Resolução da ONU não convence iraquianos

Pelo menos 16 pessoas morreram e cerca de 60 ficaram feridas num atentado suicida com carro-bomba no centro de Bagdad, na segunda-feira. A explosão ocorreu no momento em que passava uma caravana do Conselho de governo iraquiano, liderado pelos EUA, e entre as vítimas contam-se dois britânicos, um francês, um americano e um filipino.
Após o atentado, uma multidão em fúria tomou conta dos destroços, queimando bandeiras dos EUA e gritando palavras de ordem contra os norte-americanos e os membros do Conselho. O ataque registou-se menos de 24 depois de outro, também com um carro-bomba, que matou 12 iraquianos perto de uma base americana na capital do Iraque, coincidindo com uma série de atentados contra membros do recém formado governo provisório que deve assumir funções a 30 de Junho.
O aumento da instabilidade no Iraque contradiz de forma flagrante a aparente acalmia alcançada há uma semana no conselho de Segurança da ONU, que aprovou por unanimidade a resolução dos EUA e da Grã-Bretanha sobre o Iraque.

Incongruências

A resolução, apresentada como sendo a confirmação formal da transferência de soberania para o Iraque a 30 de Junho e da definição das etapas a percorrer até às anunciadas eleições de Janeiro de 2005, encerra incongruências que não passaram despercebidas aos iraquianos.
Embora declarando que no final do mês termina a ocupação militar, a resolução legitima a permanência das forças comandadas pelos EUA devido às «actuais condições de segurança» no Iraque e «a pedido do governo iraquiano». Segundo o documento, o mandato da força «multinacional» será revisto dentro de um ano.
O texto afirma igualmente que o governo interino assumirá plenamente a soberania do país até às eleições de 2005, data em que será eleita uma Assembleia Nacional de que sairá um governo de transição. Uma vez elaborada uma Constituição, realizar-se-ão eleições para a formação de um governo constitucional até 31 de Dezembro de 2005.
A «soberania plena» não parece aplicar-se aos 4 a 5 mil prisioneiros de guerra que os EUA pretendem manter sob custódia, o que constitui uma violação das Convenções de Genebra.


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