Progresso «decepcionante» no combate à fome

O número de subnutridos a nível mundial ascende a 798 milhões, o que representa um «progresso decepcionante em relação à redução da fome», refere um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), apresentado esta semana em São Paulo, Brasil, na 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
Segundo a FAO, a subnutrição afecta quase 30 por cento da população mundial e cerca de 50 por cento da população do Terceiro Mundo, manifestando-se não apenas na sua modalidade aguda, a desnutrição, mas também através de carências de vitaminas e sais minerais, responsáveis por problemas de atraso no crescimento, cegueira e deficiências mentais em crianças.
A subnutrição, que segundo a FAO é responsável por um quinto da mortalidade materna em África e na Ásia, e por 55 por cento dos 12 milhões de mortes de crianças que se registam anualmente no mundo, é igualmente a principal causa de perda de produtividade a nível mundial.
«Excepto quando uma guerra ou alguma calamidade natural capta brevemente as atenções e a compaixão mundial, pouco se fala e menos ainda se faz para pôr fim aos sofrimentos de um contingente de famintos que supera a população da América Latina ou da África subsaariana», acusa a FAO. Lembrando que para se atingir a meta de reduzir para metade a fome no planeta até 2015 seria necessário reduzir o número de famélicos a uma ritmo médio de 22 milhões por ano, a organização da ONU alerta que o ritmo actual não vai além dos 6 milhões por ano.
O flagelo da fome afecta sobretudo os povos da África subsaariana, onde o número de subnutridos ascende aos 198 milhões. Segue-se a Ásia e a região do Pacífico, com 156 milhões, a China (135 milhões), a América Latina e Caraíbas (53 milhões), o Oriente e o Norte de África (41 milhões), os chamados países em transição (34 milhões) e os países industrializados (10 milhões).

Investimento em baixa

Outro relatório divulgado pela ONU revela, entretanto, que os investimentos estrangeiros na América Latina caíram para menos da metade nos últimos quatro anos.
«Em 2003, os investimentos estrangeiros directos na América Latina e Caraíbas baixaram pelo quarto ano consecutivo, passando de 109 mil milhões de dólares em 1999 para 49 mil milhões de dólares», afirma o relatório mundial de investimentos 2004 das Nações Unidas.
Segundo a Unctad, a situação bateu «no fundo» - fruto da retracção das multinacionais provocada pela crise económica nos países de origem, em especial EUA e União Europeia -, sendo de esperar a partir de agora uma recuperação.
De acordo com o «Índice de Investimentos Potenciais» da Unctad, a retoma dos investimentos estrangeiros não será homogénea, prevendo-se que seja mais acentuada no Chile, seguida, nesta ordem, pelo México, Argentina, El Salvador, Panamá, Venezuela, Costa Rica, Trinidad Tobago, República Dominicana, Uruguai e Brasil.


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