A lógica inumana do capitalismo
É de 74 milhões, o número de seres humanos ameaçados de morte pela Sida até 2015, segundo dados divulgados na conferência internacional sobre a doença que está a decorrer na Tailândia. Uma estimativa que arrasa as metas definidas no Plano de Acção aprovado na Cimeira de Joanesburgo realizada há dois anos, que voluntariosamente fixava o objectivo de reduzir, até 2005, em 25% a população dos 15 aos 24 anos infectada, e em igual percentagem até 2010 no conjunto da população atingida pela doença. A dramática expressão da tragédia que se esconde na frieza dos números não pode deixar de suscitar dois comentários.
O primeiro, para sublinhar que ela constitui em toda a sua extensão o abismo entre os objectivos proclamados, sempre com eloquência redobrada, se afirmados sob as luzes dos holofotes nos grandes eventos mediáticos, e as medidas necessárias para os aproximar da concretização. Para mal da humanidade a Sida não é exemplo único. Revisitassemos o que em Joanesburgo se aprovou e veríamos estendido a outros objectivos, como os da redução da fome ou o acesso á água potável, a mesma e revoltante distância entre o que se propunha e o que a vida, dois anos passados, revela.
O segundo, para evidenciar que este fosso, entre o desejado e o alcançado, não tem origem em qualquer aparente erro de estimativa ou imprecisão humana. Mas sim na natureza do sistema capitalista e na sua comprovada incapacidade para dar solução aos problemas de milhões de seres humanos e ao colapso social e económico de países e continentes inteiros. Só pelo mais completo gesto de cinismo e hipocrisia se pode continuar a insistir em metas, mirificas, de redução da propagação da doença sem observar, por exemplo, o papel que a questão decisiva do controlo pelas multinacionais farmacêuticas das patentes dos medicamentos desempenha no seu comprometimento.
Os números que agora nos chegam da Tailândia são em si mesmo um dedo acusatório apontado á lógica de dominação de um sistema que faz da exploração humana a razão da sua existência e a fonte em que se alimenta e procura perpetuar. Uma lógica que vê nas dificuldades e no drama humano presente no dia a dia dos países em desenvolvimento, uma oportunidade de negócio para, em nome da ajuda e do apoio, abrir novas áreas de negócio, acumular lucros e perpetuar dependências.
O primeiro, para sublinhar que ela constitui em toda a sua extensão o abismo entre os objectivos proclamados, sempre com eloquência redobrada, se afirmados sob as luzes dos holofotes nos grandes eventos mediáticos, e as medidas necessárias para os aproximar da concretização. Para mal da humanidade a Sida não é exemplo único. Revisitassemos o que em Joanesburgo se aprovou e veríamos estendido a outros objectivos, como os da redução da fome ou o acesso á água potável, a mesma e revoltante distância entre o que se propunha e o que a vida, dois anos passados, revela.
O segundo, para evidenciar que este fosso, entre o desejado e o alcançado, não tem origem em qualquer aparente erro de estimativa ou imprecisão humana. Mas sim na natureza do sistema capitalista e na sua comprovada incapacidade para dar solução aos problemas de milhões de seres humanos e ao colapso social e económico de países e continentes inteiros. Só pelo mais completo gesto de cinismo e hipocrisia se pode continuar a insistir em metas, mirificas, de redução da propagação da doença sem observar, por exemplo, o papel que a questão decisiva do controlo pelas multinacionais farmacêuticas das patentes dos medicamentos desempenha no seu comprometimento.
Os números que agora nos chegam da Tailândia são em si mesmo um dedo acusatório apontado á lógica de dominação de um sistema que faz da exploração humana a razão da sua existência e a fonte em que se alimenta e procura perpetuar. Uma lógica que vê nas dificuldades e no drama humano presente no dia a dia dos países em desenvolvimento, uma oportunidade de negócio para, em nome da ajuda e do apoio, abrir novas áreas de negócio, acumular lucros e perpetuar dependências.