O ferrete do capitalismo
O número de jovens sem trabalho aumentou de forma constante entre 1993 e 2003, indica um relatório da Organização Mundial do Trabalho, divulgado na passada semana em Genebra, na Suíça.
Os jovens portugueses são os mais afectados pelo emprego precário
O crescente desemprego, que afecta de forma particularmente grave as gerações mais novas, terá consequências desastrosas tanto humanas como económicas, alerta o estudo da OIT (Organização Mundial do Trabalho), que faz um balanço alarmante da evolução do emprego no mundo.
Segundo os cálculos da organização, na última década (1993-2003), o desemprego juvenil não cessou de aumentar, atingindo um número recorde de 88 milhões de pessoas com idades entre os 15 e os 25 anos.
Apesar de representarem apenas um quarto da mão-de-obra, os jovens sem trabalho constituem quase metade (47 por cento) dos 186 milhões de desempregados do planeta.
Em causa, está não apenas a sobrevivência de cada indivíduo, mas o próprio desenvolvimento económico da maioria dos regiões, onde a miséria e a fome continuam a ser realidades dominantes. A OIT estima que a redução deste flagelo social teria efeitos surpreendentes sobre as economias, em especial nas mais débeis.
Assim, se a taxa de desemprego juvenil baixasse de 14,4 para 7,2 por cento, seriam injectados entre 2,2 e 3,5 biliões (milhões de milhões) de dólares na economia mundial, o que equivale a entre 4,4 e 7,7 por cento de toda a riqueza produzida pela humanidade
Particularmente beneficiadas seriam as regiões mais atrasadas e pobres, que albergam 85 por cento dos jovens do planeta, onde se registam igualmente as mais elevadas taxas de desemprego juvenil, 3,8 vezes superiores às dos restantes escalões etários.
Na actual situação, constata a OIT, «o futuro dos que em breve ingressam no mercado de trabalho dependerá em grande parte da taxa de crescimento económico e da sua tradução na criação de mais postos de trabalho».
Porém, não é isto que tem acontecido. Mesmo nos países industriais, onde se assiste a uma diminuição da população jovem, o desemprego juvenil mantém-se alto, e embora tenha passado de 15,4 para 13,4 por cento no período em análise, continua a ser 2,3 vezes mais elevado do que nas restantes camadas da população.
No Médio Oriente ou para a África do Norte, este indicador dispara para os 25,6 por cento; na África subsahariana situa-se nos 21 por cento; 16,6 por cento, na América Latina; e 16,4 por cento no Sudeste Asiático.
Precários e mal pagos
O quadro sombrio adquire tons ainda mais carregados se tivermos em conta que dos 550 milhões de trabalhadores que vivem com menos de um dólar por dia, 130 milhões são jovens.
É também entre as novas gerações que as crises cíclicas do capitalismo fazem as primeiras vítimas. «Em período de recessão, os jovens são ainda mais vulneráveis do que as pessoas com mais idade», sublinha o relatório. São eles «os primeiros a perder o emprego e os últimos a encontrar outro», acrescenta Dorothea Schmidt, uma das autoras do estudo.
As perspectivas não são animadoras já que, face a uma aumento da população jovem de 10,5 por cento nos últimos dez anos, o número de novos postos de trabalho apenas evoluiu 0,2 por cento.
Tentando estabelecer uma relação entre os sistemas de protecção laboral na economia e o trabalho precário, o relatório refere-se uma única vez ao nosso país, ao considerar que «no sul da Europa, por exemplo, economias com protecção laboral relativamente forte, como Espanha e Portugal, têm a incidência mais elevada de emprego temporário de todas as economias estudadas».
Segundo os cálculos da organização, na última década (1993-2003), o desemprego juvenil não cessou de aumentar, atingindo um número recorde de 88 milhões de pessoas com idades entre os 15 e os 25 anos.
Apesar de representarem apenas um quarto da mão-de-obra, os jovens sem trabalho constituem quase metade (47 por cento) dos 186 milhões de desempregados do planeta.
Em causa, está não apenas a sobrevivência de cada indivíduo, mas o próprio desenvolvimento económico da maioria dos regiões, onde a miséria e a fome continuam a ser realidades dominantes. A OIT estima que a redução deste flagelo social teria efeitos surpreendentes sobre as economias, em especial nas mais débeis.
Assim, se a taxa de desemprego juvenil baixasse de 14,4 para 7,2 por cento, seriam injectados entre 2,2 e 3,5 biliões (milhões de milhões) de dólares na economia mundial, o que equivale a entre 4,4 e 7,7 por cento de toda a riqueza produzida pela humanidade
Particularmente beneficiadas seriam as regiões mais atrasadas e pobres, que albergam 85 por cento dos jovens do planeta, onde se registam igualmente as mais elevadas taxas de desemprego juvenil, 3,8 vezes superiores às dos restantes escalões etários.
Na actual situação, constata a OIT, «o futuro dos que em breve ingressam no mercado de trabalho dependerá em grande parte da taxa de crescimento económico e da sua tradução na criação de mais postos de trabalho».
Porém, não é isto que tem acontecido. Mesmo nos países industriais, onde se assiste a uma diminuição da população jovem, o desemprego juvenil mantém-se alto, e embora tenha passado de 15,4 para 13,4 por cento no período em análise, continua a ser 2,3 vezes mais elevado do que nas restantes camadas da população.
No Médio Oriente ou para a África do Norte, este indicador dispara para os 25,6 por cento; na África subsahariana situa-se nos 21 por cento; 16,6 por cento, na América Latina; e 16,4 por cento no Sudeste Asiático.
Precários e mal pagos
O quadro sombrio adquire tons ainda mais carregados se tivermos em conta que dos 550 milhões de trabalhadores que vivem com menos de um dólar por dia, 130 milhões são jovens.
É também entre as novas gerações que as crises cíclicas do capitalismo fazem as primeiras vítimas. «Em período de recessão, os jovens são ainda mais vulneráveis do que as pessoas com mais idade», sublinha o relatório. São eles «os primeiros a perder o emprego e os últimos a encontrar outro», acrescenta Dorothea Schmidt, uma das autoras do estudo.
As perspectivas não são animadoras já que, face a uma aumento da população jovem de 10,5 por cento nos últimos dez anos, o número de novos postos de trabalho apenas evoluiu 0,2 por cento.
Tentando estabelecer uma relação entre os sistemas de protecção laboral na economia e o trabalho precário, o relatório refere-se uma única vez ao nosso país, ao considerar que «no sul da Europa, por exemplo, economias com protecção laboral relativamente forte, como Espanha e Portugal, têm a incidência mais elevada de emprego temporário de todas as economias estudadas».