Dois dias
Esta semana, o Governo chefiado por Pedro Santana Lopes iniciou funções e o novel Primeiro-ministro não perdeu tempo a exibir o seu estilo.
Logo na segunda-feira, além de presidir à sua primeira «reunião de conselho de ministros», arranjou maneira de aparecer em mais dois actos públicos, nos quais, evidentemente, prestou copiosas declarações à multidão de órgãos de comunicação social que, também inevitavelmente, a eles acorreram como insectos ao mel.
O primeiro de todos os actos (mesmo antes da «reunião do conselho de ministros») foi uma «visita oficial» à campa de fundador do PPD, Francisco Sá Carneiro (que hoje faria 70 anos), no cemitério do Lumiar. Foi, certamente, o que de melhor ocorreu a Santana Lopes para substituir a tomada de posse almejada para esse dia, mas frustrada pela pressa do Presidente da República em realizar o acto dois dias antes, no sábado passado.
Mas aquela cabeça criativa nunca dorme: certamente para rentabilizar a acção, o ilustre visitante só admitiu a Lusa (mas a «Lusa TV», evidentemente) a filmar a sua deslocação ao cemitério, pelo que todas as televisões tiveram de emitir o mesmo compenetrado ajeitar do ramo de flores, solenemente realizado na campa por Santana Lopes. Tomem lá, que é solene.
Após despachar a famosa primeira «reunião de conselho de ministros» – de que deu notícias o agora «ministro da Presidência do Conselho de Ministros», Morais Sarmento – rumou à igreja de S. João de Deus, em Lisboa, onde, com cinco minutos de atraso que o padre oficiante prestimosamente colmatou (adiando o início da celebração), assistiu a uma missa também por Sá Carneiro, aí já profusamente filmado pelos três canais de televisão, benzendo-se, sempre compenetrado, junto ao altar e devidamente enquadrado por um ramalhete de figuras gradas dos seus partido e Governo.
Cá fora, na base das escadarias da igreja, repetiu as suas famosas conferências de imprensa informais (tal como já fizera à saída do cemitério do Lumiar), aproveitando para esclarecer o País sobre problemas tão importantes como a garantia de que, neste Governo, se mantém «a correlação de forças entre o PSD e o CDS/PP» que havia no anterior.
Aparecer duas vezes em público no primeiro dia de funções não é para qualquer um. O facto de nada ter dito ou feito de relevante nessas duas aparições, só as valoriza: não fazer nada publicamente e em dose dupla, é obra.
Entretanto, no segundo dia já Pedro Santana Lopes tinha outra novidade para anunciar ao País – directamente para as câmaras de televisão, tábem de ver.
Voltou a prometer baixar o IRS «se houver margem para isso».
Isto, a caminho de uma reunião com o presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, e o actual ministro das Finanças, Bagão Félix.
Isto apesar de o referido presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, haver dito, preto no branco, na segunda-feira, não ver nem haver nenhuma margem para se baixar «qualquer tipo de imposto», posição que mitigava no dia seguinte (a tal terça-feira em que foi convocado pelo primeiro-ministro) para a admissão, num sorriso contrafeito, de que «se poderá baixar impostos desde que se baixe igualmente a despesa pública» - o que nem este primeiro-ministro pode garantir, evidentemente.
Isto apenas nos dois primeiros dias de «consulado Santana Lopes».
Imagine-se o desastre que aí vem, dia a dia e todos os dias.
Logo na segunda-feira, além de presidir à sua primeira «reunião de conselho de ministros», arranjou maneira de aparecer em mais dois actos públicos, nos quais, evidentemente, prestou copiosas declarações à multidão de órgãos de comunicação social que, também inevitavelmente, a eles acorreram como insectos ao mel.
O primeiro de todos os actos (mesmo antes da «reunião do conselho de ministros») foi uma «visita oficial» à campa de fundador do PPD, Francisco Sá Carneiro (que hoje faria 70 anos), no cemitério do Lumiar. Foi, certamente, o que de melhor ocorreu a Santana Lopes para substituir a tomada de posse almejada para esse dia, mas frustrada pela pressa do Presidente da República em realizar o acto dois dias antes, no sábado passado.
Mas aquela cabeça criativa nunca dorme: certamente para rentabilizar a acção, o ilustre visitante só admitiu a Lusa (mas a «Lusa TV», evidentemente) a filmar a sua deslocação ao cemitério, pelo que todas as televisões tiveram de emitir o mesmo compenetrado ajeitar do ramo de flores, solenemente realizado na campa por Santana Lopes. Tomem lá, que é solene.
Após despachar a famosa primeira «reunião de conselho de ministros» – de que deu notícias o agora «ministro da Presidência do Conselho de Ministros», Morais Sarmento – rumou à igreja de S. João de Deus, em Lisboa, onde, com cinco minutos de atraso que o padre oficiante prestimosamente colmatou (adiando o início da celebração), assistiu a uma missa também por Sá Carneiro, aí já profusamente filmado pelos três canais de televisão, benzendo-se, sempre compenetrado, junto ao altar e devidamente enquadrado por um ramalhete de figuras gradas dos seus partido e Governo.
Cá fora, na base das escadarias da igreja, repetiu as suas famosas conferências de imprensa informais (tal como já fizera à saída do cemitério do Lumiar), aproveitando para esclarecer o País sobre problemas tão importantes como a garantia de que, neste Governo, se mantém «a correlação de forças entre o PSD e o CDS/PP» que havia no anterior.
Aparecer duas vezes em público no primeiro dia de funções não é para qualquer um. O facto de nada ter dito ou feito de relevante nessas duas aparições, só as valoriza: não fazer nada publicamente e em dose dupla, é obra.
Entretanto, no segundo dia já Pedro Santana Lopes tinha outra novidade para anunciar ao País – directamente para as câmaras de televisão, tábem de ver.
Voltou a prometer baixar o IRS «se houver margem para isso».
Isto, a caminho de uma reunião com o presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, e o actual ministro das Finanças, Bagão Félix.
Isto apesar de o referido presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, haver dito, preto no branco, na segunda-feira, não ver nem haver nenhuma margem para se baixar «qualquer tipo de imposto», posição que mitigava no dia seguinte (a tal terça-feira em que foi convocado pelo primeiro-ministro) para a admissão, num sorriso contrafeito, de que «se poderá baixar impostos desde que se baixe igualmente a despesa pública» - o que nem este primeiro-ministro pode garantir, evidentemente.
Isto apenas nos dois primeiros dias de «consulado Santana Lopes».
Imagine-se o desastre que aí vem, dia a dia e todos os dias.