A concentração que se segue
Na sequência de um acordo obtido na passada semana com a Comissão Europeia, o Estado francês irá participar na capitalização do gigante industrial Alstom, cujo processo de reestruturação levará à extinção de 8.500 postos de trabalho em todo o mundo.
A cedência de actividades é um das contarpartidas exigidas pela CE
O grupo Alstom, com actividade na construção de equipamentos de transporte ferroviário de alta velocidade e de centrais de produção de energia, entre outros, terá o seu futuro assegurado, graças à intervenção do estado francês que chegou a acordo com o comissário da concorrência, Mario Monti, para proceder à nacionalização parcial, mas temporária, do conglomerado industrial.
O plano de urgência foi elaborado para fazer face aos maus resultados do grupo, que registou prejuízos na ordem dos 1,83 mil milhões de euros, só no exercício 2003-2004. Inicialmente, o governo francês preparava-se para adquirir a totalidade ou parte importante da Alstom através de uma ou várias empresas públicas.
Porém, Bruxelas impôs outras soluções, tentando acalmar os ânimos do concorrente alemão Siemens, que admitia recorrer ao Tribunal Europeu caso o salvamento da Alstom pusesse em causa os seus interesses.
A recapitalização prevê agora o envolvimento dos bancos credores, dispostos a converter em activos dois mil milhões de euros, e a participação directa dos Estado que oscilará entre os 18,5 e os 31,5 por cento do capital do grupo. A banca concordou ainda em financiar novos créditos no valor de oito mil milhões de euros, considerados suficientes para dois anos de funcionamento.
Em contrapartida, o grupo fica sob a apertada vigilância de Bruxelas, que impôs um conjunto de restrições à sua actividade, designadamente a venda de activos até ao valor de 1,5 mil milhões, que incluem o sector das caldeiras industriais, as actividades de transporte na Austrália e Nova Zelândia e as locomotivas de transporte de mercadorias de Valência, na Espanha.
Por outro lado, o Estado francês comprometeu-se ainda a retirar-se do capital da Alstom ao fim do prazo máximo de quatro anos, constituindo até lá parcerias industriais às quais serão afectadas importantes sectores de actividade do conglomerado, e a suprimir 8.500 postos de trabalho em todo o mundo.
Mário Monti deixou claro que nas parcerias industriais não será permitida qualquer tipo de participação de empresas públicas francesas, vendo nesta restrição uma forma de «compensar» as distorções à concorrência que inevitavelmente decorrem das ajudas estatais.
Com este acordo, a Siemens fica a portas abertas para uma aliança com a Alstom no sector energético, o mesmo podendo acontecer no sector dos comboios de alta velocidade. Em marcha está pois mais uma grande concentração industrial, havendo já quem preveja a criação de uma espécie de «Airbus ferroviário», mesmo que tal signifique a anulação da tão venerada lei da concorrência.
O plano de urgência foi elaborado para fazer face aos maus resultados do grupo, que registou prejuízos na ordem dos 1,83 mil milhões de euros, só no exercício 2003-2004. Inicialmente, o governo francês preparava-se para adquirir a totalidade ou parte importante da Alstom através de uma ou várias empresas públicas.
Porém, Bruxelas impôs outras soluções, tentando acalmar os ânimos do concorrente alemão Siemens, que admitia recorrer ao Tribunal Europeu caso o salvamento da Alstom pusesse em causa os seus interesses.
A recapitalização prevê agora o envolvimento dos bancos credores, dispostos a converter em activos dois mil milhões de euros, e a participação directa dos Estado que oscilará entre os 18,5 e os 31,5 por cento do capital do grupo. A banca concordou ainda em financiar novos créditos no valor de oito mil milhões de euros, considerados suficientes para dois anos de funcionamento.
Em contrapartida, o grupo fica sob a apertada vigilância de Bruxelas, que impôs um conjunto de restrições à sua actividade, designadamente a venda de activos até ao valor de 1,5 mil milhões, que incluem o sector das caldeiras industriais, as actividades de transporte na Austrália e Nova Zelândia e as locomotivas de transporte de mercadorias de Valência, na Espanha.
Por outro lado, o Estado francês comprometeu-se ainda a retirar-se do capital da Alstom ao fim do prazo máximo de quatro anos, constituindo até lá parcerias industriais às quais serão afectadas importantes sectores de actividade do conglomerado, e a suprimir 8.500 postos de trabalho em todo o mundo.
Mário Monti deixou claro que nas parcerias industriais não será permitida qualquer tipo de participação de empresas públicas francesas, vendo nesta restrição uma forma de «compensar» as distorções à concorrência que inevitavelmente decorrem das ajudas estatais.
Com este acordo, a Siemens fica a portas abertas para uma aliança com a Alstom no sector energético, o mesmo podendo acontecer no sector dos comboios de alta velocidade. Em marcha está pois mais uma grande concentração industrial, havendo já quem preveja a criação de uma espécie de «Airbus ferroviário», mesmo que tal signifique a anulação da tão venerada lei da concorrência.