, que impôs importantes reduções salariais aos seus trabalhadores, bem como a política da Opel, filial da americana General Motors, que pretende agora regressar à semana das 40 horas sem aumento salarial.
O clima de confrontação laboral na Volkswagen acentuou-se depois de divulgados os maus resultados da empresa durante o primeiro semestre, que terminou com uma redução nas vendas de 1,1 por cento e uma baixa nos lucros de 35,7 por cento, face ao mesmo período do ano passado. Os resultados operacionais deverão cair para 1,9 mil milhões de euros, contra 2,5 mil milhões obtidos em 2003. As acções do construtor já perderam cerca de 28 por cento desde o início do ano.


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