Palestinianos debaixo de fogo

Apesar da condenação e das denúncias palestinianas e de agências da ONU, o exército israelita mantém a ofensiva na Faixa de Gaza procurando esmagar a resistência.
Ao cair da noite de segunda-feira, o centro da cidade de Gaza voltou a ser atacado por helicópteros do exército de Israel.
Numa primeira incursão, os alvos foram os edifícios onde estão sediados agências e órgãos de comunicação palestinianos e internacionais, ao qual se seguiu um segundo ataque com mísseis direccionados a uma oficina metalúrgica no campo de refugiados de Nousseirat, estrutura que os responsáveis de Telavive argumentaram servir de apoio à fabricação de explosivos.
As operações em curso na Faixa de Gaza surgem na sequência do ataque da semana passada em Nablus, no norte da Cisjordânia, que provocou pelo menos nove mortos, entre os quais o líder das Brigadas de Al Aqsa naquela região, Nayef Abu Charekh.
Nayef foi, juntamente com outros seis companheiros, assassinado numa operação montada por forças aerotransportadas de Israel, que surpreenderam o grupo num esconderijo na Kashba da cidade velha, tendo detonado diversos explosivos no local.
Nablus, invadida na quinta-feira da passada semana, foi revistada a «pente fino» pelo exército, que trancou no seu interior os cerca de 20 mil habitantes, sujeitando-os a operações de controlo dentro das suas próprias casas.

Violações sucedem-se

Quatro dias de cerco e invasão de Nablus mereceram, da parte dos responsáveis palestinianos, o repúdio e o apelo à ONU e aos parceiros envolvidos no processo de paz para que tomem medidas concretas de responsabilização do governo de Sharon pelos crimes de guerra que tem praticado.
Abu Alá, primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), considerou que «Israel não observa a lei internacional e continua com a sua política e com a sua estratégia de roubar a terra palestina, expandir os colonatos, edificar o muro de separação racista e impor o seu plano unilateralmente».
Também Yasser Arafat se pronunciou dobre a barbárie de Nablus. O presidente da ANP afirmou que «se tratou de um massacre e uma escalada perigosa que tem a finalidade de prejudicar os esforços de paz».
Da parte das Nações Unidas sucedem-se igualmente as condenações públicas, apesar de tal não se traduzir numa prática efectiva contra Israel.
Na sexta-feira da semana passada, enquanto decorria o ataque a Nablus, três dezenas de investigadores afectos à organização apelaram ao Conselho de Segurança para que equacione o envio de uma força de interposição para os territórios ocupados.
O grupo esclareceu a sua posição num comunicado colectivo, afirmando que «só na última semana as execuções extrajudiciais, a morte de civis palestinianos por soldados israelitas, a confiscação de terras agrícolas e a demolição de casas continuaram em Gaza», factos que consideraram incluídos numa política concertada de «assassinatos selectivos, uso excessivo da força durante as incursões militares, detenções arbitrárias e longos períodos de isolamento dos presos, tortura e outras formas desumanas e degradantes de maus tratos».

Balanço da tragédia

Muito embora seja difícil apurar o balanço das vítimas do conflito israelo-palestiniano devido aos quotidianos ataques do exército israelita, o Centro Nacional Palestiniano de Informação revelou que, entre Setembro de 2000 e Maio de 2004, morreram 3345 palestinianos; foram arrasadas 62 888 habitações, 18 243 das quais em Gaza; mais de 40 mil pessoas resultaram feridas e outras 7200 encontram-se detidas nas prisões de Israel.


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