Não ao PEC recauchutado
Há dias, ao ler os jornais, tropecei na interrogação onde é que eu já li isto? ou, pior ainda, quando e onde é que nós já escrevemos isto?.
Ora exemplifique-se, e sem grandes escolhas. Só com o que está à mão… e à beira dos boletins meteorológicos consultados e reconsultados:
«…as economias não são todas iguais…» escreve este,
«…estas regras são contraproducentes, uma vez que todos os países têm características e problemas diferentes…», escreve aquela, por si ou citando, indirectamente embora, a… Comissão Europeia.
A mesma Comissão que estabeleceu as tais regras e que os mesmos plumitivos, ou outros que os antecederam, se encarregaram, ou foram encarregados, de apresentar como as melhores, as únicas, as inevitáveis. Ao mesmo tempo que atacavam com violência, ou sobranceria, ou desdém, os que escreviam, entre outras coisas, o que hoje eles escrevem, ou seja, que… aquelas «regras» eram contraproducentes e iriam ter custos sociais vultosos, como o desemprego e a exclusão, uma vez que todos os países têm características e problemas diferentes e as economias não são todas iguais, além de estarem em níveis de crescimento muito diferentes. E mais então se escrevia que, através da aplicação daquelas «regras», mais diferentes iriam ficar. Os mais ricos mais ricos, os mais pobres mais pobres. Os países e as pessoas.
Porquê, então, este «novo» discurso?
Porque os que tomam as medidas, e os que as defendem, convictamente ou por encomenda, reconhecem o erro? E vêm, tardiamente, de baraço ao pescoço, dar razão a esses que já tinham escrito há anos o que esta semana tanto se escreveu?
Claro que não, até pelas razões comezinhas de que «os que» tomaram essas medidas nunca reconhecem erros, e porque a «esses» que escreveram oportunamente nunca pode ser dada razão (e já tentarei dizer, mais adiante, porque razão nunca podem ter razão…).
Aparece agora o que se pode ler e ouvir, nos jornais e nas rádios, porque hoje, quinta-feira 2 de Setembro (e está a chover!), é a véspera do sr. Almumia, o comissário para os assuntos económicos, vir anunciar (ou prenunciar) a inevitável reforma do Pacto de Estabilidade (PEC), tardiamente «descoberto» como estúpido, e que durante anos desestabilizou as situações sociais, atacou os direitos dos trabalhadores, agravou as situações de emprego, particularmente nos países que mais atrasados (economicamente) estavam e que cada vez mais atrasados estão.
Para esse anúncio (ou prenúncio formal), para a criação do ambiente que o torne menos escandalosamente incoerente com o que antes foi dito e feito, estamos a ser informados daquilo que era negado como informação e que até agora seria, segundo «eles», mera deformação ou perversão ideológica. Em tempos em que, segundo os mesmos, as ideologias feneceram…
Classes de razão
e razões de classe
No entanto, há algo a acrescentar neste desabafo sobre aquilo em que tropeço e sobre o incómodo que tal me provoca. E que vem ao encontro da razão dos que nunca podem ter razão.
É que, quem oportunamente disse o que agora tardiamente é dito, tem uma perspectiva do que está a ser esta «construção europeia», (talvez) em vias de passar à fase de «constituição», que leva a ter razões (e argumentações), e a ter a razão que os «construtores» não podem aceitar… nem como reconhecimento de erro.
Até porque não é erro, incompetência ou coisas dessas.
Sejamos claros. O desemprego (se possível, mantendo rendimentos), a destruição dos direitos dos trabalhadores (se possível, garantindo direitos de cidadania), a privatização do que é nacional, o desmantelamento dos serviços públicos são consequências de uma estratégia de classe, da utilização de instrumentos e de instituições que, ou são de classe ou a classe deles se apropriou.
Ora, quando tais instrumentos, como o a moeda única e o PEC, e as instituições, como o Banco Central Europeu, cumprindo os seus «papéis», levam a situações insustentáveis tecnicamente e, sobretudo, socialmente, «dá-se a volta ao texto», insinua-se terem sido cometidos erros que não se reconhecem, e procura-se continuar o mesmo caminho, alterando aparências e mudando (a)gentes.
E nós?
Bem, nós só temos que continuar a luta. Por exemplo, procurando aproveitar a necessidade (deles) de mudar para que tudo fique na mesma para que alguma coisa mude mesmo. Como é o caso da nossa proposta, no Parlamento Europeu, de um programa que não seja um PEC recauchutado mas sim voltado para aquilo que, nessa instância, sendo ela o que é, não podemos deixar de aproveitar como frente de luta:
a vertente social, a situação dos trabalhadores, menos finanças e mais coesão.
Ora exemplifique-se, e sem grandes escolhas. Só com o que está à mão… e à beira dos boletins meteorológicos consultados e reconsultados:
«…as economias não são todas iguais…» escreve este,
«…estas regras são contraproducentes, uma vez que todos os países têm características e problemas diferentes…», escreve aquela, por si ou citando, indirectamente embora, a… Comissão Europeia.
A mesma Comissão que estabeleceu as tais regras e que os mesmos plumitivos, ou outros que os antecederam, se encarregaram, ou foram encarregados, de apresentar como as melhores, as únicas, as inevitáveis. Ao mesmo tempo que atacavam com violência, ou sobranceria, ou desdém, os que escreviam, entre outras coisas, o que hoje eles escrevem, ou seja, que… aquelas «regras» eram contraproducentes e iriam ter custos sociais vultosos, como o desemprego e a exclusão, uma vez que todos os países têm características e problemas diferentes e as economias não são todas iguais, além de estarem em níveis de crescimento muito diferentes. E mais então se escrevia que, através da aplicação daquelas «regras», mais diferentes iriam ficar. Os mais ricos mais ricos, os mais pobres mais pobres. Os países e as pessoas.
Porquê, então, este «novo» discurso?
Porque os que tomam as medidas, e os que as defendem, convictamente ou por encomenda, reconhecem o erro? E vêm, tardiamente, de baraço ao pescoço, dar razão a esses que já tinham escrito há anos o que esta semana tanto se escreveu?
Claro que não, até pelas razões comezinhas de que «os que» tomaram essas medidas nunca reconhecem erros, e porque a «esses» que escreveram oportunamente nunca pode ser dada razão (e já tentarei dizer, mais adiante, porque razão nunca podem ter razão…).
Aparece agora o que se pode ler e ouvir, nos jornais e nas rádios, porque hoje, quinta-feira 2 de Setembro (e está a chover!), é a véspera do sr. Almumia, o comissário para os assuntos económicos, vir anunciar (ou prenunciar) a inevitável reforma do Pacto de Estabilidade (PEC), tardiamente «descoberto» como estúpido, e que durante anos desestabilizou as situações sociais, atacou os direitos dos trabalhadores, agravou as situações de emprego, particularmente nos países que mais atrasados (economicamente) estavam e que cada vez mais atrasados estão.
Para esse anúncio (ou prenúncio formal), para a criação do ambiente que o torne menos escandalosamente incoerente com o que antes foi dito e feito, estamos a ser informados daquilo que era negado como informação e que até agora seria, segundo «eles», mera deformação ou perversão ideológica. Em tempos em que, segundo os mesmos, as ideologias feneceram…
Classes de razão
e razões de classe
No entanto, há algo a acrescentar neste desabafo sobre aquilo em que tropeço e sobre o incómodo que tal me provoca. E que vem ao encontro da razão dos que nunca podem ter razão.
É que, quem oportunamente disse o que agora tardiamente é dito, tem uma perspectiva do que está a ser esta «construção europeia», (talvez) em vias de passar à fase de «constituição», que leva a ter razões (e argumentações), e a ter a razão que os «construtores» não podem aceitar… nem como reconhecimento de erro.
Até porque não é erro, incompetência ou coisas dessas.
Sejamos claros. O desemprego (se possível, mantendo rendimentos), a destruição dos direitos dos trabalhadores (se possível, garantindo direitos de cidadania), a privatização do que é nacional, o desmantelamento dos serviços públicos são consequências de uma estratégia de classe, da utilização de instrumentos e de instituições que, ou são de classe ou a classe deles se apropriou.
Ora, quando tais instrumentos, como o a moeda única e o PEC, e as instituições, como o Banco Central Europeu, cumprindo os seus «papéis», levam a situações insustentáveis tecnicamente e, sobretudo, socialmente, «dá-se a volta ao texto», insinua-se terem sido cometidos erros que não se reconhecem, e procura-se continuar o mesmo caminho, alterando aparências e mudando (a)gentes.
E nós?
Bem, nós só temos que continuar a luta. Por exemplo, procurando aproveitar a necessidade (deles) de mudar para que tudo fique na mesma para que alguma coisa mude mesmo. Como é o caso da nossa proposta, no Parlamento Europeu, de um programa que não seja um PEC recauchutado mas sim voltado para aquilo que, nessa instância, sendo ela o que é, não podemos deixar de aproveitar como frente de luta:
a vertente social, a situação dos trabalhadores, menos finanças e mais coesão.