Vitória bolivariana
O processo em curso na Venezuela afirma-se pacífico mas não está desarmado
A grande vitória do «não» à revogação do presidente Chávez no amplamente participado referendo do dia 15 na Venezuela é um acontecimento de transcendente significado político.
A confirmação de Chávez à frente dos destinos do quinto fornecedor mundial de petróleo até ao fim do seu mandato em Janeiro de 2007 era previsível, não constituindo por isso propriamente uma «surpresa». No entanto, a sufocante manipulação dos media privados e as circunstâncias em que se desenrola o processo da revolução bolivariana, inseparáveis da incessante conspiração promovida pelo imperialismo com o objectivo da sua destruição, vêm realçar o valor e importância do triunfo eleitoral das forças populares venezuelanas. Trata-se da oitava vitória eleitoral bolivariana, desde a chegada de Chávez ao Poder em 1998.
Para a oposição da Coordenadora Democrática (CD) – que na essência representa os interesses poderosos da oligarquia e das classes dominantes venezuelanas –, o referendo converteu-se numa questão de fachada e sobrevivência políticas, que emerge da sua profunda estratégia desestabilizadora e golpista. A máquina mediática ao serviço do grande capital ajudou a alimentar a ilusão de uma vitória que os líderes da CD e o «amo americano» sabiam de antemão improvável. O desrespeito pelos resultados da escolha do povo venezuelano, num referendo que os observadores internacionais reconhecem ter decorrido de forma transparente, é sintomático do carácter anti-democrático das forças que se opõem ao Governo de Chávez e da crescente irracionalidade que perpassa as suas hostes. A sua postura ilustra bem a crise e podridão da «democracia representativa burguesa» contemporânea, cada vez mais patente.
O choque telúrico venezuelano expõe à luz da história uma sociedade profundamente fracturada e uma intensa e aberta luta de classes. Um confronto entre o velho e o novo, entre exploradores e explorados, no qual a burguesia e as «camadas médias» por si influenciadas representam claramente o passado retrógrado – por muito que custe à sua presunçosa «modernidade» – num cenário paradigmático do claro fracasso do injusto modelo neoliberal do capitalismo, no sub-continente americano.
Depois dos fracassos do golpe de Estado de 2002 e do ulterior lock-out petrolífero, sem contar com as inúmeras tentativas «menores» de semear a desordem e a ingovernabilidade, desde a violência bombista ao bloqueio concertado das instituições – tirando aqui também partido das fragilidades e traições reveladas no campo bolivariano -, os cerca de cinco milhões de votos que agora relegitimaram o líder venezuelano (mais 1,2 milhões que nas presidenciais de 2000), reafirmam o forte compromisso popular em defender e aprofundar o processo democrático bolivariano, libertador e anti-imperialista. A sua dimensão estratégica social não é dissociável da busca de novas soluções económicas alternativas ao neoliberalismo. Não é a conjuntura de alta do petróleo, o elemento determinante para o incremento das ambiciosas «missões» sociais, mas sim a tomada de controlo sobre a indústria petrolífera – a sua efectiva «nacionalização», cumprindo a letra e o espírito da Constituição bolivariana - e os avanços na correlação interna de forças.
A dialéctica dos factores internos e externos projecta a experiência bolivariana internacionalmente, reforçando o seu poder de atracção e estreitando os laços de solidariedade recíproca. A cooperação com Cuba, a resistência à ALCA, a parceria estratégica com o Brasil e Argentina, o reforço da OPEP são apenas algumas das suas facetas.
O processo em curso na Venezuela afirma-se pacífico mas não está desarmado. A elevada mobilização e luta populares e o apoio dominante nas forças armadas, consubstanciados na «união cívico-militar», intimamente ligados ao papel decisivo do factor subjectivo, encarnado por Chávez, têm sido a pedra de toque deste processo. Face aos enormes desafios e perigos a enfrentar, a vitória no referendo abre perspectivas no sentido da consolidação e aprofundamento estratégicos do processo revolucionário bolivariano.
A confirmação de Chávez à frente dos destinos do quinto fornecedor mundial de petróleo até ao fim do seu mandato em Janeiro de 2007 era previsível, não constituindo por isso propriamente uma «surpresa». No entanto, a sufocante manipulação dos media privados e as circunstâncias em que se desenrola o processo da revolução bolivariana, inseparáveis da incessante conspiração promovida pelo imperialismo com o objectivo da sua destruição, vêm realçar o valor e importância do triunfo eleitoral das forças populares venezuelanas. Trata-se da oitava vitória eleitoral bolivariana, desde a chegada de Chávez ao Poder em 1998.
Para a oposição da Coordenadora Democrática (CD) – que na essência representa os interesses poderosos da oligarquia e das classes dominantes venezuelanas –, o referendo converteu-se numa questão de fachada e sobrevivência políticas, que emerge da sua profunda estratégia desestabilizadora e golpista. A máquina mediática ao serviço do grande capital ajudou a alimentar a ilusão de uma vitória que os líderes da CD e o «amo americano» sabiam de antemão improvável. O desrespeito pelos resultados da escolha do povo venezuelano, num referendo que os observadores internacionais reconhecem ter decorrido de forma transparente, é sintomático do carácter anti-democrático das forças que se opõem ao Governo de Chávez e da crescente irracionalidade que perpassa as suas hostes. A sua postura ilustra bem a crise e podridão da «democracia representativa burguesa» contemporânea, cada vez mais patente.
O choque telúrico venezuelano expõe à luz da história uma sociedade profundamente fracturada e uma intensa e aberta luta de classes. Um confronto entre o velho e o novo, entre exploradores e explorados, no qual a burguesia e as «camadas médias» por si influenciadas representam claramente o passado retrógrado – por muito que custe à sua presunçosa «modernidade» – num cenário paradigmático do claro fracasso do injusto modelo neoliberal do capitalismo, no sub-continente americano.
Depois dos fracassos do golpe de Estado de 2002 e do ulterior lock-out petrolífero, sem contar com as inúmeras tentativas «menores» de semear a desordem e a ingovernabilidade, desde a violência bombista ao bloqueio concertado das instituições – tirando aqui também partido das fragilidades e traições reveladas no campo bolivariano -, os cerca de cinco milhões de votos que agora relegitimaram o líder venezuelano (mais 1,2 milhões que nas presidenciais de 2000), reafirmam o forte compromisso popular em defender e aprofundar o processo democrático bolivariano, libertador e anti-imperialista. A sua dimensão estratégica social não é dissociável da busca de novas soluções económicas alternativas ao neoliberalismo. Não é a conjuntura de alta do petróleo, o elemento determinante para o incremento das ambiciosas «missões» sociais, mas sim a tomada de controlo sobre a indústria petrolífera – a sua efectiva «nacionalização», cumprindo a letra e o espírito da Constituição bolivariana - e os avanços na correlação interna de forças.
A dialéctica dos factores internos e externos projecta a experiência bolivariana internacionalmente, reforçando o seu poder de atracção e estreitando os laços de solidariedade recíproca. A cooperação com Cuba, a resistência à ALCA, a parceria estratégica com o Brasil e Argentina, o reforço da OPEP são apenas algumas das suas facetas.
O processo em curso na Venezuela afirma-se pacífico mas não está desarmado. A elevada mobilização e luta populares e o apoio dominante nas forças armadas, consubstanciados na «união cívico-militar», intimamente ligados ao papel decisivo do factor subjectivo, encarnado por Chávez, têm sido a pedra de toque deste processo. Face aos enormes desafios e perigos a enfrentar, a vitória no referendo abre perspectivas no sentido da consolidação e aprofundamento estratégicos do processo revolucionário bolivariano.