A alfabetização avançou nos últimos 30 anos em Portugal, mas o nosso país continua a ter a maior percentagem da Europa de pessoas que não sabem ler nem escrever. No total, há quase um milhão de analfabetos, ou seja, nove em cada cem portugueses.
Os Censos 2001 revelam que 11,5 por cento das mulheres são analfabetas, contra 6,3 por cento dos homens. A população idosa é a mais afectada: 24,5 por cento dos homens e 41 por cento das mulheres com mais de 65 anos não sabem ler.
O abandono escolar atinge também níveis elevados em Portugal, sendo o país da OCDE com a maior taxa. A maioria dos alunos conclui apenas o 9.º ano – a escolaridade obrigatório – e apenas 20 por cento atinge o ensino secundário.
O Vale do Sousa é a região com maiores índices de abandono escolar. Segundo os Censos 2001, mais de metade dos jovens ficam sem a escolaridade obrigatória e sete em cada dez nunca entraram na escola secundária. No plano nacional, os três municípios com maior abandono escolar antes do 9.º ano pertencem a esta zona: Lousada (56 por cento), Paços de Ferreira (55 por cento) e Felgueiras (54 por cento). Em todos eles, o fenómeno atinge mais de metade dos estudantes.
A baixa exigência de especialização pelo tecido empresarial local é o principal responsável pelo abandono escolar, segundo o presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária de Lousada, António Augusto, citado pela Lusa. «Os meninos não vão escola porque não a acham fundamental para o emprego», acrescenta a socióloga Rosário Correia Machado.