Jornada de luta

1º de Maio pelo trabalho e pela paz

O 1º de Maio, assinalado em todo o mundo, foi um importante jornada de luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a globalização e pela paz.
A condenação da política imperialista e belicista dos EUA marcou presença em muitas das comemorações do Dia do Trabalhador. Em algumas cidades europeias, lamentavelmente, as manifestações ficaram igualmente marcadas por confrontos entre grupos de manifestantes e forças policiais, ensombrando o carácter pacífico da generalidade dos eventos. Foi o que sucedeu em Berlim, por exemplo, onde um concerto de rock realizado no final de um protesto pacífico no parque do antigo Muro terminou em violência. Os desacatos provocados por duas centenas de manifestantes deram origem à intervenção da polícia, que prendeu 97 pessoas.
Também no centro financeiro da Suíça, em Zurique, uma manifestação pacífica contra a guerra no Iraque e a situação económica no país acabou em confrontos, quando cerca de cem mascarados atacaram a polícia, que respondeu com balas de borracha.
Já em Istambul, na Turquia, a repressão policial visou impedir uma manifestação não autorizada. Mais de três dezenas de pessoas foram presas. Noutra zona da cidade, cerca de 25 mil manifestantes responderam ao apelo de organizações sindicais e saíram à rua exigindo do governo a retirada da legislação que visa reduzir os direitos dos trabalhadores. Não se registaram incidentes.
Em Paris, como em toda a França, dezenas de milhares de trabalhadores fizeram ouvir o seu repúdio contra o plano de reformas do sistema de pensões que o governo pretende impor. O mesmo protesto se fez ouvir na capital austríaca, Viena, onde 100 000 pessoas marcharam contra as pretensões do executivo (centro-direita) de alterar o sistema de pensões.

Contra o capitalismo

Em Londres, a tónica contra a guerra foi dada pela denúncia das 50 empresas de «destruição em massa»; a lista, divulgada também pela Internet, era ostentada em faixas com o nome e endereço de empresas petrolíferas, fabricantes de armas, bancos, multinacionais e departamentos do governo, como o Ministério da Defesa.
Em defesa da paz mundial e dos direitos dos trabalhadores desfilaram em Madrid milhares de espanhóis, numa manifestação grandiosa apenas ensombrada pelo ataque contra o dirigente sindical José Maria Fidalgo. Atingido na cabeça, Fidalgo teve de receber assistência médica.
Em Moscovo, respondendo ao apelo do Partido Comunista da Rússia, os manifestantes exigiram o fim do capitalismo, apontado como responsável pelo «desastre» que assola o país, e a renúncia do presidente, Vladimir Putin.
No Iraque, cerca de 200 membros do Partido Comunista Iraquiano assinalaram o 1º de Maio de forma simbólica, manifestando-se junto ao Hotel Palestina, em Bagdad.
Em Havana, mais de um milhão de cubanos (mais de 60% da população) desfilaram em defesa da Revolução (ver texto nesta página). A participação em todo o país foi tão massiva que as autoridades resolveram prolongar as comemorações por mais 24 horas.
Pelo contrário, na China, a grave situação resultante da pneumonia atípica impediu praticamente todas as comemorações.
Pela redução do horário laboral e por melhores condições e segurança no trabalho manifestaram-se em Seul, na Coreia do Sul, cerca de 20 mil pessoas.
Em Manila, nas Filipinas, cerca de dez mil pessoas saíram à rua em defesa dos seus direitos, algumas usando máscaras para alertar contra os efeitos nocivos da globalização na indústria local.
Na Grécia, Itália, Bulgária, Japão, Indonésia, República Checa e Polónia, entre outros, centenas de milhar de pacifistas manifestaram-se igualmente contra a guerra no Iraque e pela criação de postos de trabalho.


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