Greenpeace divulga mapa

Poker nuclear

As armas de destruição maciça estão na posse de países ditos democráticos e dos seus aliados. Não vale a pena perder tempo a procurá-las no Iraque.

«Existem actualmente no mundo cerca de 30 mil bombas atómicas»

A organização Greenpeace divulgou a semana passada um mapa virtual com a localização de todas as fábricas e depósitos de armas nucleares conhecidos do planeta.
«Como os EUA e o Reino Unido têm tantas dificuldades em encontrar as armas de destruição maciça no Iraque, acreditamos que lhes poderemos facilitar o trabalho oferecendo-lhes este guia das armas atómicas cuja existência conhecemos, assim como suas coordenadas», refere com ironia um comunicado da organização.
Apesar de ter sido elaborado com dados obtidos a partir de fontes públicas, o mapa é o único que reúne as coordenadas exactas da instalações nucleares conhecidas, pelo que a Greenpeace espera poder ser útil «aos subscritores do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que pertence a todos nós como instrumento para chegar a um mundo sem armas atómicas».
Ainda segundo o comunicado, o mapa poderá ser utilizado pelos inspectores da Agência Internacional de Energia Atómica e por quem estiver interessado em verificar «onde existem armas» de destruição maciça.

O outro baralho

Esta iniciativa foi acompanhada pela distribuição, a diplomatas e jornalistas, de um baralho de poker com as fotos dos dirigentes dos países nucleares. É a réplica da Greenpeace ao baralho de cartas norte-americano com «os mais procurados» do antigo regime iraquiano.
Enquanto no Iraque continuam por encontrar as alegadas armas de destruição maciça de Saddam Hussein, na cena política internacional «dão cartas» os homens que dirigem os países que efectivamente as possuem. Do baralho constam os presidentes dos Estados Unidos, Paquistão, China, Rússia e França, os primeiros-ministros de Israel, Índia e Reino Unido, bem como dados sobre os respectivos arsenais atómicos e outros dados sobre as armas nucleares existentes a nível mundial.
Vale a pena lembrar que as cinco principais potências nucleares (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) continuam a não cumprir os compromissos assumidos no âmbito do Tratado de Não-Proliferação Nuclear que, embora sem fixar prazos, os obrigam a destruir os seus próprios arsenais nucleares.

Arsenais

Segundo a Greenpeace, existem actualmente no mundo cerca de 30 mil bombas atómicas, o que significa que desde a assinatura do Tratado, em 1970, apenas foram destruídas 1,5 mil unidades, ou seja, um índice de desarmamento de 42 unidades por ano.
Trata-se de um «ritmo inaceitável considerando os perigos que esse enorme arsenal representa para cada um de nós», refere a organização, sublinhando que «se as potências nucleares estão preocupadas com as armas de destruição em massa que possuem a Índia, o Paquistão, Israel e a Coreia do Norte, devem dar o exemplo, reduzindo imediatamente seus próprios arsenais e parando a produção de novas armas desse tipo».


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