Imigrantes

Décadas de solidariedade

Em meio milhão, cem mil imigrantes têm autorização apenas por um ano.

O grupo de trabalho é composto por vários camaradas imigrantes de antes do 25 de Abril. O fascismo autorizava que naturais dos PALOP´s viessem para Portugal.
Justino da Silva veio da Guiné, aquando da guerra colonial que motivou uma primeira vaga de imigrantes que eram, na altura, considerados portugueses de segunda.
Manuel Moniz chegou a Portugal uma semana antes do 25 de Abril, tendo, em 1986, optado pela nacionalidade portuguesa.
Henrique Mota, membro da comissão concelhia de Loures do Partido recordou as ligações antigas do PCP aos movimentos de libertação: a solidariedade activa aos líderes dos movimentos de libertação nacional como Lúcio Lara, fundador do MPLA que participou no 5.º congresso do PCP na clandestinidade; Agostinho Neto, preso pela PIDE quando distribuía propaganda contra a guerra na Coreia e que foi depois auxiliado pelo PCP para sair do País em 1962 e ir liderar o MPLA.
Recordou ainda as relações de grande solidariedade com Amilcar Cabral, dirigente histórico do PAIGC que foi estudante na antiga escola agrícola na Bobadela, Loures.
Como dirigente sindical em Angola antes do 25 de Abril, o próprio Henrique Mota – já militante do PCP – é prova viva do constante apoio prestado pelos comunistas portugueses à libertação dos povos das ex-colónias.
Manuel Correia veio para Portugal estudar em 1968 e cedo se apercebeu de que os tempos eram de revolta anti-fascista no mundo estudantil: «foi uma surpresa agradável porque eu já não concordava com nada do colonialismo mas não sabia o que fazer», revelou.
A partir daí, juntou-se ao combate estudantil, ao mesmo tempo que foi sendo trabalhador-estudante, vida ainda mais dura do que é ainda hoje, num tempo em que não tinham qualquer estatuto próprio.

Da autodefesa à organização

Para Manuel Correia, as dificuldades vividas hoje por estas comunidades «não são nada de novo». Segundo este dirigente, a população imigrante, desde essa primeira vaga, soube criar mecanismos de autodefesa, através das formas tradicionais de resistência que trouxeram das suas terras de origem.
A comunidade cabo-verdiana começou por juntar-se em Lisboa, no Jardim da Estrela, para trocar informações sobre o seu país e saber das oportunidades que poderiam ter neste mundo desconhecido.
As formas expontâneas de organização foram depois adoptadas pelas várias organizações de imigrantes que se formaram. Mas, o que estas formas têm de fundamental é que – como sempre defendeu o PCP – só a participação dos trabalhadores imigrantes pela sua dignidade pode melhorar as suas vidas.
Após 1975, com o início das guerras fratricidas em Angola e em Moçambique, surge mais uma vaga de imigrantes.
A recente vaga de imigrantes do leste da Europa surge exclusivamente por motivos económicos, com o afundamento dos ex-países socialistas convertidos ao capitalismo.
Neste momento, estimativas apontam para a existência em Portugal de cerca de meio milhão de imigrantes.
Destes, cerca de cem mil têm apenas uma autorização de permanência que tem de ser renovada anualmente, estando dependente da decisão do patrão.
«O Governo pretende resolver o problema com medidas securitárias que tem demonstrado que a policialização da sociedade não é o caminho correcto.» «Já nos anos noventa, o PCP denunciou o facto dos imigrantes não serem tratados como cidadãos de pleno direito.», afirmou Manuel Correia.

Pela legalização na Europa

Na União Europeia, o grupo parlamentar comunista, aquando da realização do balanço do mandato compreendido entre 1999 e 2004, apresentou propostas de combate à imigração clandestina rejeitando propostas da direita «que seguiam uma perspectiva repressiva em relação aos imigrantes, como se de eventuais criminosos se tratasse», defendendo a integração efectiva destes trabalhadores sem que se expulse os cidadão em situação irregular.
O grupo comunista no Parlamento Europeu denunciou ainda os «passadores» de imigrantes que retiram benefícios económicos com os imigrantes assim como os patrões «que se aproveitam dos cidadão encontrados em situação irregular», lê-se na tomada de posição de Maio passado.


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