Fidel acusa países ricos

Os países ricos são os principais responsáveis pela persistência das dificuldades das
nações em desenvolvimento, através das políticas comerciais, financeiras e de
cooperação, acusou o presidente cubano, Fidel Castro, na mensagem enviada à 11ª Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), a decorrer no Brasil.
Segundo Fidel, «os países mais pobres do mundo, além de terem pago 5,4 biliões de dólares [milhão de milhões] entre 1982 e 2003, a título de juros, por uma dívida de 2,6 biliões de dólares, não só não receberam a ajuda prometida para o desenvolvimento, como foram prejudicados por causa de um intercâmbio comercial completamente desigual».
Lembrando que «os países ricos chegaram a prometer uma ajuda financeira de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto [PIB] das nações desenvolvidas, valor que chegaria aos 175 mil milhões de dólares anuais», Fidel fez notar que «no entanto, em 2003 os países do Terceiro Mundo receberam uma ajuda oficial de apenas 54 mil milhões de dólares e tiveram de pagar aos países ricos 436 mil milhões de dólares pelas dívidas».
De acordo com o presidente cubano, o país mais rico de todos, os EUA, foi o que «menos cumpriu a promessa, ao destinar para esta ajuda apenas 0,1 por cento do seu PIB, ao mesmo
tempo que os países ricos gastaram anualmente 300 mil milhões de dólares para pagar subsídios que impedem o crescimento das exportações das nações pobres».
Fidel considera que é «quase impossível quantificar o dano provocado aos países pobres pelo tipo de relacionamento comercial que, por meio de caminhos sinuosos da Organização
Mundial do Comércio e dos tratados de livre comércio, se impõe aos países pobres,
incapazes de competir com a tecnologia sofisticada, o monopólio quase total da
propriedade intelectual e os imensos recursos financeiro dos países ricos».
«Está por estudar, visto que não aparece nos livros clássicos de economia, a mais brutal transferência de recursos financeiros dos países pobres para os países ricos: a fuga de capital, que é característica e obrigatória da ordem económica reinante», sublinhou o dirigente cubano, que não poupou igualmente críticas à ONU. Segundo Fidel, as Nações Unidas tornaram-se um «instrumento que as superpotências e os seus aliados pretendem usar unicamente para garantir cobertura às suas aventuras bélicas e aos espantosos crimes contra os direitos mais sagrados dos povos».


Mais artigos de: Internacional

A ditadura de Bush

A administração Bush, como qualquer ditadura, arroga-se o direito de violar todas as leis nacionais e internacionais que proíbem a tortura dos prisioneiros de guerra.

Radicais ganham primeira volta

Cinco anos depois do ataque da NATO à Jugoslávia e quando se começa a saber que o «genocídio» no Kosovo não existiu, os radicais sérvios estão em vias de ganhar as presidenciais.

Resolução da ONU não convence iraquianos

Pelo menos 16 pessoas morreram e cerca de 60 ficaram feridas num atentado suicida com carro-bomba no centro de Bagdad, na segunda-feira. A explosão ocorreu no momento em que passava uma caravana do Conselho de governo iraquiano, liderado pelos EUA, e entre as vítimas contam-se dois britânicos, um francês, um americano e...

Progresso «decepcionante» no combate à fome

O número de subnutridos a nível mundial ascende a 798 milhões, o que representa um «progresso decepcionante em relação à redução da fome», refere um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), apresentado esta semana em São Paulo, Brasil, na 11ª Conferência das Nações Unidas para o...

Poder e capital

«Porta giratória» é a expressão usada para descrever o saltitar de pessoas entre postos de governo e empregos no sector privado que previamente regulavam. Dick Cheney, o actual vice-presidente, é um exemplo entre muitos. Cheney foi secretário de Defesa do primeiro presidente Bush. Durante este período, após o fim da...