Cidade da Juventude

O sonho tem Partido

É um dos espaço mais concorridos da Festa, não fosse esta a iniciativa político-cultural que mais juventude junta e congrega durante três dias de Festa, animação, luta, debate, convívio e muita música.
A enorme participação de juventude na sua construção volta a ser a prova mais concreta e palpável da vitalidade da Festa do Avante! e do Partido que a realiza e promove.
Tiago Vieira, 18 anos, é estudante universitário em Lisboa e responsável pela implantação da Cidade da Juventude.
Ana Martins, 20, também universitária mas em Coimbra, assegura a montagem dos toldos que vão cobrir os espaços em estrutura de toda a Festa para que não faltem sobras que resguardem os visitantes nas horas de maior calor.
Telma Capucho, 27 anos, acompanha e supervisiona os conteúdos políticos e culturais da Cidade da Juventude de Abril.
Localizada no seu espaço habitual - junto ao Palco 25 de Abril -, a Cidade da Juventude tem de novo uma fachada voltada para a rotunda do palco principal da Festa mas como novidade conta «conta este ano com uma torre de 10,5 metros de altura», revelou-nos Tiago Vieira.
Frente ao Espaço Multiusos vai estar uma «enorme» esplanada – ainda maior que no ano passado - para a malta nova poder descansar, retemperar forças e desfrutar do espaço concebido para eles.
A dar apoio ao Palco Novos Valores – onde vai decorrer a grande final nacional de música do concurso que percorreu Portugal de lés a lés – vão estar dois quiosques de bebidas para abastecer os espectadores dos concertos que arrancam na tarde de sexta-feira e se prolongam até à noite de domingo.

Construir o futuro

Para muitos jovens, a construção e implantação no terreno da Cidade da Juventude e da Festa são o seu primeiro contacto real com o mundo do trabalho. Na maioria são estudantes que entregam parte das suas férias de Verão para ajudar o seu Partido a realizar o evento, de forma a que, no dia 3 de Setembro, tudo esteja pronto a horas e a Festa corra da melhor maneira possível para todos os visitantes.
São os primeiros contactos com ferramentas, estruturas, madeiras, com um mundo que poderá ser o deles quando optarem por alguma profissão.
Tiago Vieira confessou à reportagem que quando chegou à Atalaia, ao princípio, a dificuldade maior «foi acordar cedo com o cansaço acumulado de dias de trabalho e noites de convívio».
Antes de assumir a responsabilidade de implantar a Festa, Tiago tinha apenas participado em três jornadas no ano anterior, motivo pelo qual considera estar perante um enorme desafio não apenas às suas capacidades como à própria organização, a JCP.
Mas, com o tempo, as preocupações têm-se dissipado: este ano, «não houve semana ou jornada em que não tenha aparecido gente nova para ajudar». «Na maior parte dos casos, quem aqui aparece tem consciência da importância da sua participação e colaboração, motivo pelo qual a Cidade da Juventude é também um grande espaço de convívio, de criação de novas amizades e de reforço das relações entre nós.»
Sem exageros de qualquer espécie e sem a necessidade de ritmos intensos de trabalho de outros tempos, «o ritmo tem sido positivo, mais agora que esperamos ainda mais participações nestes últimos dias», acrescentou.
Chegando ao terreno, os construtores dividem-se em pequenas equipas que são depois coordenadas consoante as capacidades e as necessidades. Tiago tem a responsabilidade de integrar quem chega, equilibrando as brigadas da melhor maneira possível.
«Sendo comunistas, temos por tarefa contactar quem não conhecemos.» «As brigadas são formadas no sentido de acostumar os camaradas que aparecem a relacionarem-se com quem não conhecem sendo também do Partido, de forma que, cada vez mais, os camaradas entrecruzem experiências, realidades e conhecimentos que os enriquecem depois para a luta no resto do ano», afirmou Tiago Vieira.
Estabelecem-se fortes e novos laços de amizade e ajuda-se a combater a timidez, integrando todos da melhor forma no trabalho. «Não temos nenhum caso de inadaptação», concluiu.

Sombras e alturas

É a partir deste fim-de-semana que brigadas de jovens, acompanhadas por camaradas com mais experiência, começam a aparecer no cimo das estruturas com panos e cordas para cobrir de sombra os espaços e os pavilhões.
É um trabalho árduo em que se percorre os tubos com cordas que vão cosendo os panos de ponta a ponta.
Ana Martins ganhou o gosto pelas alturas e dedica-se a esta tarefa há dois anos e, ao que parece, adaptou-se com gosto e dedicação. Este ano tem aquela responsabilidade que «além de ser uma coisa que se tem de fazer, dá gozo, sobretudo no plano humano porque é um sector onde se encontra muito boa gente numa tarefa que requer uma concentração inacreditável se comparada com outras».
Devido à sua especificidade, este trabalho requer uma selecção conforme as capacidades de cada um: «há malta que consegue subir, há malta que tem vertigens e não pode, e só constatando as capacidades de cada um é que se faz a selecção dos camaradas», acrescentou.
Para já, está constituída uma brigada de quatro camaradas que vão começar a dar sombras à Festa.
Para Ana Martins, existe uma grande diferença entre muitos dos visitantes que apenas procuram divertir-se e os construtores: «se viéssemos aqui apenas para nos divertir, não acordávamos voluntariamente às 7 e meia da manhã para trabalhar», disse.

Materializar os sonhos

Desde a primeira jornada, no dia 15 de Junho, já passaram em, média, por cada fim-de-semana, cerca de 30 jovens para a construção da Cidade da Juventude de Abril, revelou-nos Telma Capucho.
Sob o lema, «O Sonho tem Partido», a JCP pretende celebrar o seu 25.º aniversário, as bodas de prata da organização juvenil comunista. O mesmo lema será tema das brigadas de contacto da Festa que vão abordar os visitantes no sentido de os sensibilizar para a sua participação cívica e adesão à luta com os comunistas, em defesa dos direitos e da dignidade dos trabalhadores, do povo e da juventude portugueses.
A exposição política na cidade jovem vai ainda assinalar os 30 anos da Revolução de Abril e o papel da JCP durante os anos de liberdade.
Cada vez mais, a JCP pretende criar uma maior interactividade entre os visitantes e as próprias exposições. Vai ser utilizada a famosa fotografia da Revolução com o povo em cima da «chaimite» com uns recortes para que o visitante possa tirar fotografias, participando na foto, em cima do tanque.
A exposição aborda ainda a intensa actividade dos jovens comunistas durante o ano, com uma retrospectiva sobre as lutas no ensino superior e no secundário por uma educação pública, gratuita e de qualidade.
O mundo e as lutas dos jovens trabalhadores estão também em destaque com o combate ao Código do Trabalho, à precariedade, ao desemprego e às discriminações sociais.
Haverá ainda uma parte dedicada à problemática dos incêndios com fotos de fotógrafos profissionais.
As lutas em defesa das mulheres julgadas por prática de aborto clandestino também não estão esquecidas, com referências aos direitos sexuais e reprodutivos.
Outra componente importante da actividade do espaço durante os três dias são os debates, subordinados aos 25 anos da JCP, ao XVI Festival Mundial da Federação Mundial da Juventude e dos Estudantes, que se realiza no próximo ano na terra de Hugo Chávez, em Caracas, na Venezuela. É promovido pela Federação Mundial da Juventude da qual Miguel Madeira, dirigente da JCP e membro do Comité Central do PCP, é presidente e participa no debate.
O terceiro vai abordar a realidade do associativismo juvenil e a criação de colectivos da JCP nesta área.
Telma tem a sensação de que na Festa tem-se trabalhado com grande solidariedade e amizade entre todos os camaradas que têm contribuído com o seu trabalho, «do modo que caracteriza os comunistas na sua forma de estar e de viver com as noções práticas da igualdade, fraternidade e solidariedade».


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