Casa Branca forjou provas para atacar o Iraque
Não há relação entre Saddam Hussein e a Al’Qaeda, concluiu a comissão independente do Congresso dos EUA que investiga os atentados do 11 de Setembro.
«O motivo por que insisto em que havia uma relação é porque havia uma relação»
A depauperada credibilidade da administração Bush recebeu a semana passada mais uma machadada. As investigações ao 11 de Setembro levadas a cabo por uma comissão independente do Congresso confirmam que «não há provas credíveis» da alegada ligação de
Saddam Hussein à organização terrorista de Osama bin Laden, um dos principais argumentos da Casa Branca para justificar o ataque e ocupação do Iraque.
Segundo o relatório preliminar da comissão, divulgado no final da semana passada, bin Laden ter-se-á encontrado em 1994, no Sudão, com um alto responsável dos serviços secretos iraquianos, mas não foi estabelecida qualquer relação de cooperação entre as partes.
Mais, Saddam não só rejeitou o pedido o pedido de armas e campos de treino para a Al’Qaeda, como não teve nenhuma responsabilidade nos atentados de Setembro.
As conclusões desmentem em absoluto o presidente Bush, que em Fevereiro de 2003 afirmou, pouco antes de ordenar o ataque ao Iraque, que existiam «vínculos directos e amplos [do regime iraquiano] com as redes terroristas», e que Saddam tinha enviado peritos no fabrico de bombas e falsificação de documentos para trabalharem com a Al’Qaeda, para além de ter proporcionado treino com armas químicas e biológicas à rede terrorista. O presidente norte-americano chegou mesmo a garantir que havia campos de treino da Al’Qaeda no nordeste do Iraque e que muitos dos principais responsáveis da organização se encontravam em Bagdad.
Era tudo mentira, como mentira era a existência de armas de destruição maciça no Iraque e os famigerados «laboratórios móveis» com que Colin Powell tentou convencer os seus congéneres na ONU para a guerra no Iraque.
Autismo político
A escasso quatro meses das eleições, Bush está manifestamente à deriva. Dando prova de um verdadeiro autismo político, reagiu às conclusões da comissão afirmando que «o motivo por que insisto em que havia uma relação é porque havia uma relação».
Também o vice-presidente, Dick Cheney, não encontrou melhor resposta do que atacar a imprensa norte-americana, e em particular o jornal The New York Times, classificando os títulos sobre a matéria de «irresponsáveis, maliciosos e ofensivos».
Depois de se ter comprovado que Saddam Hussein não tentou comprar urânio ao Niger e que não preparava qualquer acção militar, os resultados das investigações deixam claro que a administração Bush forjou todos os pretextos para atacar o Iraque, ao mesmo tempo que escamoteava as suas próprias responsabilidades nas inadmissíveis falhas do sistema de segurança interna que levaram ao 11 de Setembro, o qual, segundo o relatório da comissão independente, só não foi pior devido a divergências entre os terroristas quanto aos meios a utilizar e aos alvos a atingir. O plano, refere o relatório, era usar 10 aviões para destruir edifícios em todo o território dos EUA, incluindo as sedes da CIA, do FBI, os mais altos e emblemáticos, e inclusive centrais nucleares.
A grande questão que agora se coloca, e a que os EUA não podem fugir, é a de saber quem vai ser responsabilizado - se é que vai - pelos milhares de vidas humanas perdidas e pela destruição de um país em nome da democracia e da luta contra o terrorismo.
Todos menos Bush
Cerca de três dezenas de destacados antigos diplomatas e militares na reserva defenderam publicamente, quinta-feira passada, a necessidade de derrotar Bush nas eleições de Novembro.
O chamado grupo de Diplomatas e Comandantes Militares pela Mudança acusa Bush de ter «justificado a invasão do Iraque manipulando dados pouco seguros dos serviços de espionagem sobre armas de destruição maciça, e com uma campanha cínica para persuadir a opinião pública de que Saddam Hussein estava ligado à Al’Qaeda e aos ataques do 11 de Setembro», quando na verdade «as provas não apoiam este argumento».
Segundo os especialistas, a política da Casa Branca «enfraqueceu» a segurança dos EUA e empurrou o país para «uma guerra de elevados custos e mal planeada cujo resultado é incerto».
«Nos seus dois séculos e um quarto de história - refere o documento - nunca os EUA estiveram tão isolados do resto das nações, nunca foram tão temidos e nunca suscitaram tanta desconfiança».
Razões de sobra, para os signatários, para que em Novembro os eleitores votem em qualquer um, menos em Bush.
Saddam Hussein à organização terrorista de Osama bin Laden, um dos principais argumentos da Casa Branca para justificar o ataque e ocupação do Iraque.
Segundo o relatório preliminar da comissão, divulgado no final da semana passada, bin Laden ter-se-á encontrado em 1994, no Sudão, com um alto responsável dos serviços secretos iraquianos, mas não foi estabelecida qualquer relação de cooperação entre as partes.
Mais, Saddam não só rejeitou o pedido o pedido de armas e campos de treino para a Al’Qaeda, como não teve nenhuma responsabilidade nos atentados de Setembro.
As conclusões desmentem em absoluto o presidente Bush, que em Fevereiro de 2003 afirmou, pouco antes de ordenar o ataque ao Iraque, que existiam «vínculos directos e amplos [do regime iraquiano] com as redes terroristas», e que Saddam tinha enviado peritos no fabrico de bombas e falsificação de documentos para trabalharem com a Al’Qaeda, para além de ter proporcionado treino com armas químicas e biológicas à rede terrorista. O presidente norte-americano chegou mesmo a garantir que havia campos de treino da Al’Qaeda no nordeste do Iraque e que muitos dos principais responsáveis da organização se encontravam em Bagdad.
Era tudo mentira, como mentira era a existência de armas de destruição maciça no Iraque e os famigerados «laboratórios móveis» com que Colin Powell tentou convencer os seus congéneres na ONU para a guerra no Iraque.
Autismo político
A escasso quatro meses das eleições, Bush está manifestamente à deriva. Dando prova de um verdadeiro autismo político, reagiu às conclusões da comissão afirmando que «o motivo por que insisto em que havia uma relação é porque havia uma relação».
Também o vice-presidente, Dick Cheney, não encontrou melhor resposta do que atacar a imprensa norte-americana, e em particular o jornal The New York Times, classificando os títulos sobre a matéria de «irresponsáveis, maliciosos e ofensivos».
Depois de se ter comprovado que Saddam Hussein não tentou comprar urânio ao Niger e que não preparava qualquer acção militar, os resultados das investigações deixam claro que a administração Bush forjou todos os pretextos para atacar o Iraque, ao mesmo tempo que escamoteava as suas próprias responsabilidades nas inadmissíveis falhas do sistema de segurança interna que levaram ao 11 de Setembro, o qual, segundo o relatório da comissão independente, só não foi pior devido a divergências entre os terroristas quanto aos meios a utilizar e aos alvos a atingir. O plano, refere o relatório, era usar 10 aviões para destruir edifícios em todo o território dos EUA, incluindo as sedes da CIA, do FBI, os mais altos e emblemáticos, e inclusive centrais nucleares.
A grande questão que agora se coloca, e a que os EUA não podem fugir, é a de saber quem vai ser responsabilizado - se é que vai - pelos milhares de vidas humanas perdidas e pela destruição de um país em nome da democracia e da luta contra o terrorismo.
Todos menos Bush
Cerca de três dezenas de destacados antigos diplomatas e militares na reserva defenderam publicamente, quinta-feira passada, a necessidade de derrotar Bush nas eleições de Novembro.
O chamado grupo de Diplomatas e Comandantes Militares pela Mudança acusa Bush de ter «justificado a invasão do Iraque manipulando dados pouco seguros dos serviços de espionagem sobre armas de destruição maciça, e com uma campanha cínica para persuadir a opinião pública de que Saddam Hussein estava ligado à Al’Qaeda e aos ataques do 11 de Setembro», quando na verdade «as provas não apoiam este argumento».
Segundo os especialistas, a política da Casa Branca «enfraqueceu» a segurança dos EUA e empurrou o país para «uma guerra de elevados custos e mal planeada cujo resultado é incerto».
«Nos seus dois séculos e um quarto de história - refere o documento - nunca os EUA estiveram tão isolados do resto das nações, nunca foram tão temidos e nunca suscitaram tanta desconfiança».
Razões de sobra, para os signatários, para que em Novembro os eleitores votem em qualquer um, menos em Bush.